Capítulo 50

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- ainda acho que isso não foi uma boa ideia!-comentei com Blair.
  Eu olhava meu reflexo no espelho e via um semblante deprimido.
- você está tão linda!-disse Blair aparecendo ao meu lado de repente.
- obrigada.
- não acredito que conseguiu cobrir aquele hematoma com maquiagem.
  Dei um sorriso fraco. Eu estava feliz com a ideia do jantar, mas agora não tenho mais certeza.
- Helena? Você está me ouvindo? -perguntou Blair.
- perdão, o que disse?
-que você precisa se distrair um pouco. Não ficar aí pensando no Ian.
- Não é isso Blair. É só que... Não sei explicar, mas to um pouco cansada disso tudo.
- não estou compreendendo. Onde quer chegar?
- pode ser estranho, mas não me sinto mais bem-vinda nessa casa... Na verdade, creio que nunca fui, mas agora parece que estou sendo um estorvo.
- de onde você tirou isso Helena?
- não sei, só estava pensando nisso!-respondi fitando minha imagem no espelho.
  Eu estava com um vestido carmim com preto, meus cabelos negros estavam presos no topo da cabeça, caindo em uma cascata de cachos em torno de meu rosto e colar de rubi que Ian me deu estava pendurado em meu pescoço.
  Toquei o colar e lembrei de Ian. Como será que ele está? Não sei se deveria me sentir assim, mas estou sentindo falta dele. Do perfume, do sorriso, dos olhos azuis, de sua voz rouca e determinada em meu ouvido...
- Helena, por que está sorrindo feito uma idiota?-perguntou Blair.
- Ian...- foi minha resposta.
  Vi ela revirar os olhos pelo espelho.
- nunca pensei que viveria para ver isso!-reclamou ela cruzando os braços.
  Blair me entregou o anel de diamante de Dorian. Pensei em não usar, mas isso iria magoar ele profundamente, principalmente se ele me visse com o presente de Ian.
  Dorian, apesar de ter cara de vilão de romance, tem a alma sensível, ele tenta ser rude e sarcástico para ocultar seus verdadeiros sentimentos, mas sei que no fundo ele está sofrendo bastante, não quero que ele sofra, ele se tornou um amigo fiel para mim, e eu só quero a felicidade dele.
- está pronta? -perguntou Blair.
- estou!-respondi determinada.
  Eu e Blair descemos lentamente as escadas, e como é Blair, ela tropeçou no vestido e quase caiu no último degrau.
  A sala de estar estava cheia de convidados, em sua maioria eram completos desconhecidos, a não ser por uns poucos que eu me lembrava da festa da uva.
- quanta gente! -disse Blair impressionada.
- os Seymour conhecem muita gente, não tem nem a metade dos amigos deles aqui hoje.
- estou impressionada!-admitiu ela.
  Fomos servidas de vinho por uma criada que passava.
- esse vinho é muito bom! -disse ela.
- realmente! -disse uma voz rude vinda de trás de nós.
  Virei-me surpresa por ter reconhecido a voz, e fiquei ainda mais surpresa ao reconhecer o dono dela.
- Fera?-perguntei espantada.
  Blair ao ver aquele homem enorme com aquela cicatriz horrenda, recuou alguns passos assustada.
- olá senhorita! -cumprimentou-me beijando minha mão.
  Blair parecia assustada observando a cena.
- o que faz aqui?-perguntei.
  Reparei que ele estava vestindo um terno muito elegante, seus cabelos estavam limpos e penteados e a barba havia sido feita recentemente.
- fui convidado! -respondeu ele.
- por quem?
-bem... Eu não fui convidado exatamente!-disse ele sorrindo maliciosamente.
- eu já deveria desconfiar.
- calma boneca. Eu estou trabalhando honestamente para um nobre que está na Vila. Ele foi convidado e eu estou o acompanhando.
  Olhei pra ele desconfiada.
- não acredita em mim?-perguntou ele rindo.
  Sua risada parecia um trovão, senti Blair se encolher ao meu lado.
- claro que acredito fera...
- Garett, por favor Senhorita! -disse ele sorrindo. - Quem é a bela dama?
  Blair saltou ao meu lado assustada.
- Essa é Blair, minha melhor amiga! -apresentei.
- prazer senhorita Blair, sou Garett a seu dispor. Se é amiga da boneca, é minha amiga também.
  Blair deu um sorrisinho amarelo e pediu licença, dizendo que ia falar com uma conhecida. Mas felizmente eu conheço minha amiga, ela está assustada. Provavelmente já ouviu falar no Fera, e com certeza vai me encher de perguntas depois.
- como vai o Doc?-perguntei casualmente.
- bem, ele deve estar enterrando uma cabeça agora.
  Me engasguei com sua resposta, o que o fez gargalhar alto.
- sabe que estou falando sério. Isso não te assusta?
