Temos De Ir

48 4 0
                                    

Sam

A nossa felicidade entrou numa pausa pela morte de Nina, eu sabia que ela tinha sido muito importante para Alissa a maior parte da sua vida, sabia que tinha de fazer alguma coisa, ou a convencia que era impossível partir, ou tentaria de alguma forma levá-la para os EUA. Liguei a Sally. Ao segundo toque atendeu:
- Sally sou eu, olha há alguma forma de ir para os EUA neste momento?
- Sam não podem, é proibido viajar. Os voos estão cancelados.
- Sim os comerciais, mas e os particulares? Não haverá a porra de um avião particular que nos leve para aí?
- Sam, tu já estás a ser condenado pelas tuas fãs por não dizeres nada do que elas querem ouvir, já sabem que estás aí numa de romance. Se fores fazer uma inconsciência dessas é que elas acabam contigo.
- E tu achas que neste momento estou preocupado com meia dúzia de doidas que querem porque querem, ver-me casado com Cait? Isso já teve a sua piada, neste momento não quero nem saber, já bloquei duas ou três e se continuarem assim vai o resto do Fandom, por favor Sally arranja-me um voo para os EUA, para mim e Alissa, eu pago o que for preciso. Fico a aguardar, ok?
- Vou ver Sam, não te prometo nada… mas  vou ver o que posso fazer. Beijos, ah olha, como é que está Alissa? Sei que ela era muito amiga de Nina. Manda-lhe um beijo meu.
-ok obrigado.. Vou dar sim.
Era só o que me faltava dar ouvidos a fãs que nunca tiveram o mínimo de noção de nada, eu sabia que eu tinha muita culpa, eu e Cait, ao inicio de tudo, demos tudo por tudo para que se vendesse o nosso produto, a nossa química no ecran era verdadeira, fazia-se notar, foi de tal forma que até nós os dois quase sucumbimos àquele sentimento, demos tudo de nós e daí às pessoas pensarem que vivíamos um tórrido romance, foi um passo, e em  vez de negarmos tudo aquilo, continuámos nos nossos joguinhos e fotos comprometedoras, foi um erro, e apesar de Cait sempre o negar e dizer que não estávamos juntos eu por outro lado fazia-me de desentendido e criava ainda mais especulação sobre a nossa relação, Cait avisou-me muitas vezes e fiz sempre que não percebia, sei que sou o maior culpado disto tudo. Mas como a minha mãe diz quanto mais se mexe mais cheira mal, não ia publicar nada, ia deixar por isto mesmo, pensassem o que quisessem. Fui procurar Alissa, encontrei-a sentada no jardim a olhar para a minha mãe que estava a pintar. Sentei-me junto a ela trazendo-a para o meu abraço e ficamos assim no silêncio,  com ela encostada no peito, ficamos apenas a ouvir o pincel a bater na tela, a criar a magia de D. Chrissie. Foi ela que quebrou o silêncio minutos depois.
- E então podemos ir? – a minha mãe voltou-se para nós
- Ir aonde? – de pincel em riste, com um olhar inquisidor voltado para nós.
- Embora mãe, precisamos ir para os EUA.
- E  como? Não há transportes.
- Eu vou ver se consigo um jacto particular.
- E que desculpa de emergência vão alegar? – a minha mãe abanava a cabeça, olhando para nós como se fossemos doidos.
- Temos trabalho mãe. – eu afagava os cabelos de Alissa.
- Chrissie eu preciso de ir, Sam pode ficar, mas eu tenho que ir, vou alegar o meu trabalho de jornalista, não consigo mais ficar aqui com tudo o que está a contecer por lá.
- E o Covid-19? Vão falar também com ele para que não vos infecte? Estiveram 15 dias em cativeiro para quê afinal? Eu tenho aceitado tudo Sam, aceitei que te juntasses com uma pessoa que mal conhecias, aceitei-a na minha casa, na nossa vida por ti, para quê? para ires novamente, com ela, para onde as coisas estão piores no mundo neste momento..
-Mãe, não….
- Mãe, nada eu tenho razão, desculpa Alissa gosto muito de ti, a minha indignação não é com o vosso relacionamento, é com a falta de lucidez que me estás a demonstrar agora, eu entendo que estejas a sofrer, mas não vais resolver absolutamente nada ao irem para os EUA, neste momento. – deixou cair o pincel no chão com fúria. Levantei-me
