Planos Gorados

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Sam

Decidido, hoje iríamos a Glasgow ao cartório, ver o que podíamos fazer nestes tempos em que quase nada funcionava. Também servia para aliviarmos um pouco do tempo passado em casa. Levamos uma máscara no rosto para proteção e lá fomos. Realmente impressionava, ver as ruas quase sem ninguém cafés, bares e restaurantes tudo fechado, ninguém abraçado, praticamente só nós, estaríamos loucos? Provavelmente sim.
- Acho que não vamos ter sorte. Os serviços públicos estão fechados também.
-É, acho que não tínhamos bem a noção de como estão as coisas, Sam. Vamos embora para casa, não estou a gostar nada do ambiente, é triste. – Alissa tirou umas fotos das ruas vazias, para documentar dizia ela.
-Sim é melhor, vamos ver na Net como se pode fazer um casamento nestes tempos. – com um certo receio da situação voltamos para trás, pouco falamos, estávamos os dois com uma sensação como se estivéssemos viver uma história de ficção científica.
- Achas que isto irá durar muito tempo? Quando voltaremos às nossas vidas. Quando voltaremos aos Estados Unidos?
- Não sei, Alissa, mas julgo que não vai ser tão depressa.
-Fiquei impressionada com o vazio das ruas e nos rostos das pessoas, Se eu tivesse ficado nos EUA., Sam, nada disto entre nós se teria passado, já pensaste nisso?
- Humm, mas vieste  e “isto” entre nós aconteceu, será o destino talvez. Estávamos predestinados a ficar um com o outro – colocou uma mão por cima da minha perna, apertando-a gentilmente.
-Acreditas no destino?! – perguntei-lhe curiosa
- Sim, tu não? – olhava de mim para a estrada.
- Não, eu não. – ri-me um pouco. Sam imitando a voz de D. Chrissie disse a rir :
- Que praticidade.! – rimos os dois com vontade. Após um tempo sem dizermos nada, ele voltou com a mão à minha coxa. – Alissa,  se não pudermos casar pelo cartório aceitas fazer uma coisa comigo?
- O quê?
-Uma tradição que o meu povo tem, há muitos anos atrás e ainda há quem o faça, os casais não precisavam de ninguém para se tornarem marido e mulher, faziam o Handfasting.
- Que é isso? Ah espera aquela coisa que o Jaimie faz com a Claire de cortarem os pulsos? – Não ele não iria querer cortar os pulsos. – Sam, que coisa tão…  arcaica.
-Como te disse não é arcaica, há casais que o fazem e em momentos como este, digo-te que deve haver muitos casais a fazê-lo aqui na Escócia.
-Bom mas vais ter de me explicar muito bem do que se trata.
- OK então é um costume pagão onde um casal realiza uma cerimónia de compromisso. Esse compromisso pode ser visto como temporário e secular, ou de uma variedade  espiritual mais longa, dependendo do contexto. A própria palavra quer dizer casamento ou noivado. É como um pacto e não precisamos de testemunhas,  se não as quiseres, seremos só nós dois. Ou então aproveitamos as que temos em casa.
- Hum ok mas tenho de documentar, nem que seja apenas umas fotos, senão daqui amanhã podes dizer que é mentira.
- ahahahahahahhah Alissa, nunca! Com handfasting ou não, ficaremos juntos enquanto assim o entendermos. – Piscou-me o olho. – espero que seja por muito tempo.
-Eu também Sam, eu também – deitei a minha cabeça no seu ombro. E deixei-me estar ali até chegarmos a casa. D. Chrissie ficou surpreendida por nos ver chegar tão cedo, Sam contou-lhe como estavam as coisas em Glasgow, Finn entrou na sala e ao ouvir o tio disse-lhe:
-Podias ter-me perguntado tio, está tudo encerrado, praticamente. Por isso nós viemos para cá para o pé da avó e de ti. Glasgow parece uma cidade fantasma até dá pena ver.
-É Finn sentimos o mesmo – disse-lhe triste.
- E agora? – perguntou a mãe.
-Bem, eu e Alissa vamos celebrar o Handfasting - agarrado comigo, beijou-me a face.
-Oh que boa ideia, tio isso é fantástico. Posso ser testemunha?
- Claro tu e  o teu pai a tua mãe e a avó., que dizes mãe? – olhei para ela e fiquei extasiada, D. Chrissie estava em lágrimas e com um sorriso enorme no rosto.
- Ah filho, que bonito! Melhor que um casamento no cartório, sim muito bom, nós aceitamos ser vossas testemunhas, vai Finn, vai chamar a tua mãe e o teu pai diz-lhes que temos de celebrar um casamento à moda dos nossos queridos antepassados.






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