Eu? Porquê... Eu?

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- Eu? Porquê eu? – perguntei a uma Sally nervosa. Sentada na minha frente bebericava uma gasosa que lhe tinha servido.
-É marketing Sam. Sabes como são estas coisas.
-Não, desculpa lá mas não percebo. O que é que essa gente quer comigo? Há alguma coisa que eu  não saiba? Alguém da minha equipa fez porcaria? – andava de pé de um lado para o outro, sabia que essa revista em particular não fazia publicidade a ninguém se não houvesse alguma coisa que cheirasse mal à volta de alguém. – Sally, essa revista em particular, só anda atrás de alguém que tenha feito muita merda, não estou a ver o que possam querer comigo. Não sou matéria para esse tipo de marketing, nem quero vir a ser. Não, não quero participar disso, desta vez não contes comigo.
-Ah Sam, vá lá, é para isso mesmo para provares que nem toda a gente neste meio é ruim, ou destrata a família ou se droga ou rouba as suas fundações, ou trata mal as mulheres, Sam tu és o antídoto de tudo o que tem acontecido neste mundo. Até os teus colegas que são como tu te agradeceriam
-Não sei Sally, realmente não sei, continuo a achar isso muito esquisito. E querem o quê? andar atrás de mim o tempo todo como se fosse um reality show, não, não quero! – coloquei um pouco de wisky para mim num copo, não estava a ver esta situação com bons olhos. – diz-me a verdade, querem encontrar um podre sobre mim, é isso?.
- Sim, provavelmente será isso, mas sabemos que tu não tens querido, tu és um exemplo de ser humano e quem vai andar contigo é a jornalista apenas tem uma rubrica na “LifeTime”, “Onde está o defeito? e…
- Credo, Sally essa mulher está relacionada com os casos de abusos sexuais, o que me estás tu a arranjar?
- ah Sam, não é só.. Por exemplo houve outras situações, como por exemplo eh.. O Brad Pitt, foi ela que descobriu que ele andava a comer a Angelina nas barbas da Jennifer, ou há anos atrás quando Eddy Murphy contratou um travesti de 21 anos para passar uma noite de alegrias várias, foi o primeiro caso dela. – olhei para Sally  com cara de poucos amigos.
-E o que é que eu tenho a ver com isso Sally, por acaso tenho algum relacionamento amoroso com alguém?
- Sam, o que eu quero é que o mundo te conheça, como eu te conheço. Que és um bom homem, que vives também em prol de outros, deixa que te conheçam como tu és na verdade, ou queres ser só conhecido pelo teu rosto bonito?
- Nem me deverias perguntar isso. – olhei para ela de lado. – Não gosto de me sentir acuado . É o que estás a fazer neste momento, Sally!
-Sam, a Alissa Knox é uma boa jornalista, é justa não te vai incriminar de nada, tu não tens nada de ruim. Só acho que deves participar destas entrevistas porque com tudo o que tens agora para lançar vai ser bom para a tua imagem, para o lançamento das tuas coisas o wisky, os podcasts, até mesmo o tartan. – levantou-se  colocou uma mão sobre o meu braço apertando-o ao de leve – só  quero que te vejam como eu te vejo. Um ser humano excelente.!
-Hum sei, e não podia ser outra revista?
-Podia, mas  já o fizeste com outras, esta é diferente, Alissa, é diferente. Aceita Sam, vá lá. Não tens nada a perder.
- Pode até ser Sally, mas… não sei.
- OK. Vou-te deixar pensar no assunto. Se fosse mau para ti Sam, eu não aceitaria.. Pensa nisso. – apanhou a mala de mão deitou-me um beijo ao ar com uma piscadela e saiu.
- Pfuuu Sally, só merdas… - marketing a quanto obrigas, realmente precisava de publicidade, mas pelo que sabia dessa jornalista, era um osso duro de roer, intrépida, com casos  que deram muito o que falar. Mas nada que tenha a ver comigo. Coloquei o copo em cima da mesa, este fim de semana era para o descanso, iria a casa, mas agora dormir, precisava de dormir amanhã com a cabeça mais fresca iria pensar no assunto.

ALISSA

Com a ajuda do porteiro carreguei os caixotes para casa.
- Obrigada Ricky, foste muito gentil. – deixei-o depositar as caixas no chão da sala. Uma delas estava aberta.
-Olha se não é o escocês? – disse Ricky rindo-se.
- Como? – perguntei-lhe.
- Aqui menina, esta foto é do escocês da série que a minha mulher assiste… - e franzindo-se continuou – quer dizer eu também vejo. Olhe gosto muito. Vai fazer algum trabalho sobre ele?
- É, parece que sim. – caminhei até onde Ricky estava. – Nunca vi nada sobre ele, o que é que a sua senhora acha… dele?  – peguei na foto em questão, onde o actor olhava directamente para mim ajeitando a gola do casaco.
- Ah… a minha esposa gosta muito da série, no natal comprou para prenda dela própria os  livros, que é de onde é adaptada a série, eu acho que ela já leu e releu e já viu os episódios todos imensas vezes, depois pega em mim e antes de se deitar liga a TV do quarto e com a desculpa para eu ver, vê novamente – olhou de esguelha para mim, - sabe eu até gosto, a mulher anda muito mais amorosa e olhe…  aquilo é muito bom… - estava como que envergonhado  a olhar para mim e baixava a vista para a foto que eu tinha na mão. – acho que se eu visse o homem algum dia até teria de lhe agradecer. – voltou-se para a porta fazendo menção de sair – olhe menina se o vir diga-lhe isso mesmo, que o seu porteiro agradece de todo o coração toda a emoção que ele e a copartner dele passam para o ecran e que fizeram da minha mulher, uma mulher mais doce que o mel.-piscou-me o olho - Com licença . –  saiu deixando-me de boca aberta especada no meio da sala.
Seria assim mesmo? Teria de ir dar volta aos caixotes. Mas não me sentia capaz sem antes ir tomar um bom banho e petiscar qualquer coisa…  aquilo ia ser dose… oh raios Nina, porquê eu??? Bolas!

Onde está o defeito? Where stories live. Discover now