Premiére

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SAM

Foi uma semana corrida , cheia de eventos pouco tempo para parar e conversar, entrevistas nos mais populares programas televisivos, com Alissa sempre atrás de mim, até ao dia da première de Outlander, sentia-me bem, a vida estava-me a correr bem. Em casa antes de sairmos, já estava arranjado Sally tinha deixado o fato em cima da cama, por vezes conseguia ser chata.. Ah... mas era a melhor das melhores em escolher o que eu deveria vestir conhecia-me bem, sabia do que eu gostava, antes de sairmos faltava uma coisa.
-Alissa - caminhei até à sala ela não estava, fui buscar uma garrafa do meu wisky ainda não lhe tinha mostrado, dois copos, não sabia se ela gostava.
- Sim, Sam? - virei-me e ela ali estava linda com um vestido longo cor de laranja que lhe marcava a cintura fina, num tecido esvoaçante de entre as várias camadas de tecido aparecia uma perna longa, estava linda com os cabelos apanhados, apenas uns fios soltos a emoldurarem-lhe o rosto , fiquei sem fala com a garrafa esquecida na mão.
- Chamaste? - aquela mulher ali na minha frente era sem dúvida a mulher mais bonita que já tinha visto. Fui até ela, devagar, e estendi a minha mão que ela agarrou e deu dois passos até mim. Levantei-lhe o braço.
-Estás... divina! - levantou uma mão como que para arranjar o cabelo, estava corada.
-oh obrigada, Sam tu também estás muito bem.- Ficamos a admirar-nos por uns segundos, trouxe-a até ao sofá.
-Queres beber, aliás provar o meu wisky antes de irmos?
-oh sim claro, quero sim, esta é a garrafa? Muito bonita, cheia de classe, - segurou-a entre as mãos rodando-a - Sassenach, é como o teu personagem chama a esposa, muito bem pensado. Fazes furor entre as mulheres Sam, sabes isso?
-Eh.. Nada mais que uma paixão sobre um personagem- sorri-lhe - tenho várias coisas com esse nome, Sassenach, aliás, patenteei a marca para mim, tenho também um tartan... - reparei que os olhos dela se estreitaram, olhei para ela - que foi?
-Diz lá, outra vez... - veio perto de mim, fiquei sem perceber o que ela queria que eu dissesse.
- Criei um tartan...
- Não.. O nome!
-O nome? Sassenach? - Estava parada na minha frente, com os olhos nos meus. Levou uma mão à base da garganta.
- Diz só o nome! - parei fixamente no seu olhar, com um meio sorriso.
- Sassenach! - A sério? Olhei desconfiado pelo seu rosto. Fechou os olhos, não disse nada por um momento.
-Hummmm, - abriu os olhos novamente - não! Não tem qualquer efeito em mim. - dei uma gargalhada.
- Ahhhh, que pena então - Coloquei as minhas mãos sob o seu cotovelo levando-a até ao sofá, onde lhe depositei o líquido amarelo como ouro no copo- OK. Alissa, ok, prova.
- hummm, muito bom - passou a língua pelos lábios, levou-me a pensar que eu poderia saborear o wisky dos seus lábios.
-É, não é? Também acho. - num gesto puramente por simbiose passei a língua pelos meus lábios e vi-a olhar para mim... com desejo.

