Capítulo 77 (Bônus)

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Pov. Celine

 Estou completamente surpresa com tudo que acabei de ouvir da Senhora Seymour. Acabei de chegar e a torrente de informações foi de mais pra mim.
  Nos dias em que eu estive fora muitas coisas aconteceram por aqui, coisa nada boas. Algumas foram, como a morte daquele cretino do Senhor Seymour, Deus me perdoe mas aquele desgraçado já foi muito tarde, acho que nem o satanás vai aguentar ele no inferno. Maldito.  Machucou o pobre durante toda vida, logo Ian um menino tão bom, criei como meu próprio filho. Aquele monstro do Senhor Seymour teve o que mereceu, batia em Ian, em Virgínia e humilhava Dorian, além disso, como se não fossem motivos o bastante, ele me assediava diariamente. Outra coisa que ninguém mais sabe é o que ele fazia no celeiro com as prostitutas. Homem nojento, inescrupuloso, monstro! Que queime pela eternidade.
  As notícias seguintes me deixaram abalada. A gravidez de Pietra, o coração partido de Helena. Não consigo acreditar que Ian tenha feito isso. Se fosse Dorian... Mas Ian? Não consigo acreditar.
   Meu coração está muito apertado, só consigo pensar em Helena e como ela deve estar se sentindo nesse momento, além de todos os problemas, seu pai veio a adoecer, Helena realmente não tem muita sorte.
   Eu não deveria ter me ausentado por tanto tempo, deixei minha menina desprotegida. Minha simpatia por Helena foi imediata, no momento em que ela chegou colocando Ian e todos da família em seus devidos lugares, eu percebi que ela era incrível, a mulher perfeita para o meu menino. Mas tudo que é bom, um dia acaba.
  Estou aqui no quarto de Helena há quase uma hora, esperando seu retorno. O casamento é daqui a dois dias e não posso deixar ela cometer o desatino de casar com Dorian.
  Dorian não é um homem ruim, mas ele tem atitudes muito egoístas. Querer Helena foi apenas mais uma das suas atitudes para atingir seu irmão. Dorian não suporta a ideia de Ian ser feliz. Talvez, só talvez ele realmente ame Helena, mas isso está pensando dos limites, afinal, ele é o pai do filho da Pietra.
   Naquele dia eu estava indo arrumar os quartos, estava distraída mas vi o momento exato em que Pietra saiu as pressas do quarto de Dorian envolta apenas em um lençol. Assim ficou meio óbvio o que aquela desfrutável estava fazendo. Quando fui arrumar a cama de Dorian, vi o sangue nos lençóis. Não me restaram dúvidas.
  Infelizmente tive que viajar as pressas, e o que aconteceu em seguida foi muito pior. Pietra deu um jeito de se deitar com Ian. Mas não acredito nisso. Não há nada que faça com que eu acredite nessa mentira.
  Pietra odeia Helena, isso é óbvio até para alguém de fora da família. Pietra estava sempre tentando deixar Helena mau perante os sogros. Inúmeras vezes eu vi ela tentando sabortar os sapatos de Helena, pata que esta caísse das escadas quando os saltos se quebrassem. Felizmente a maioria de suas crueldades eu pude impedir, mas a pior delas não. Não sei de onde vem tanto ódio, mas posso afirmar com certeza que há muita inveja.
  Uma ideia um tanto perigosa me surgiu de repente.
  Saí do quarto de Helena as pressas e vi que Pietra estava com Dorian e Virgínia na sala. Ela estava quieta, parecia pensativa e distante. Essa é minha única chance.
  Corri até o quarto de Pietra e comecei a vasculhar as suas coisas. Não é possível que ela não esconda algo incriminador nesse ninho de cobras. Tem que haver algo. Qualquer coisa.
  Procurei por todos os lugares possíveis e impossíveis, mas estava tudo na mais completa ordem.
  Eu estava quase desistindo quando passei por sua penteadeira de maquiagens. Ela tinha muitos vidros de perfumes, cada um mais lindo e exótico que o outro, cada vidro por si só era uma obra de arte. Eram muitos, grandes, pequenos e coloridos, mas apesar disso, um vidro específico chamou minha atenção. Ele era pequeno, aparentemente simples, feito de um vidro transparente, mas o seu conteúdo não era nenhum líquido, era um pó branco.
- o que é isso?- me perguntei olhando aquele frasco.
  Imediatamente, guardei o frasco em meu decote. Só existe uma pessoa que pode me dizer com certeza do que se trata.
  Saí apressada pelas ruas movimentadas. Eu me prometi que nunca mais iria voltar naquele maldito lugar, desde que Helena me mandou lá pela primeira vez, nunca me esqueci o quão sombrio e pavoroso.
