Handfasting

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Alissa

Eu não conhecia muito bem a tradição, já tinha visto em Outlander e Sam falou-me um pouco nela. Do que entendi, as famílias juntavam-se num círculo , o círculo do seu povo, à volta dos noivos para simbolizar os quatro elementos, terra, fogo, ar e água, mas eu não tinha ninguém por mim, o que me deixava triste. Fazer o handfasting simbolizava concretizar a união entre duas pessoas “amarrar o nó “, a união de duas vidas das suas esperanças e desejos, o acto de dar as mãos e atá-las com fitas coloridas, simbolizava o livre arbítrio de concordarem com o casamento, teria de ser feito ao pôr do sol para que tanto o sol como a lua estivessem presentes na união das nossas vidas. Pelo que fiquei a saber era uma cerimónia muito antiga e que tinha estado proibida durante muitos anos na Escócia. Vou-me tornar escocesa por casamento, numa cerimónia pagã. Fiquei feliz, perguntei a Vicky se os noivos também declaravam os seus votos, ela disse-me que sim e arranjei um bocadinho no dia, para os escrever. O “ casamento" seria só no dia seguinte, D. Chrissie foi com a ajuda de Vicky procurar pelo seu vestido de noiva, que teria de ser rearranjado para o meu tamanho, disseram-me que fosse descansar para o anexo que elas tratavam do resto.
- Então querida, o que estás a fazer? – Sam tinha vindo ao anexo procurar uma camisa branca para prepar também ele a sua indumentária para o dia de amanhã . Escondi o bloco onde escrevia, debaixo de outros papéis.
- olha, então nesta cerimónia os noivos podem ver-se? – e levantei a cabeça para que me beijasse
- Ah sim, então eles fugiam para fazer o handfasting, sozinhos, tinham de se ir vendo ao logo do dia. Como era proibido, não contavam a ninguém, sob risco de serem presos ou mesmo mortos.
- Hum foram tempos difíceis para os Escoceses. Podíamos esperar Sam, eu não me importo.
- Importo-me eu, quero celebrar os meus votos contigo agora. – abraçou-me por trás espreitando por cima do meu ombro. – afinal o que estás a fazer?
-  Estou a escrever os meus votos. Já escreveste os teus?
-Humm isso é típico de jornalista – beijou-me a face – eu tenho-os no meu coração.
- Eu também Sam, só os estou a organizar, é mesmo coisa de jornalista, - rodei na cadeira para lhe beijar os lábios.
- ok então fica com os teus pensamentos, vou falar com Cirdan. – assenti. Continuei ali até que feliz comigo, acabei e guardei o caderno. Fui ter com as senhoras.
Apesar da teoria de Sam que os noivos se podiam ver, tanto Chrissie como a restante família obrigaram Sam a dormir sozinho no anexo e eu dormi na casa, não gostei da ideia, mas eles estavam todos empolgados e eu deixei-me ir.

