Declaração

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Alissa

Entramos em casa de D. Chrissie de mãos dadas, bem apertadas. Sam chamou por ela.
- Mãe? - ouvia-se barulho de pratos e talheres. Entramos na copa onde estavam sentados a comer, a mãe dele, o irmão, a cunhada e o sobrinho que se levantou de imediato para ir abraçar o tio.
- Tio que saudades, estás bem?
- Estou Finn e tu? - o miúdo, super simpático.
- Olá, sou o Finn. - estendeu a mão num cumprimento.
- Alissa, prazer em conhecer-te. - vi Cirdan levantar-se, pegou-me no braço e levou-me até à esposa.
- Vicky, apresento-te Alissa Knox em pessoa, Alissa esta é a minha esposa. - Vicky também se levantou deu-me dois beijos no rosto.
- Estou super feliz de te conhecer, sou fã do teu trabalho, julgo que agora com a prisão de Harvey posso finalmente dar-te os parabéns e dizer em nome das mulheres um muito obrigada, querida.
- Oh!! Obrigada. - estava a sentir no ar uma frieza apesar de tanto carinho por parte de Cirdan, Vicky ou Finn, D. Chrissie não levantava o rosto do prato. Sam puxou uma cadeira para mim e sentou-me do lado esquerdo de sua mãe guardando a cadeira entre nós duas para ele.
- É necessário ir buscar alguma coisa à cozinha, mãe?
-Não! Está tudo aqui e ainda está tudo quente, serve-te e à tua amiga. Se faz favor.
- Mãe, ela tem nome, como bem sabes. - virou-se para mim uma mulher magoada e de olhar pesado.
- Desculpa Alissa, sê bem vinda à minha mesa, está a vontade. - deu-me um sorriso amarelo. Aquela barreira ia ser muito difícil de transpor, melhor seria agora jantarmos em paz, depois logo se veria. A conversa foi entabulada por Cirdan e Vicky a comentarem a situação do Covid-19. D. Chrissie respondia por monossílabos assim como Sam, que situação.
Depois do jantar, Finn recolheu-se para a sala de jogos com Vicki, eu, Sam e Cirdan ajeitamos a cozinha, colocamos a loiça na máquina, deixamos tudo impecável e fomos para a sala, D. Chrissie estava com um livro na mão e não levantou o olhar, Cirdan sentou-se no braço do sofá, deu-lhe um beijo na cabeça.
- Mãe, quantas vezes viste Sam fazer o que fez ontem? - não levantou os olhos do livro.
- Nenhuma.
- Então se foi a primeira vez... ele está desculpado, tem de haver uma primeira vez para tudo, afinal ele esteve confinado numa casa 15 dias com uma mulher linda que ao que parece também aceitou estar com ele, não sei bem porquê - e a rir olhou para mim - temos de falar Alissa... - piscou-me o olho- mãe acho que estás a ser muito dura com o miúdo.
- Ele não é um miúdo, é um homem, ou pelo menos deveria comportar-se como tal. Sam, não dizes nada? O teu irmão precisa de estar armado em teu advogado de defesa?
-Eu não sei o que queres que te diga - levantou os ombros - Além de estares a ser muito desagradável com Alissa, que nem sequer conheces. Eu conheço e como tal mãe, não tenho explicações a dar-te acerca disto, amo-te muito, mais que tudo, tu sabes mas, não te vou dar explicações de nada acerca dos dias que passei com Alissa. Acho que não tem a ver contigo e sim comigo e com ela. Por isso, nós vamos para o anexo dormimos por lá, juntos, como temos feito até aqui. Se quiseres amanhã voltar a ser a adorável mãe, vou amar, senão vou ficar muito aborrecido, mas tu é que sabes. - vendo-os tão nervosos, achei que deveria dizer qualquer coisa.
- D. Chrissie, eu peço desculpas, afinal é a sua casa, mas... mas... peço desculpas! - olhei para o chão totalmente embaraçada. D. Chrissie olhou de um para o outro, levantou-se e abraçou Sam.
- ah Sam, tinha tantas saudades tuas, filho - e cheirava-lhe o pescoço, ela era bem mais pequena ele estava totalmente enrolado nela. Abraçado com ela, abanavam-se ligeiramente.
- ah eu sabia - beijava-a - Amo-te mãe!
-Pronto, finalmente temos paz. - ria-se Cirdan e também ele se meteu dentro do abraço - senti-me uma intrusa, com vontade de sair dali. Sam largou a mãe e deu-me também um abraço assim como um beijo estalado na boca. - fiquei sem reação, depois de tudo aquilo ainda me beijava na frente da mãe. Virou-se para a senhora abraçado a mim.
-Mãe, Alissa foi a melhor companheira de prisão que eu poderia ter arranjado e quanto ao que viste hoje de manhã, da minha parte, como te disse há pouco, não tenho nada por o que pedir desculpas, tu apareceste assim sem mais e.... Bem... eh o melhor que tens a fazer é esquecer.. Ah... e já agora outra coisa... depois de teres ido... a cama partiu-se. - uma gargalhada gutural por parte de Cirdan, um oh expressivo por parte da mãe e um sorriso enorme na boca de Sam, que olhou para mim e me viu de cenho carregado ausente de qualquer tipo de sorriso.
- Que foi?
- ahhh Sam, diz como se partiu a cama.
-Não! - disse a mãe
- Conta! - disse Cirdan. - Então disse eu:
- A cama partiu-se porque como estávamos ainda muito bêbados - passei a explicar deixando o abraço de Sam - depois da Sra sair embaraçamo-nos nas mantas e um no outro, caímos com todo o nosso peso ao mesmo tempo em cima dela. Foi só isso. - Cirdan não parava de rir, a mãe estava com uma expressão incrédula como que a imaginar a cena e Sam com um sorriso trocista no rosto - foi ou não foi assim que se partiu a cama? Diz a verdade.
- Bem foi, juro que foi "assim" que a cama se "acabou" por partir. Aquela cama estava velha, nunca tinha sido utilizada para "nada mais" que dormir... e agora ao fim destes dias, não aguentou os nossos corpos "caírem para cima dela ao mesmo tempo"- ia falando e fazendo aspas com as mãos, eu estava possessa, mas pensando bem ele tinha razão, pelo que ele dizia sempre tinha dormido nela, sozinho, e agora eu estava a ver que me tinha contado a verdade.
- Pronto, chega Sam - disse-lhe a mãe - pára Cirdan, já chega, não sei onde está tanta piada, Alissa se quiseres podes dormir aqui em casa hoje.
-Mãe, ela vai dormir comigo, aqui ou no anexo, mas na minha cama. - agarrou-me novamente - já não consigo dormir sem ela. E beijava-me o pescoço. Eu estava tão envergonhada deveria estar vermelha como um tomate. Eu era uma mulher adulta, nunca tinha dado satisfações da minha vida a ninguém e agora estava envergonhada como uma menina do secundário, afinal era isto que uma mãe fazia. - É ou não é Alissa? - virou-se para mim- dormes comigo não é? Seja onde for? - não conseguia dizer que não.
- É, durmo contigo!
- Ahhh está bem, seja como quiserem. O melhor é dormirem aqui, afinal no anexo não há cama, não é?
-Pronto, questão resolvida - disse Cirdan - mas irmãozinho enquanto Alissa vai com a mãe, para lhe mostrar o quarto vem comigo ao anexo para ver o que conseguimos fazer com a bendita cama. - e lá fui eu com uma mais amável D. Chrissie até ao quarto destinado a mim e a Sam e ele foi com Cirdan, não sem antes dar um beijinho no rosto da mãe, e uma piscadela de olho para mim.