  É um lugar sombrio e mau frequentado, cheio de bêbados, assassinos, meretrizes e ladrões.
  Entrei naquela maldita taverna de uma vez por todas, como um remédio amargo, tem que engolir pra melhorar.
  Era dia, o local estava as moscas, a não ser por dois bêbados e o próprio dono do lugar.
  Mesmo durante o dia, o lugar era horrível, fedorento e desprezível.
  Helena vai ter que me agradecer de joelhos por meu esforço.
  Os bêbados me encararam. Ótimo, era eles mesmos que eu procurava.
  Um deles era enorme, o outro nem tanto. Um tinha uma cicatriz horrível no rosto, o outro tinha trancinhas na barba. Ambos bebiam cerveja e jogavam cartas.
- com licença! -falei meio rouca.
  Deixei o capuz da minha capa cair, revelando meu rosto para aqueles assassinos cruéis e sujos.
  Eles se entreolharam e me encararam e em seguida abriram sorrisos apavorantes.
  Meu corpo estremeceu. Minha vontade era correr de pavor.
  Deus me ajude.
- o que a moça deseja?-perguntou o das trancinhas.
- eu...
- eu te conheço! -disse o da cicatriz.
  Sua voz era como um trovão que me fez saltar de susto.
  Ai meu Deus, ele lembra de mim. Isso é bom ou ruim?
- eu sou empregada da mansão Seymour! -expliquei perdida com minhas próprias palavras.
- lembro de você! Nos trouxe os convites do noivado!-disse o cara da cicatriz indiferente.
  Ele estava bem a vontade bebendo sua cerveja e me ignorando.
- preciso de ajuda! - falei com um suspiro.
- tem dinheiro? -perguntou o das trancinhas me ignorando.
- não... Eu...
- então não podemos ajudar! -disse o da cicatriz.
- nem pela Helena? -perguntei preocupada.
  O olhar deles se voltaram para mim, em seguida o baralho havia sumido e suas caras de bêbados não existiam mais. Eram dois homens concentrados em mim, e isso me deixou desconfortável.
- qual o problema? Helena está bem? -perguntou o da cicatriz preocupado.
- eu preciso saber o que é isso!-falei mostrando o frasco.
  O homem das trancinhas pegou, examinou o frasco, abriu e cheirou. Então ele sorriu.
- então? Vocêcsabe o que é? -perguntei ansiosa.
- é claro que ele sabe, ele é o Doc! Sabe de tudo!- disse o da cicatriz.
  Olhei feio pra ele. Que mau educado!
- quase tudo! -disse Doc sorrindo.
- e então? - perguntei ansiosa.
- é boa noite cinderela! Não chega ser um veneno, mas pode derrubar um homem por algumas horas. Onde encontrou isso moça? E o que isso tem a ver com a nossa boneca?- perguntou Doc.
- não tenho tempo pra explicar! Sabe me dizer se o homem é capaz de fazer alguma coisa após ingerir isso?-perguntei aflita.
- claro que sim, ele é capaz de dormir por uns dois dias! -disse Doc rindo.
- Meu Deus! -exclamei.
- o que foi moça? Você está pálida! - disse o da cicatriz.
- o bebê... É mesmo de Dorian! -falei antes de sair correndo.
  Voltei pra casa pronta para confrontar Pietra e contar tudo pra Helena, mas esta ainda não havia chegado.
  Pietra não estava em lugar algum, procurei por toda mansão, até que decidi ir até seu quarto. Ela não estava lá. Na verdade ela não parecia estar, mas estava sim. Estava no cômodo de banho, um quartinho anexo ao seu quarto.
- DROGA! -ouvi ela gritar.
  Me aproximei lentamente da porta.
- VOCÊ ERA MINHA ÚNICA CHANCE! -gritou ela novamente.
   Abri a porta e vi Pietra escorada na parede com seu vestido amarelo florido todo ensanguentado.
  Ela me olhou com fúria.
- O QUE FAZ AQUI MALDITA?-berrou ela ao me ver.
  Fiquei apenas encarando por alguns segundos, sem saber o que fazer ou dizer.
- SAI DAQUI!-gritou ela.
- você perdeu o bebê? -perguntei preocupada.
  Por mais que Pietra seja uma cobra egoísta e mentirosa, é triste para uma mãe perder seu filho.
- NÃO É DA SUA CONTA!- gritou ela novamente.
  Ela não parecia triste, apenas furiosa.
- Dorian precisa saber disso!-falei.
- NÃO! O PAI É IAN!-berrou ela.
- mas não é mesmo querida. Não sou nenhuma idiota!
- CALA A BOCA! -gritou ela ficando vermelha.
- vou chamar ajuda, você precisa de um médico! -falei preocupada.
  Virei as costas e corri para a porta.
  Antes que eu sequer pudesse abrir a porta, ouvi o barulho de algo se quebrando, em seguida senti a dor lancinante na minha cabeça.
  Minha visão ficou turva, tudo estava girando. Vi Pietra vindo em minha direção, vi cacos de vidro no chão. Vi também também o momento em que ela pegou o segundo vaso de flores e o quebrou na minha cabeça, me fazendo perder a consciência.

Casamento Arranjado [Completo]Where stories live. Discover now