- Mãe! Escuta, espera. – não escutou nem esperou abalou furiosa para dentro de casa virei-me para Alissa que estava com lágrimas nos olhos – Bolas, merda, fuck!
- Se quiseres podes ficar, se Sally arranjar o jacto eu vou! Tu podes ficar se assim o entenderes. – Levantou-se e foi-se embora, para o anexo. Fiquei ali como um doido sem saber para onde me virar.
- Fuck! Mulheres!  Como resolvo isto?- olhei para o céu, como que a pedir ajuda ao divino – se faço a vontade à minha mãe perco Alissa, se fizer a vontade a Alissa… não perco a mãe mas com certeza as coisas vão ficar azedas entre nós e nunca mais vai ver  Alissa com bons olhos. Preciso falar com ela. Fui para casa.
D. Chrissie estava na cozinha a preparar o jantar.
- Mãe, por favor ouve-me.
- Não sei se me apetece, Sam. – continuava a cortar legumes sem olhar para mim, cheguei perto dela retirei-lhe a faca das mãos e levei-comigo para a sua sala, sentei-a ao meu lado, toquei-lhe na face.
-Mãe, sabes o imenso que te amo não sabes? Também me conheces melhor que ninguém, tu sabes que eu não me “casaria “ com ninguém se não amasse a pessoa mais que a minha própria vida e  também sabes que eu nunca vivi nada assim, - pisquei-lhe o olho- não tenho muita experiência neste tipo de amor a dois, Alissa está a sofrer muito e quem seria eu, se não a apoiasse neste momento de dor? Tu não me criaste para ser insensível, devo-te a pessoa que sou, só quero pôr em prática tudo o que me ensinaste a vida toda.
- Eu não te ensinei a pores-te em perigo, filho. Estão a ser inconsequentes, sem noção.
-Pode até ser, não te digo que estás errada, não estás. Mas por Alissa, inconsequente ou não, tenho de ir com ela dar-lhe o meu apoio. Achas que eu conseguiria ficar aqui e ela lá? Amo-a mãe, faz pouco tempo o nosso relacionamento mas vivemos juntos 24 horas sobre 24 horas, confinados nestes 15 dias e já nos conhecíamos antes, conheço-a bem, assim como ela a mim, eu não quereria mais ninguém na minha vida. – abraçou-me, beijou-me as bochechas naquele jeito de mãe, que só uma mãe muito carinhosa tem.
-ok filho, eu entendo, não aceito, mas entendo, mas vais-me ligar todos os dias promete.
- Ah D. Chrissie, claro que prometo, o prometido é devido, juro. – beijei-lhe a testa. E saí à procura da minha cara metade, uma fera amansada, falta a outra.
Alissa estava deitada no sofá com a televisão ligada. Sentei-me perto dela puxei-lhe os pés para o meu colo e fui-lhe fazendo uma massagem, sabia que isto acalmava as pessoas. Ela não falou e ficámos assim um bom momento. Entretanto o som do telemóvel quebrou a calmaria, ela sentou-se muito rígida ao meu lado enquanto eu atendia, era Sally.
- Bem Sam, há um piloto que faz a viagem, eu disse que era uma emergência já falei com a embaixada, disse quem vocês eram  e amanhã à tarde, às 14h têm de estar no aeroporto de Glasgow. Pode ser assim? Ficou caro, Mas tu disseste que dinheiro não era problema
- E não é, Sally, obrigado, és um amor. Amanhã às 14h ok lá estaremos, pede a alguém que nos vá buscar ao aeroporto de L A, para nos deixar em casa de Alissa. OK? E obrigado mais uma vez.
-De nada querido, liga-me quando chegares. Beijos
- Beijos. – Alissa estava apreensiva a olhar para mim. – pronto amor, amanhã as 14 horas vamos para L A., feliz?
- ah Sam obrigada, - beijava-me – obrigada. Desculpa por isto, desculpa por tudo, mas quero ir para casa.
- Mas aqui também é a tua casa e a minha casa em L A também é a tua casa.
- E a minha é a tua. Tu és a minha casa estejas onde estiveres, mas neste momento eu preciso de estar mais perto dali, sei que quase te estou a obrigar, não quero que te sintas obrigado se quiseres ficar eu entendo Sam, já te disse isto.
- Não…  eu vou contigo, agora já não há volta a dar. Eu amo-te, já não sei viver sem ti. - Abracei-a.
.










Onde está o defeito? Where stories live. Discover now