Tréguas

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SAM
Enquanto ela se instalava fui para a cozinha e preparei um pequeno almoço para dois, café com leite, pãozinhos com manteiga, frutas, sumo, iogurte, e chega, não sabia o que ela gostava mas de entre o que estava no frigorífico alguma coisa seria… não estava habituado a ter mulheres ao pequeno almoço pelo menos não ali em casa, só Cait ali tinha dormido umas vezes e essa não acordava senão à hora do almoço, quando D. Chrissie ia  de visita era ela que me fazia o pequeno almoço, sozinho ficava bem com frutas e sumo. Alissa era uma mulher em forma, provavelmente teria cuidado com o que comia também, a imagem da mulher elegante a quem abri a porta e que neste momento ouvia remexer no quarto de hospedes, fez vibrar algo em mim, era muito bonita, aqueles olhos esmagaram-me quando a vi a olhar para o meu peito, ficou ruborizada, esqueci-me de entretanto vestir a t-shirt antes de abrir a porta, não fiz por mal, mas vê-la a olhar daquela forma de alto a baixo, percorrer-me com olhos de fome foi uma sensação muito boa, talvez estivesse enganado, talvez fosse apenas constrangimento.
Ali estava ela, metida num fato de saia casaco azul, estreito, todas curvas do seu corpo ali desenhado à contra – luz das janelas, o cabelo caído nas suas costas, há muito tempo que não via uma mulher tão bonita de se olhar.
- Vem cá, Alissa, Senta-te aqui, escolhe o que quiseres, quero que te sintas como se estivesses na tua casa. – veio até ao balcão e sentou-se numa das cadeiras altas da ilha.
-Obrigada Sam, pensava que não estava com fome, mas a olhar para aqui o meu estômago exige que lhe faça a vontade – deu uma pequena gargalhada. Puxou de um elástico e prendeu o cabelo, o movimento fez com que os seus seios sobressaíssem da camisa, marcando-os, deveriam ser muito bonitos, voltei aos seus  olhos e em silêncio pedi desculpa por ter notado. Voltei-me para o frigorífico.
- se quiseres despir o casaco estás à vontade. – fiz voz de pouco caso. Mas nas minhas calças algo se passava. Quando me voltei encostei-me bem ao balcão, para que os seus olhares só tivessem acesso ao meu peito e rosto, que deveria estar cheio de cor. Pigarreei.
- Por qualquer coisa que possa fazer errada, peço já desculpas, mas não estou habituado a ter visitas, principalmente de pessoas que não me conhecem bem.
- Que nada Sam, estás na tua casa, eu sou a invasora. Além disso, para te ver agir com naturalidade é que aqui estou.
-Pensei que era para descobrires alguma coisa ruim sobre mim – pronto já disse. Ficou com os olhos pregados no que estava a fazer, passar manteiga num pãozinho com muita delicadeza, não me respondeu de imediato.
- Sim essa foi a incumbência de Nina. Mas não quero que me vejas como inimiga, não sei porquê, mas acho que vai ser uma coisa que não vai dar em nada. – mordiscou o pão e olhou para mim. Assenti.
-OK, então pensas que sou uma boa pessoa?
- Sim, penso!- encostou-se na cadeira. Peguei num copo de sumo entreguei-lhe e arranjei outro para mim, beberiquei.
- E se te enganares? Não sou santo. Tenho a perfeita noção que sou um ser humano susceptível de erros, posso muito bem ser um monstro, como é que aceitaste vir morar comigo?
- Humm…  trago comigo litros de gás pimenta – e levantou a sobrancelha como que indagando se realmente seria necessário usá-lo. Tive de me rir, ri muito.
- Boa! Mas não será necessário usa-lo. Julgo! – já mais segura e com um sorriso nos lábios, falou baixinho.
- E quem te diz a ti que eu não sou uma stalker maníaca?-baixou a cabeça e levantou os olhos para mim, - posso muito bem ser uma daquelas paparazzi doidas por notícias escandalosas. – fiz o mesmo gesto que ela e disse-lhe:
-Não tenho gás pimenta, mas tenho um teaser escondido, portanto.. . – ficámos parados a olhar um para o outro, a mastigar eu a minha fruta ela o pãozinho.
- ok, tréguas? – estendeu a sua mão. Dei-lhe a minha, selamos um acordo.
-Tréguas – e pisquei-lhe o olho.














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