Vênus tinha a vida perfeita em Aspen, Colorado. O namorado perfeito, as roupas perfeitas, as amigas perfeitas e até a inimiga quase perfeita.
A vida de Vênus vira de cabeça para baixo quando, após uma festa, ela acorda em Everwood, lugar cujo...
Cheguei ao ápice do desespero. Eu, Vênus Marshall, estava procurando vagas de emprego em um jornal. Nunca me aproximei de um jornal nem para os trabalhos da escola, porque eu sempre arranjava alguém para fazer para mim por uns trocadinhos bem gastos.
Risquei de caneta vermelha toda vaga de babá que aparecia na minha frente com vigor, porque queria distância de qualquer criança. Também risquei operadora de caixa e repositora, porque trabalhar com Sarah por perto estava fora de questão.
— Você tem certeza absoluta que não quer tentar no mercado? — Jordan perguntou, me olhando por cima do ombro enquanto preparava as panquecas.
— Ela tem certeza. — Emma afirmou, sentada ao meu lado. — Sarah não seria uma companhia legal.
Balancei a cabeça e voltei a prestar atenção no jornal, procurando a vaga perfeita. Com certeza a vaga certa apareceria para mim, brilhando como o sol e espalhando purpurina pela minha vida.
Ou talvez o descobrimento da vaga não fosse tão chamativo assim, mas isso não importa.
— Eu sinto que estou perto. — falei com sinceridade, abaixando o jornal. — Estou quase lá, perto o suficiente para ter a ideia, mas perto demais para perceber.
Emma me olhou com a testa franzida. Com certeza ela não havia entendido e, nesse momento, lhamas voadoras passeavam dentro de uma cerquinha em seu cérebro. Ou pelo menos algo parecido com isso.
Simon e outras duas crianças interromperam nossa conversa de puro raciocínio lógico quando entraram correndo na cozinha feito furacões. Pareciam decididos a parar perto de Emma e eu, mas acabaram parando do outro lado da cozinha.
— Vênus! — Simon gritou animadamente, virando-se para mim. — Ei, nós tivemos uma ideia, tivemos uma ideia muito boa!
Franzi a testa, esperando ansiosamente o momento em que as crianças parariam de se mexer rápido demais e de falar ao mesmo tempo para que eu pudesse saber o que elas queriam.
— Tenho que pensar mais sobre a ideia de termos uma babá. — Emma murmurou baixinho, para ela mesma.
Jordan apenas deu de ombros.
— Escute! — Simon disse, conseguindo minha atenção novamente. — Emma sempre toca violino na festa dos fundadores, isso não é novidade.
Emma ergueu uma das sobrancelhas para Simon e, sem pronunciar uma única palavra, conseguiu um murmúrio de um pedido de desculpas.
— A questão — a menina ao lado dele, que parecia ser mais decidida, disse — é que nós nos reunimos para pensar em mais uma atração. E aí pensamos em você cantar com Adam.
Eu continuei encarando as crianças, mesmo que elas esperassem uma resposta. Enquanto eles achavam que eu pensava em algo para dizer, tudo que se passava dentro do meu cérebro nesse momento era um macaco batendo tampas de panelas.
— Cantar com o Adam. — repeti, depois de um tempo. — Eu não sei, eu...
— Por favor! — as crianças imploraram, todas ao mesmo tempo.
Jordan soltou um suspiro alto que atraiu todos os olhares para ele, inclusive os das crianças –com exceção de Emma, que parecia ocupada demais com o jornal para sentir ciúme das crianças.
— Você devia aceitar logo. — Jordan disse, despreocupado. — Ou eles vão te deixar maluca.
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