Capítulo 34

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  Ian e eu retornamos para o jardim da mansão.
  Notei uma certa mudança no olhar de Ian depois da conversa que teve com sua avó em particular.
  Minha curiosidade era maior que eu, mas resolvi me conter, porque sei que de nada vai adiantar perguntar, ele não vai responder e vamos acabar brigando.
  As enormes árvores do jardim lançavam suas folhas secas sobre nós enquanto caminhávamos lado a lado.
  Eu estava perdida em pensamentos. Apesar de ter passado esse tempo ao lado de Ian, ainda não sei o que sinto direito. Essa paixão que eu acho que estou sentindo me preocupa bastante. Estou feliz e tenho medo disso acabar. Tenho medo do futuro. Não quero um casamento frio. Nunca senti isso antes e tenho medo que seja algo passageiro, principalmente para ele. Homens mudam de opinião constantemente e têm desejos, impulsos e instintos... Quando eu tiver casada, gorda, velha e cheia de filhos ele não irá me querer mais, então serei trocada por uma vadia qualquer bem mais jovem e bonita.
  Suspirei. Uma sensação de tristeza me tomou nesse momento me fazendo olhar para o céu.
- no que está pensando? -perguntou Ian curioso.
- na minha família! -respondi sem pensar muito.
- se quiser pode ir vê-los.
- não. Melhor não. Ainda não perdoei meu pai.- respondi.
- tudo bem... - disse ele.
  Caminhamos mais alguns metros e enquanto eu estava distraída com algumas aves no ninho, Ian me abraçou me surpreendendo.
  Demorei para entender que não era um abraço comum, ele me derrubou em cima de uma pilha de folhas secas que alguém havia juntado de baixo de uma árvore.
  Várias folhas voaram e se prenderam em meu cabelo.
- IAN!- briguei.
  Ele começou a dar risadas descontroladas mostrando suas covinhas.
  Como ele é lindo.
  A raiva me fez começar a correr atrás dele pelo jardim. Ele fugia de mim com elegância. Ele é mais rápido que eu e conhece o lugar. Meu vestido e sapatos não me deixam alcançar ele.
- AH!- gritei caindo no chão.
  Ele parou e olhou para mim.
- HELENA! VOCÊ TÁ BEM?
- Não, acho que torci meu pé! -falei manhosa.
  Ele veio até onde eu estava caída e examinou meu pé.
- não parece grave. Sente dor?-perguntou ele.
- um pouco!
-consegue andar?-perguntou ele.
- acho que sim!
  Ian me ajudou a levantar e eu consegui apoiar meu pé no chão.
  Enquanto ele estava concentrado olhando para meus pés, checando se eu conseguia ficar em pé sozinha falei:
-Te peguei!
  Ele me olhou surpreso enquanto eu me jogava em cima dele e ambos caímos no chão, ele por baixo e eu em cima de seu peito.
  Antes que ele pudesse reagir, me levantei e corri dele.
- SUA TRAPACEIRA! -gritou ele do chão.
  Sua cara de surpresa me fez rir muito e responder:
-cada um joga com as cartas que têm!
  Ian se levantou e começou a correr para onde eu estava.
  Corri dele o máximo de tempo que consegui, colocando a maior distância entre nós, mas me cansei bem rápido e parei, esperando ele me alcançar.
  Eu já estava próxima ao portão da propriedade, e uma coisa me chamou atenção, me fazendo esquecer Ian momentaneamente.
  Ian chegou por trás de mim e me agarrou me assustando.
- Ian, para!-falei me afastando dele.
  Sem entender, ele se afastou de mim e me encarou com uma expressão bastante confusa.
  Para que ele pudesse entender, apontei na direção que eu estava observando.
  Ian paralisou.
  Atrás do portão, segurando pelas grades havia uma garotinha de aproximadamente sete anos de idade. Ela tinha longo cabelos negros desgrenhados pela falta de cuidados, grandes olhos castanhos claros muito tristes, com uma pele branca bem suja e com machucados recentes que ainda estão sangrando. Suas roupas estavam sujas e rasgadas e seus pés descalços.
  Ian me encarou com o olhar estranho, parecia preocupação.
- Olá! -falei com a garota.
  Ela se assustou e recuou dois passos banbeando.
- espera, não queremos te fazer mal!-disse Ian.
  A garota deu mais um passo atrás, mas alguma coisa aconteceu e ela caiu no chão.
  Eu e Ian fomos correndo até ela e vimos que ela estava desmaiada.
- MEU DEUS!-falei.
  Ian pegou a garota nos braços e correu para dentro de casa.
  Enquanto Ian levou a garota para o quarto, eu procurei uma criada e pedi que ela me ajudasse com água quente, comida, remédios e roupas limpas de criança.
  Quando cheguei ao segundo andar, encontrei Ian colocando a menina na cama.
- ela está acordando! -disse ele.