ALISSA

PFUUUUUU, a sério mulher compõe-te! Quando entrei na sala e o vi a olhar para mim daquela forma, pareceu-me que o mundo girou, mas com ele a dizer Sassenach, o mundo parou, os seus olhos azuis a perscrutarem-me o rosto à procura de uma emoção, fechei os meus para que não transmitisse nada, aquela cadência na voz, o sorriso torto, não era de admirar a legião de fans, não lhe ia dar esse gosto, não agora.
- -Hummmm, não! Não tem qualquer efeito em mim! - deixei-o levar-me até ao sofá onde me serviu uma dose generosa, saboreei-o era muito bom, ele bebeu passou a língua pelos seu lábios tão bem desenhados senti uma onda avassaladora de desejo puro e simples, levantei-me passei por ele agarrei na bolsa e fui à sua frente para o carro que já nos esperava.
Foi uma noite glamourosa, assim que cheguei fui ter com os meus colegas de imprensa, estranharam ver-me ali e foram muitas as perguntas até que entenderam, colegas minhas de profissão que conhecia de há anos, olhavam-me com desconfiança, quase com ciúmes, Natasha uma das responsáveis de uma das revistas sensacionalistas veio até mim, muito segura de si :
-Alissa, querida que fazes aqui? É sempre de desconfiar quando Nina envia alguém do seu staff, que se passa? - deu-me um beijo na face à laia de cumprimento.
- Ah, Natasha nada com que te tenhas de preocupar, querida, apenas estou a fazer um trabalho diferente desta vez. Uma daily interview com o actor principal deste show.
- A sério? Com Sam Heughan? Não acredito... o que Nina quer encontrar por ali?
- Nada querida, já te disse, apenas é um trabalho diferente, queremos mostrar o homem, apenas.
- E como estás a fazer isso? Andas a segui-lo?
-Bem querida, mudei-me de armas e bagagens para a casa dele. - ao mesmo tempo que lhe dava esta informação vi como os olhos dela se esbugalharam de surpresa.
-No way... a sério.? Estás a viver com o homem do momento? Dentro de casa? Todos os dias, espera... todas as noites, querida?
-Hum.. Hum... - não sei porquê é que estava a alimentar aquilo, sabia que não ia correr bem, a coisa ia-se espalhar como rastilho de pólvora.. - Pois. Cada um no seu quarto, a casa é enorme, se quisermos nem nos vemos.. - comecei a olhar em volta à procura de mais alguém, vi que Sam estava com a colega, que por sinal estava deslumbrante, na passadeira vermelha a posar, ele estava super feliz, notava-se à distância, parecia uma criança de tão animado, devo ter sorrido.
- Bem, querida - Natascha, olhava de mim para ele - estou a ver como está diferente o teu trabalho, mas vê lá, diz-se muita coisa por este meio, que ou foi ou é amante da co-partner, há também quem diga que é gay. - olhei para ela muito séria.
- Gay?, que coisa, não me parece. - Sam andava longe de ser gay.
-Porquê? sabes que não é assim? de fonte segura? - virei-me de frente para ela, sendo alguns centímetros mais alta, pus-me no alto dos meus sapatos, levantei a minha sobrancelha :
- Querida Natascha, não sei se é ou não, se for ou não, ele é que sabe, deixo esses assuntos para ti e para a tua revista, a mim interessa-me o actor como profissional, como benemérito, como desportista, como empreendedor, não tenho nada a ver assim como tu, também não terias a ver, com a sua orientação sexual, agora dá-me desculpa mas vou passar para a área VIP, onde tu com certeza não terás permissão para entrar, com licença, querida! - dei-lhe as costas e entrei, dentro da sala havia muita gente conhecida e perambulei por ali fazendo a conversa de circunstância que se pedia, aquela era a parte que menos me agradava da minha vida, toda a gente se conhecia mas ninguém se via, era tudo muito superficial, movia-me bem neste mundo mas há muito tempo que queria mesmo sair. Peguei num copo de Wisky e fui até à varanda, a noite estava quente deixei-me estar ali a ouvir aquele burburinho por trás, ouvi uma gargalhada profunda, seria para sempre inesquecível o som daquela gargalhada. De repente senti um arrepio na pele, aquela sensação que temos quando sabemos que alguém nos está a olhar, olhei para o lado e ali na escuridão num dos cantos da varanda, estava Sam, parado a olhar para mim sorriu-me de uma forma terna, caminhei até ele, não me lembro se eu sorria também, apenas um pé na frente um do outro, caminhando devagar como se um pequeno fio me puxasse, cheguei perto dele, ele pegou no meu copo bebeu um gole, passou a língua pelos lábios, com a outra mão puxou-me pela cintura, ficamos a milímetros um do outro sentia-lhe a respiração no meu rosto, olhei para a sua boca depois para os seu olhos, ele olhava para a minha boca e sem mais chegamos os lábios um no outro, tocando ao de leve num pequeno beijo, olhamos um para o outro novamente e em silêncio dei-lhe permissão para mais, ele correspondeu, eu correspondi, ali no escuro beijamo-nos como se não houvesse amanhã, absorvendo alma de cada um. Separamo-nos ofegantes! Fez-se luz no meu cérebro, voltei-lhe as costas. Chamei um táxi e fui para casa.

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