Capítulo 12

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Era um momento constrangedor, Virgínia queria que eu e Ian aparentassemos um lindo casal feliz, para facilitar as coisas para o Dorian, então isso significa que tenho que ficar de braços dados com Ian e sorrindo até as bochechas doerem.
- Você está adorando isso, não é? -perguntei entre dentes para ele.
- claro que sim senhorita!
- idiota!
-calada!-disse ele.
  Sem pensar duas vezes pisei com força no pé dele, o que o fez resmungar de dor.
- algum problema Ian?-perguntou o Senhor Seymour.
- nenhum pai!-respondeu Ian sorrindo.
- estão fique quieto! -respondeu o Senhor Seymour.
  Ian me encarou furioso.
- você realmente é muito semelhante a uma mula, até da coices!
-e você é um grosso que tem medo do papai!-enfrentei ele.
Senti ele ficar tenso com minhas palavras, e sem nem está procurando eu encotrei o ponto fraco de Ian Seymour. Ele não gosta de se indispor com o pai, nem enfrentar ele. Na verdade Ian teme o Senhor Seymour. Também não o culpo totalmente, o homem realmente é de dar medo.
- ei, está surda? -perguntou ele no meu ouvido.
- o que foi?-reclamei.
- quando eu falar com você, não me ignore. Fico parecendo um idiota!
-talvez você seja um!-respondi educadamente e sorrindo.
- sua atrevida!-resmungou ele.
- ai você é muito irritante!-reclamei.
- basta Helena. Só não me envergonhe!-disse ele suspirando.
- posso tentar! -falei sorrindo ainda mais.
   Não deu tempo de ouvir o comentário dele, pois Virgínia entrou com uma moça de aproximadamente dezoito anos, alta e esguia, com longos cabelos loiros dourados como ouro, cacheados em torno de um rosto arredondado e angelical. Sua pele branca era suave e rosada. Ela trajava roupas de viajem e quando me viu, seu sorriso angelical morreu, tornando-se completamente diabólico.
  Meu sangue ferveu na hora. Com certeza meu rosto esta vermelho em chamas.
- esta é a...- Virgínia começou a apresentar a garota.
- Pietra Garner! -intenrrompi.
- essa não! -ouvi Ian murmurar.
- Helena De Castro! -respondeu a voz sebosa de Pietra.
- vocês se conhecem?-perguntou o Senhor Seymour.
- sim, somos velhas amigas! -disse Pietra.
- que ótimo! -disse Virgínia.
- não. Não somos amigas, nem colegas. Conhecidas é o termo correto. Ainda acho que inimigas mortais cairia melhor! -respondi enfiando as unhas no braço de Ian de tanto ódio.
  Dorian que parecia impassível começou a dar risadas.
- Helena, você ainda não esqueceu? Foi um acidente terrível, eu juro que não fui eu. Achei que tinha ficado esclarecido! -disse Pietra.
- o que você fez não foi engraçado Pietra. Jogar tinta nos meus cabelos e me empurrar da escada não são considerados acidentes no meu ponto de vista. Quebrei o braço por sua causa, além da vergonha que passei!- resmunguei.
- você é a garota da tinta verde?-perguntou Ian rindo.
- não tem graça Senhor Seymour! -falei cravando minhas unhas mais fundo até ouvir um suspiro de dor dele.
- que bom que se conhecem senhorinhas, nos poupa tempo.- disse o Senhor Seymour irritado.- Vamos deixar claro logo no início, eu esperava que se tornassem amigas, mas vejo que será impossível. Então exijo apenas respeito nesta casa, e se brigarem... Devolverei as duas!
  Uma luz naquele instante iluminou meus pensamentos. E claro que haveriam danos colaterais, mas ele disse que nos devolveria, isso quer dizer que eu só preciso...
- nem pense nisso Senhorita! -disse Ian no meu ouvido.
- o que? -perguntei inocente.
- sabe muito bem do que estou falando! -reclamou ele.
- se me derem licença, estarei na vinícola se precisarem de mim.-anunciou Dorian desaparecendo rapidamente.
- Senhorita Helena será que você...
- Sinto muito, mas infelizmente me recuso a passar mais um minuto na presença dessa arrogante trapaceira!-respondi antes que Virgínia me pedisse qualquer coisa.
   Saí da sala arrastando Ian comigo pelos corredores até a biblioteca.
- estou tão furiosa que tenho vontade de gritar! -falei com raiva.
  Larguei o braço de Ian e comecei a andar pela biblioteca de um lado para o outro.
- percebi seu ódio quando cravou suas garras em mim.- reclamou Ian.
  Ele puxou a manga da camisa exibindo diversas meias luas das minhas unhas, algumas não chegaram a cortar a pele mas outras estavam sangrando muito.
-ai sinto muito. Não tive intenção. É só que...-dei um suspiro longo. - deixa eu limpar isso!
  Ele me encarou surpreso, abriu a boca para reclamar mas mudou de ideia e ficou me encarando boquiaberto.
- que foi? Não me faça mudar de ideia.