  Me aproximei da menina e eperei.
  Ao nos ver, ela pareceu muito assustada, tentou fugir mas Ian segurou ela.
- Calma, calma...- falei me aproximando. - ninguém quer fazer mal a você.
  Ela me olhava com aqueles grandes olhos vermelhos, como se quisesse chorar.
- ei, queremos te ajudar! -falou Ian.
- Sou Helena, e esse é o Ian...
  Ian soltou a garota lentamente e se colocou ao meu lado observando a garota.
- está com fome?-perguntei.
  Os olhos da menina brilharam, mas ao mesmo tempo pude ver sua dúvida. Uma pequena garota de apenas sete anos dessa maneira... Imagina o quanto ela sofreu...
  Lágrimas escorreram por meus olhos.
  Wladimir e Izabel percebendo a movimentação na casa logo apareceram assustando ainda mais a garota.
- shh... Está tudo bem!-disse Izabel depois de Ian explicar o que houve.
- está com fome menininha? -perguntou Wladimir.
Timidamente ela fez que sim com a cabeça, então eu me aproximei dela com a bandeja que Annica trouxe.
  Ficamos ali observando a menina comer. Ela parecia faminta e exausta.
  Depois de comer, ela deu um pequeno sorriso assustada, agradecendo.
  Sentei na cama ao lado dela e senti ela se retrair.
- Calma, não irei te machucar... Só quero conversar...
  Ela fez que sim com a cabeça.
- você sabe falar? -perguntou Ian.
  Ela fez que sim novamente.
- você tem um nome?-perguntou Izabel sentando do outro lado da cama.
  A menina pareceu pensar, mas por fim, fez sinal negativo.
- você tem família? -perguntei. - Um pai, uma mãe ou irmãos? Qualquer uma pessoa?
  Ela fez que não e lágrimas escorreram pelo seu rosto.
- você tem alguma casa?-perguntou Wladimir.
  Novamente ela fez que não.
  Todos ficaram muito comovidos com a menina de olhos tristes.
- Podemos conversa um minuto querido?-perguntou Izabel ao Wladimir.
  Os dois se afastaram e começaram a conversar, enquanto eu falava com Ian.
- o que você acha?
- não sei... Existem muitas crianças abandonadas por aí! -disse Ian pensativo. - ela pode ter sido vítima do destino e ter sido abandonada, ou...
- alguma coisa ruim aconteceu com a família dela!-completei.
- acho que não foi isso ainda... - disse Ian.
- como assim?-perguntei confusa.
- essa região é muito afastada, ela não ia acabar aqui ao acaso... Ela deve ter fugido de algum lugar... Ou de alguém.
  Me aproximei novamente da garotinha e perguntei:
- está fugindo de alguém?
  Ela ficou assustada.
- não se preocupe, vamos te proteger! -falou Ian.
  A garota fitou o vazio, até uma voz fraca responder:
-o homem mal...
  Eu e Ian nos entreolhamos.
- homem mal?-perguntei.
- sim... ele bate na gente e deixa com fome!-disse ela começando a chorar.
- você disse na gente? -perguntei. - Existem outras crianças?
-sim... e bebês também!
  Ian passou as mãos pelos cabelos e disse:
-traficantes de crianças! Já tinha ouvido algumas histórias mas achei que eram lendas para assustar as crianças da vila...
- o  que o homem fazia com vocês? -perguntei.
- ele dava pra outras pessoas...
- vendem!-respondeu Ian irritado.
  Meu Deus, isso é horrível.
  Lágrimas caíam dos meus olhos.
- sabe onde ele está? -perguntou Ian.
  Ela balançou a cabeça e disse:
-ele tem uma carroça... Eu pulei e corri...
  Minhas lágrimas escorreram, minha alma estava dilacerada.
- esse homem mal... já te machucou?-perguntou Ian sombrio.
- ele me batia... muito e puxava meus cabelos! -disse ela.
- só isso?-perguntou Ian.
Ela fez que sim, e eu e Ian respiramos fundo.
- acho que devemos te dar um nome... - falei.
- tem algum que goste?-perguntou Ian.
Ela deu de ombros.
- vejamos... Você gosta de... Maria?- perguntou Ian.
  Ela fez que sim.
- ótimo! Maria então! -falei.
  Izabel entrou com Wladimir no quarto, parecia que ela tinha chorado.
- então querida, gostaria de morar aqui?-perguntou Izabel se dirigindo a menininha.

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LEIA, É IMPORTANTE:

Galera, muita gente tá me perguntando se meu livro  (Casamento Arranjado) é uma fanfic de TVD (Diários de um Vampiro).

Aqui vai a resposta: NÃO, ISSO NÃO É UMA FIC.

Eu apenas usei o elenco de TVD e as imagens para dar mais realismo ao book trailer e aos capítulos, fora isso o livro não tem absolutamente nada a ver com a série.

Não me levem a mal, até porque sou super, hiper, mega fã de TVD, mas eu só queria esclarecer mesmo!

Obrigada pela atenção!

Casamento Arranjado [Completo]Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz