Tudo O Que Eu Sou

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SAM

Acordei cedo deixei-a ficar a dormir, calcei uns ténis vesti um fato de treino, não levei os headphones, hoje queria correr no silêncio da madrugada, ouvir os meus pensamentos, precisava discutir comigo mesmo.  Tinha de resolver esta situação, mas com todos este planos de contingência também não podia ir ter com Caitriona que estava na Irlanda, e a conversa que tinha de ter com ela não me parecia correcto tê-la pelo telefone. Já se ouviam notícias de uma possível vacina, para o covid-19, a Austrália estaria no bom caminho, assim fosse, para todos nós voltarmos ao normal. Pensei para os meus botões que se Cait não aceitasse fazer alguma coisa que acabasse com este mal estar, eu faria, talvez no início fosse pior, mas era melhor que ficar sem dizer nada. Cheguei a casa, tomei um duche e fui para a sala, Alissa ainda dormia, ultimamente dormia sonos pesados. Liguei para Cait seriam 8 H da noite na Irlanda, tocou uma, duas vezes e ouvi a sua voz cristalina.
-Sam? Olá.
-Oi Cait, interrompi o teu jantar?
- Não. Interrompeste o teu?
-Só se fosse o pequeno almoço, - dei uma risada—estou em Los Angeles.
-Sam, que raio não paras quieto? Não sabes que não se pode viajar? – contei-lhe o sucedido, contei-lhe do meu “casamento” ficou super feliz por mim. – ah Sam que bom, a sério? Quero conhecer Alissa, quando tudo isto terminar quero conhecê-la. E têm feito os testes do corona?
- Agora desta vez não fizemos. Também tínhamos estado em cativeiro durante todo aquele tempo e não tivemos sintomas de nada. E como aterramos num jacto particular, ninguém nos propôs fazêr algum tipo de teste, mas estamos bem Cait. Bem... mas eu queria falar contigo sobre um assunto. Nem sei bem como começar.
- Sabes que entre nós, não há isso. Chuta o que é?
-Cait tens visto o que se tem estado a passar em relação aos nossos fãs com tudo isto.?
-O quê? Vais dar ouvidos agora? Não vale a pena.
- É... como é que o Tony aceitou tudo aquilo que dizem de nós os dois?
- ah Sam, simplesmente não acredita. É simples, ele sabe que o amo, sabe que nunca existiu nada entre nós. Porquê? Alissa, não entende?
-Entende Cait, eu é que não estou a aceitar tudo isto, o problema é meu. Tu sabes que se me o tivesses pedido eu tinha feito uma conferência de imprensa a explicar tudo, tu nunca quiseste.
- E tu queres? - perguntou-me.
-Queria Cait, se tu e Tony aceitarem queria pôr tudo a nu. Quero paz, sabes que eu não consigo ser como tu, eu não consigo viver com tanto ataque, sei que todos os nossos colegas vivem bem com isso, mas eu não suporto.
- Eu sei querido, eu sei…  nunca entendi porquê essa necessidade premente de aceitação, nem toda a gente tem de gostar de ti, meu amor.
- Eu sei que não… mas… eu sou assim, por vezes nem eu próprio entendo, e sei que nem sempre toda a gente vai gostar de mim, aceito isso, mas os ataques verbais tornaram-se violentos e eu sinto-me mal.
- Estás-me a pedir que façamos uma conferência de imprensa? Uma coisa que acabe de vez com os comentários é isso que me estás a pedir?
-É... se tu e Tony não se importarem, caso contrário eu  fico assim e tento viver com isto da melhor forma.
- Eu conheço-te Sam, nunca mais terás descanso na tua vida. Sei perfeitamente como és, ok Sam, vou falar com Tony, sabes que ele não gosta de aparecer fora do mundo dele, mas prometo-te que vou falar com ele está na hora de fazermos as coisas como deve ser, concordo contigo. Vamos abrir os olhos dessa gente. Fica descansado querido, depois ligo-te, beijos  amo-te.
- Obrigado Cait. Também te amo. – fiquei parado a olhar o mar lá fora, estava calmo, ao contrário de mim que parecia que  ia entrar em erupção a qualquer momento. Alissa, abraçou-me pelo pescoço por detrás de mim.