-claro que assusta. Mas vou me acostumar! Um dia... -respondi com olhos arregalados.
- a propósito, feliz aniversário! -disse ele me dando um abraço desajeitado.
  Ele era bem grande, fiquei parecendo uma criança em seus braços. Quando ele se afastou, notei que ele estava sem jeito e um pouco corado, o que me fez rir.
- obrigada Garett.
- Seria muito estranho se eu te desse um presente? -perguntou ele coçando a cabeça.
- isso depende, se for o seu desejo...
  Ele me entregou um embrulho médio, o papel estava meio amassado e o laço era vermelho.
- esse é do Doc. Contei pra ele que vinha e ele mandou felicitações e um presente.
- agradeça a ele por mim!-falei sorrindo.
  Apressada, abri o embrulho. Eu estava curiosa pra saber o que era.
  O presente de Doc, era uma bonequinha de pano. Ela tinha os cabelos negros como os meus, usava um vestido verde igual ao que eu usei na noite em que os conheci.
- deixe-me adivinhar... Sou eu?-perguntei sorrindo.
- é simples... Mas o Doc é muito sentimental.
- eu adorei!-falei sinceramente com lágrimas nos olhos.
  As vezes os presentes mais simples, são os que realmente têm valor. Não importa se eles são assassinos, eles fizerem de coração, isso prova que eles têm um coração.
- esse é o meu... - disse ele.
  Ele me entregou um pequeno pacote retangular, embrulhado em papel pardo com um pequeno laço de barbante.
- desculpe, mas não tive tempo para embrulhar.
  Tirei o papel pardo, e me deparei com um baralho novinho.
- eu adorei! -falei sorrindo.
- que bom!-respondeu ele sem graça.
  O clima ficou meio estranho, um homem daquele tamanho com vergonha.
- que tipo de trabalho anda fazendo pra esse nobre?- perguntei mudando de assunto.
- não é nada com que se preocupar. Eu estou fazendo apenas a segurança dele. Fui contratado pelo pai dele. Esse cara tem o péssimo hábito de arrumar confusão onde vai.
  Antes que eu pudesse responder, um homem de uns vinte e cinco anos, loiro de olhos verdes, pele de porcelana e postura rígida se aproximou. Ele era lindo, cabelos brilhantes, sorriso branco perfeito, roupas finas e um brilho malicioso no olhar.
  Eu já vi ele antes, mas onde?
- senhorita, meu criado está lhe importunando? -perguntou ele com voz firme.
  Fera revirou os olhos irritado.
- de forma alguma senhor...
- saia!-ordenou ele a Garret.
  Garret acenou com a cabeça para mim antes de partir.
- está muito mais bonita do que a última vez em que nos vimos Helena...- disse ele beijando minha mão.
  Como ele me conhece?
- Verde realmente não é a sua cor...- disse ele sorrindo divertido.
- Lorenzo D'Avilla... - falei me lembrando.
  Não acredito que encontrei Lorenzo novamente. Senti minhas bochechas arderem, que vergonha Senhor. Eu esperava nunca mais encontrar ele.
  Como eu podia adivinhar que o encontraria aqui? E ele está diferente, mais bonito, mais sério...
- é bom ver que ainda não me esqueceu! -disse ele sorrindo.
- na verdade procuro não me lembrar de experiências desagradáveis...
- se refere a mim?-perguntou ele ofendido.
- não, só ao fato de ter tomado um banho de tinta verde e ter sido empurrada da escadaria.
- não se preocupe, já passou. E você melhorou bastante desde a última vez.
- posso dizer o mesmo do Senhor!
-que bom que conseguiu aprimorar seu sarcasmo!
-aprendi com o melhor! -respondi sorrindo.
- eu é claro.
- na verdade não, aprendi com Dorian Seymour.
- estou até ofendido!
-não deveria ficar, você é o terceiro melhor!
-terceiro? -perguntou ele ofendido. - E quem é o segundo?
-Eu, obviamente!
  Ele gargalhou.
- não me recordava de sua esperteza.
- que pena... Mas espero que tenha me comprado um presente bem caro!- falei maliciosamente.
  Lorenzo D'Avilla é um dos homesn mais ricos da região, depois do Senhor Seymour obviamente. Ele é dono de grandes pastagens e dono do maior plantio de grãos da região.
- que interesseira! -disse ele sorrindo.
  Ele me entrgou um embrulho vermelho pesado e outro menor dourado.
- Feliz Aniversário! -disse ele.
- você se lembra... - falei abrindo os presentes.
  Ele me deu um livro de Dante Alighieri, e uma caixa de bombons belgas. Conversamos muito sobre essas coisas na época.
- o melhor para a mais bela senhorita! -disse ele sorrindo.
- obrigada senhor. Não esperava nada menos de você!
-me acompanha em uma dança?-convidou ele.
-Por que não? - respondi aceitando seu convite de bom grado.

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