SAM

Fui obrigado a dormir sozinho no anexo, senti a falta de Alissa toda a noite, não dormi nada de jeito, conforme me deixava dormir acordava a procurá-la na cama até que me lembrava de tudo. Isto repetiu-se várias vezes. O dia começava a raiar e antes que alguém acordasse, fui para  casa pé ante pé, as escadas rangeram a meio do caminho, parei, escutei, nada, continuei a ir devagarinho até ao quarto onde estava Alissa, abri devagar e na penumbra esgueirei-me na cama, estava quente e cheirosa, eu amava esta mulher. Senti-a voltar-se para mim, afaguei-lhe os cabelos senti-a tão minha. Sussurrei-lhe:
-  Bride and Groom
Heart to thee
Body to thee
Always and forever
So mot it be.
- É tão bonito, o que é? Os teus votos? – agarrada a mim como lapa.
- Não, só uma coisa que se costumava dizer quando os noivos se juntavam.
- A tua mãe vai passar-se se souber que estás aqui.
- ahh não  aguentei eu disse que nunca mais ia dormir sem ti, não disse? então, são estas  promessas que eu tenho de cumprir, os meus juramentos para contigo serão sempre invioláveis. – naquele ambiente morno e acalentados pelas palavras, dormimos por mais um par de horas nos braços um do outro. 
Foi uma azáfama todo o dia,  Vicky e  a minha mãe faziam a cabeça em água a Alissa enquanto que Cirdan e Finn não me davam sossego, por um momento um pequeno momento eu fiquei só, corri a buscar Alissa, deixando perplexas a mãe e Vicky, não as deixei sequer falar, corremos os dois como crianças fugidías, a rir, corremos para os estábulos e escondemo-nos numa baía.
- Aqui ninguém nos encontra – estávamos ofegantes da corrida, mas nem por isso esperámos algum tempo, para descansar a respiração, embrulhamo-nos um no outro.
- Este desejo que sinto por ti em todas as horas do dia e da noite, não é coisa normal em mim, sinto que não estou completo se passo muito tempo sem ti. – agarrei-a no meu colo e de encontro às paredes da baía, possui-a com todo o ardor, exigindo dela o que ela exigia de mim, numa luta igual, em toques pedidos e cedidos, soltando a minha alegria nela e recebendo a dela com volúpia. Um só corpo, uma só carne. Deixamo-nos cair no feno.
- És muito  louco, Heughan, muito louco e eu adoro essa loucura. – caímos na gargalhada.
Quase ao sol posto, já com uma mesa enfeitada com iguarias, Cirdan levou-me para o pequeno jardim de verão que havia no quintal, vesti um fato terno zul  e estava muito nervoso, quando a vi chegar ao portal da casa pensei que o meu coração fosse parar, ela ali estava num vestido lindo, branco simples, justo na saia e no corpete de onde se via metade dos seus seios o cabelo apanhado apenas com uma pequena tiara um colar de pérolas, e uns brincos de uma só pérola chegada na orelha. Estava soberba. Via-a caminhando até mim em câmara lenta. Gostava que mais amigos estivessem aqui connosco para testemunhar o meu amor por esta mulher linda que me amava tanto quanto eu a ela, em toda a minha vida louca que tinha desde há 7 anos para cá nunca pensei conseguir um amor assim que sabia ser para a minha vida toda.
Cirdan, ia fazer ele  a vez de casamenteiro  e comecou:
- Sejam bem vindos, o noivo e a noiva no círculo do seu povo, convoco os quatro elementos, a terra – a minha mãe – o fogo e o ar – Vicky – a água – Finn com uma garrafa de sassenach. – Estamos aqui reunidos para celebrar a união de duas pessoas, a união das suas vidas,, a união das suas esperanças e desejos. – Voltou-se para mim – Segura as mãos de Alissa, Sam hoje no dia do teu casamento, seguras a mão da tua melhor amiga, da tua amada, para em conjunto construírem o vosso futuro. Essas são as mãos que vos vão amar e proteger pelos anos fora, são as mãos que vão celebrar com vocês quando se sentirem felizes e que os vão confortar quando se sentirem tristes, são estas as mãos que vos vão suportar e dar força sempre que o necessitarem, assim como as vossas mãos estão juntas agora, assim estejam sempre os vossos corações. – colocou as fitas por cima das nossas mãos,  que estavam dadas como um cumprimento, Alissa colocou a outra mão por baixo e eu a outra por cima – uma para proteger a outra para amparar – dizia Cirdan, uma fita para a minha família, outra para a vida que teríamos pela frente, havia uma terceira que era para a família de Alissa que ficou junta com a minha todas de cores diferentes, Cirdan deu os nós por baixo da nossas mãos e pediu depois que as retirássemos puxando cada  ponta, nós da vida, Finn e Vicky puxaram as da família, fizemos dois nós perfeitos, voltamos a unir as mãos  passaram as fitas novamente por cima  e Cirdan pediu que eu disse os meus votos :
-Alissa, eu prometo acreditar e ser sempre honesto contigo, eu prometo ouvir-te, respeitar-te e apoiar-te  sempre, eu prometo rir, brincar e crescer contigo. – vi-lhe um sorriso crescer nos lábios – Eu prometo celebrar todos os dias da nossa vida em conjunto. Comprometo-me a fazer tudo isto por toda a vida, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, nos bons e maus momentos, até ao fim dos meus dias. – estava contente comigo mesmo, duas lágrimas rolavam pelo seu rosto.
- Agora tu Alissa – pediu Cirdan, ela olhou para ele, engoliu em seco, e fixou-me nos olhos. Com voz segura disse :
-Sam, tu não me podes possuir – fiquei muito sério, de repente, olhei para Cirdan confuso, aquilo era o que uma noiva deveria dizer? – porque eu pertenço a mim mesma – deitei a minha cabeça um pouco de lado e apertei-lhe a mão, não estava a entender onde ela queria chegar. – ouve até ao fim por favor, eu não te interrompi.
- Desculpa, claro diz! – abri o coração… e a mente para o que ela queria dizer.
-mas enquanto nós os dois quisermos eu dou-te o que é meu – ah, sorri. – tu não me podes ordenar  - outra vez aquela conversa. – porque eu sou uma pessoa livre, mas eu estarei para ti das formas que tu precisares  e o favo de mel que te ofereço  será mais doce vindo da minha mão. E será para os  teus olhos que eu sorrirei pela manhã. Eu juro-te que será  para ti o primeiro bocado da minha comida – Hum? – e o primeiro gole do meu copo. Eu juro-te pela minha vida e pela minha morte – profundo – igualdade! Eu prometo-te a minha vida e a minha morte, as duas sob os teus cuidados – meu amor.- Este é meu voto de casamento para ti, o voto de um casamento entre iguais. És o meu amor, és a minha vida! – Foram puxadas as fitas novamente e dados mais dois nós simbolizando os nossos votos, D. Chrissie pegou nelas, enrolou-as como um caracol fazendo um bonito efeito de cores, colocou-as numa linda caixa de vidro e colocou-a nas nossas mãos. Cirdan falou :
-Podes beijar a tua esposa Sam. – Selamos  o nosso compromisso no melhor beijo dado por nós até ali,para selarmos as nossas palavras.


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