- Quem é que tu amas, Sam? Espero que seja a tua mãe. Encostei-me às costas do sofá e puxei-a para o meu colo.
-Amo outra mulher, aliás eu amo muitas mulheres.
-Pinga amor… - entre beijos repenicados na boca, nas faces, fomos falando um com o outro.
- Era Cait. O meu outro amor.
- Sei... ok e o que falaste com ela?
-Está na hora de pormos os pontos nos is, e revelarmos toda a verdade, agora intencionalmente.  De uma vez por todas, mostrarmos os nossos amores  e dizermos ao mundo que somos felizes assim. – olhou para mim como se olha para dentro do fundo de um poço, procurando por uma réstea de verdade. – Eu quero dizer ao mundo que tu és a minha mulher. Preciso de o dizer, se Tony aceitar, Cait fá-lo por mim, e tu? –
- Eu? Eu também aceito Sam, tudo para te ver feliz. Tudo!
Passámos o resto da semana, eu entre os meus vídeos e as minhas obras de solidariedade tudo à distância de um click, mas Alissa saiu várias vezes para a revista, dizia, para colocar as coisas em ordem, foi lido o testamento de Nina deixando grande parte das obras de arte a Alissa,  e a sua casa deixando por ordem explícita que Alissa a vendesse e ficasse com o dinheiro para fosse descansar em algum sitio paradisíaco, ou para que criasse algo novo. Assim Alissa despediu-se os acionistas e restante direcção aceitaram a carta de demissão com a condição de que fecharia ela o numero de Junho com a reportagem prometida a Nina, sobre Sam Heughan. Ela aceitou.
- Ainda vais fazer isso sobre mim? Agora não tem graça. – disse-lhe numa das noites em que ficávamos com um wisky na mão, a conversar na varanda de frente para o mar.
- Claro que vou, é o meu último trabalho para a Life Time, estava no contrato, tenho de cumprir. Mas queria uma coisa, Sam.
- Pede. O teu desejo será realizado, minha senhora – disse-lhe pomposamente.
- Bem primeiro já tiveste alguma resposta por parte de Cait?
- Não. Talvez Tony não queira. – disse-lhe com tristeza.
- Humm talvez, mas eu gostava que a minha reportagem saísse antes de tudo. –  veio deitar-se comigo na minha chaiselongue, encostou-se perto de mim – deixa-me falar de ti primeiro, posso?
- Queres contar todos os meus defeitos primeiro? – ri-me com ela.
- Sim, - levantou a sobrancelha e com ironia – preciso contar ao mundo tudo sobre ti… contar como tu amas uma mulher e a levas à loucura – ficou séria pousou o copo no chão, colocou-se de joelhos entre as minhas pernas – preciso que toda a gente saiba, como tu defendes quem amas, sem olhar a nada, como tu aceitas  os erros  dos que te rodeiam, da tua calma da tua paciência, da tua noção que também não és perfeito, que apesar do que poderias ser, sabes que o mundo não gira em teu redor, que dás de ti a todos e a tudo, da tua forte solidariedade, quero que conheçam esse Sam, que com certeza vai deixar a sua marca neste mundo. – Ficámos parados a olhar um para o outro, peguei-lhe nas mãos.
- Eu não sou tudo isso, são os teus olhos e o teu coração que me vê assim, eu já devo ter feito mal a alguém com toda a certeza, - levantei a sobrancelha e dei-lhe um sorriso—talvez não propositadamente, mas com certeza já o fiz. Eu só quero o que todos querem, paz, saúde  e amor, apesar de tudo por o que passei, sou um sortudo, consegui trabalho, reconhecimento, dinheiro, se com isso tudo puder fazer a vida de alguém mais fácil., para mim já está bom. – pegou no meu rosto entre as suas mãos.
– Ah Sam, tu és um homem bom! – Dali partimos para o mundo do desejo num mar de calmaria, ouvia as gaivotas no mar, e o bater das ondas na areia, no mesmo ritmo que os nossos corpos, entrelaçados. Era bom, muito bom, fazer amor com a mulher que se ama.

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