   Caminhamos até o grande salão que ele costuma trabalhar.
   Ao chegar lá notei um grande volume de livros, papéis e garrafas de vinho espalhados.
  Ian tinha ido buscar alguma coisa pra eu limpar seu braço, por isso eu estava sozinha.
  Minha curiosidade venceu. Eu sabia que tinha destruído o trabalho de meses dele, mas não sabia que era tão importante.
  Me aproximei das anotações dele e peguei uma aleatoriamente e comecei a ler.
   Ele tinha razão, eu não entendo nada de vinhos, tudo que estava escrito ali parecia de outro mundo e não consegui identificar nada que pudesse ser útil.
- se afaste daí! -disse Ian irritado.
  Olhei para ele assustada soltando o papel.
- não seja rude. Me assustou!-reclamei.
- não venha com essa, você pretendia estragar meu trabalho. Novamente! -reclamou ele.
- eu... ai nem pense que irei me desculpar!
- nunca pensaria isso, a Senhorita não tem educação o suficiente para isso!
  Revirei os olhos e peguei a pequena caixa de madeira que ele tinha nas mãos.
- senta!-mandei.
   Por incrível que pareça ele obedeceu sem questionar minha ordem.
  Sentei ao lado dele, peguei seu braço e comecei a limpar as feridas.
- argh!-reclamou ele.
- não seja frouxo Ian!
-tá ardendo!-disse ele retirando o braço.
  Irritada peguei seu braço novamente e continuei.
- desculpe por isso, fiquei irritada de mais com aquela arrogante, trapaceira, ladra e...
- ta bom, ja entendi. Vocês não se gostam.
- não é simples assim Ian. Ela acabou comigo na frente de toda sociedade, até você estava lá!
-bom foi mesmo engraçado! -disse ele sorrindo.
  Apertei mais as feridas para que ardesse.
- ai! -disse ele.
   Alguns minutos depois terminei de limpar seu braço e este não sangrava mais.
- você é boa nisso!-disse ele franzindo a testa.
- bom eu que cuidava dos machucados de Louise, minha mãe não podia ver sangue e meu pai dizia que era trabalho de mulher.
- pelo menos aprendeu algo útil! -disse ele.
  Não respondi, estava preocupada de mais com a presença de Pietra pra me incomodar em responder a suas provocações.
- você está bem?-perguntou ele curioso.
- não. Essa casa está prestes a virar um campo de guerra e só estou tentando encontrar minhas armas.
- ela não parece ser tão ruim assim!-disse ele.
  Encarei ele furiosa.
- você não faz ideia do quanto ela pode ser terrível!
- então me diz!-falou ele.
  Levantei e comecei a andar pelo lugar enquanto falava.
- pode parecer infantil ou até mesmo arrogante da minha parte mas... bem, éramos até amigas. Não do tipo melhores amigas, mas do tipo que vão a festas e roubam garrafas de vinho e bebem escondidas debaixo da mesa.
  Ian começou a rir do meu comentário.
- se continuar assim não vou contar! -reclamei cruzando os braços.
- prossiga! -disse ele reprimindo a risada.
- não percebi em que momento ela mudou, apenas notei um afastamento da parte dela em um curto espaço de tempo. Houve uma festa, das grandes com toda sociedade inglesa. Nós estávamos presentes e havia ainda um garoto. Lorenzo era o nome dele. Era muito bonito, loiro de olhos verdes.
- Lorenzo D'Avilla?-perguntou Ian incrédulo.
- sim!-falei surpresa.
  Ele caiu na risada e eu fiquei sem entender o motivo.
- quer que eu continue ou não? -perguntei irritada.
  Ele fez silêncio e fez um gesto para que eu continuasse.
- bem, eu não sabia que ela estava interessada nele. Nós havíamos rompido. Então o Senhor D'Avilla começou a me fazer a corte, ele estava encantado por eu saber ler. Conversamos a noite inteira sobre história e literatura. Pietra ficou furiosa. Ela me pediu ajuda com o vestido dela, disse que havia rasgado e perguntou se eu não podia ajudar ela a costurar. Fui de muito boa vontade. Mas quando cheguei ao topo da escada com ela, o primo dela me jogou um balde de tinta verde e depois ela me empurrou escada abaixo.
  Terminei de contar e ele ficou me encarando sem expressão.
- bom, parece coisa de crianças! -disse ele.
- o que? Como assim?-perguntei. - não ouviu nada do que eu falei?
-acredite em mim. Não valeria tão a pena.
- você acha que me importa? Fiquei com uma péssima fama. Não ganhei livros por um ano e ainda tive que limpar a casa por semanas.
- bom, alguma coisa você fez! - disse ele.
- eu devia arranhar sua cara!-falei com raiva.
- tá vendo. Você é muito irritante. Provavelmente a garota nem teve culpa. Se o garoto jogou tinta em você, provavelmente você escorregou e caiu da escada.
- você é um imbecil! -falei dando um tapa na cara dele.
  Irritada, saí do salão e deixei ele lá esbravejando e me insultando.

Casamento Arranjado [Completo]Where stories live. Discover now