Constrangimentos

75 7 2
                                    

SAM

Dormi em sobressalto, levantei-me cedo fui fazer o meu jogging matinal, ainda toda a povoação dormia, era a minha parte do dia preferida só se ouvia no asfalto o bater dos meus ténis no chão, o ar aqui cheirava sempre bem, as montanhas do canyon eram majestosas e as suas sombras projectavam-se sobre o aglomerado de casas, escolhi comprar a casa deste lado de L. A. Pela vista, as montanhas lembravam-me da minha casa na Escócia, não sendo aqui tão frio, mas era uma pena que não fosse mais verdejante. Cheguei a casa, olhei para o relógio ainda tinha tempo de dar um mergulho na piscina. Quando estava no duche ouvi a campainha da casa – Porra! A mulher chegou. – sequei-me à pressa e vesti umas calças de fato de treino velhas, estavam com o elástico largo, mas não caiam peguei na primeira t-shirt que vi e fui gritando escadas abaixo. A campainha tocou mais um vez.
- ok ok estou a descer, vou já. – abri a porta da frente e ali estava ela, linda. – olá, sê bem vinda, entra. – desviei-me para ela entrar mas ela continuou parada a olhar para mim.
-oh! Vim cedo demais?, desculpa…  tenho as malas…  se me pudesses ajudar… importas-te? – e encaminhou-se para o carro parado na frente da porta.
- sim, sim claro  - vesti a t-shirt, passei as mãos pelo cabelo, para o arranjar mas sem sucesso, vi no vidro da porta não podia estar mais despenteado. Fui ajudar, bolas mas a mulher vem viver comigo o ano inteiro?
-Eh, muitas malas hum? – e pesadas.
-oh…  é que eu nunca sei o que quero vestir, por isso quando viajo trago a roupa quase toda atrás de mim – sorria-me envergonhada - embora não esteja muito longe de casa.
- OK, não faz mal, o roupeiro é grande – sorri-lhe franzindo a sobrancelha – não te apoquentes com isso! – entrámos em casa pousei as malas no chão e vi quando ela entrou e abriu a boca de espanto, sim a casa era muito bonita, D. Chrissie tinha ajudado na decoração – gostas? – olhou para mim e delicadamente disse
– Sim, Sam, gosto muito.- Sorri para ela embevecido.

ALISSA

Quando Peter me mandou parar na frente daquela casa, fiquei dentro carro a apreciar, era muito bonita, em pedra com grandes janelas e arcadas, com um pátio lindo todo preenchido com flores e bancos com almofadas. Muito bonita estava perfeitamente incluída na paisagem que a circundava. – vou tocar à campainha primeiro depois venho buscar as malas, pode ser que ele me ajude, será que tem alguém com ele nem perguntei, e se há uma namorada aqui a viver com ele? pode tornar-se numa situação ainda mais caricata do que já é. – subi os degraus engalanados de vasos com flores, bem o homem gostava de flores pelos vistos, havia-as de todas as cores e feitios. Toquei novamente a campainha, podia ser que não estivesse, isso é que era uma ideia podia ir-me embora já a seguir, já fazia menção de dar meia volta para o carro, quando ouvi uns gritos - ok ok estou a descer vou já – bolas afinal estava, ouvi a porta a abrir, e um homem seminu na minha frente com o cabelo a pingar pelo peito abaixo, e que peito meu Deus que definição, a minha boca secou, e provavelmente estaria de boca aberta e olhos arregalados a olhar para o Adónis na minha frente. – credo, que visão do demônio.
– olá, sê bem vinda, entra. – os meus pés pediram licença um ao outro mas não se moveram, ouvi-me a gaguejar, esta não era eu neste momento, mas tenho desculpa, não estava preparada.
- oh! Vim cedo demais?, desculpa…  tenho as malas…  se me pudesses ajudar… importas-te – e foi-me ajudar, carregou as malas comigo, entrei na casa, fiquei parada por momentos, a apreciar a decoração super simples bonita, rústica, tudo combinava, um cheiro de limpeza e algo mais, um cheiro subtil de homem, entrou-me pelas narinas e rodeou-me como um abraço, linda, Olhei para ele, lindo, estava com um ar embevecido, de orgulho
– parabéns  Sam, tens uma casa muito bonita. – fechou a porta nas minhas costas e encaminhou-se para um corredor amplo com janelas grandes de um dos lados, onde se viam as montanhas, a casa fazia mesmo parte da paisagem. Abriu uma das portas
- Pronto – pousou as malas no chão – aqui vai ser o teu quarto, tens uma casa de banho aqui, ali uma pequena sala para utilizares como escritório se quiseres, e pronto. Espero que te sintas à vontade. Podes arranjar as malas se quiseres, eu vou comer alguma coisa, ainda não tomei o pequeno almoço, quando quiseres vem ter comigo a cozinha, segue o cheiro – e piscou-me um olho, dei uma pequena gargalhada, meio nervosa.
– ok, vou já ter contigo, obrigada. – ele ia a sair com as calças penduradas das ancas a t-shirt era curta demais para um homem como aquele, não deveria ser dele, se calhar era de uma amiga que se esqueceu dela numa das suas gavetas, pronto.. já? Esquece.
- Sam – chamei.
- Hum? – virou-se a t- shirt molhada moldava-lhe os músculos da barriga.
- Só quero que saibas que, não era assim que eu pensava cobrir a reportagem, mas como podes calcular não tive escolha. – passou a mão pelos cabelos, arrepiado-os mais ainda, com um ligeiro sorriso e os olhos semicerrados
- É moça, eu também não. Mas não te preocupes vai correr bem!

Onde está o defeito? Where stories live. Discover now