Sam

Agora com D. Chrissie mais calma, eu também já me podia rir com vontade da situação, assim que Cirdan entrou no quarto começou logo a rir-se.
-Bem divertiram-se muito por aqui, cheira a boate, bebida e sexo, credo Sam, acho que lhe deste bem, hum..
- Ah.. Não é como estás a pensar - e fiquei parado a olhar para aquela desordem - eu gosto mesmo dela! Acho que estou mesmo apaixonado pela primeira vez na minha vida.
- Achas Humm? pois eu tenho a certeza, a forma como defendeste a situação perante a mossa mãe, eu digo que estás "deveras" apaixonado maninho , desta vez foste albarroado e por um avião, ela é linda! E uma mulher cinco estrelas, pelo menos do que se sabe.
-Ela é sim! Espectacular. Acho que vou ver se consigo ficar com ela para mim.
- É isso. Força, de mim tens todo o meu apoio. Bem o melhor é deixar isto para amanhã, deste-me ideias e vou procurar a minha mulher. Vamos!
Cheguei ao quarto e Alissa já estava deitada.
- E então como foi? A minha mãe deu-te algum sermão?
- Não, foi super simpática, muito amável.
-Humm ainda bem. - despi-me, deitei-me ao lado dela. - Sabes Alissa, quando disse que já não conseguia dormir sem ti, era verdade. Queres ficar comigo?
- Estás-me a pedir o quê? - enrolei-me com ela de costas para mim, abracei-a, tinha de lhe dizer mais uma vez e esperar que ela me dissesse o mesmo. Inspirando nos seus cabelos disse-lhe:
- Amo-te Alissa, amo-te muito! - não me respondeu, já quase no limbo do sono ouvia- a dizer finalmente.
- Também te amo muito, Sam, muito mesmo!

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