Capítulo 53

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  O dia amanheceu chuvoso. As nuvens escuras tomavam o céu, o vento feroz fazia as árvores se inclinarem e as janelas e portas da casa rangerem. Os fortes trovões eram ouvidos e os raios estavam caindo bem próximos a propriedade.
  Fechei as cortinas no quarto e acendi as velas com a ajuda de Celine enquanto Blair continuava dormindo tranquilamente.
- me espanta a tranquilidade dela!-disse Celine. - Essa tempestade está me apavorando.
  Eu sorri sem vida.
- está com medo também? -perguntou ela.
- Ah não! Eu amo tempestades. Pode parecer estranho, mas eu amo dias nublados, o barulho de chuva no telhado, o vento agitando as árvores, ver os raio cortando o céu...Acho que tem uma certa poesia nisso. É um sentimento que não posso explicar. Eu simplesmente amo isso!
- você definitivamente é estranha. Essa tempestade me apavora, parece que vai arrancar o telhado a qualquer instante.- disse Celine.
  Eu ri com o comentário dela.
- algumas pessoas associam chuva a melancolia, solidão e a coisas sombrias... Mas eu não penso assim, um dia de sol pode ser lindo, mas ele pode ser castigante. Mas a chuva... a chuva representa vida, tudo depende dela pra crescer e frutificar, além de ser linda...
  Nesse intante, um trovão estrondoso foi ouvido assustando Celine que se encolheu.
- Meu Deus!-disse ela assustada.
  Eu sorri e olhei para Blair que nem se mexeu.
- como ela consegue? -perguntou Celine.
- nós somos acostumadas com tempestades. Nós costumavamos ler e tomar chá durante as tempestades, depois íamos para a cama e ficávamos conversando até pegar no sono...
- mesmo assim, esse barulho deveria ter acordado ela...
- Blair não é uma pessoa matinal, ainda mais hoje... Ele está exausta. Acumulou tudo sabe, a viagem e a festa... Se ela acordar antes do almoço será um milagre! - falei sorrindo.
  Meus olhos se voltaram para a chama da vela que estava próxima a mim.
  Como será que Ian está? Será que está chovendo lá? Será que ele já resolveu tudo? Será que pensa em mim?
  Suspirei.
- Helena?
-sim...
- estava pensando nele. Não estava? -perguntou Celine.
- você acreditaria se eu dissesse que não? -perguntei sorrindo.
- ele está bem. Ele sempre faz essas viagens. Ian é muito esperto.
- eu sei...
  Depois de ajudar eu me vestir, Celine desapareceu dizendo que ia checar o andamento do almoço.
  Resolvi fazer o que mais gosto em dias como esse, ler um bom livro com uma bela taça de vinho.
  Meus planos foram por água a baixo no instante em que desci as escadas.
  Parado na porta de entrada da mansão Seymour, estava Lorenzo.
  Devo admitir que ele estava lindo molhado daquele jeito, seus cabelos tinham um caimento perfeito quando molhados e isso realçava a cor deles. Sua cara de anjo esboçava preocupação, mas ao me ver ele abriu um sorriso preguiçoso e me deu uma piscadela.
  O Senhor Seymour estava com ele na porta, parecia ter acabado de chegar pois também estava muito molhado. Quando me viu, lançou-me um olhar penetrante e me ignorou.
  Resolvi retornar para o meu quarto e ficar lá.
- Senhorita De Castro! -ouvi meu nome ser proferido e parei na metade da escada.
  Me virei lentamente sem vontade alguma e vi ambos me encarando.
- Olá! -falei azeda.
- está muito bonita hoje! -disse Lorenzo.
- obrigada! -falei com um sorriso forçado.
  Fiz menção de continuar meu caminho, mas o Senhor Seymour me parou.
- Helena! -chamou ele asperamente.
  Senti a irritação dele ao ter que se dirigir diretamente a mim.
- Senhor...
- Leve Lorenzo a um quarto para se secar. - ordenou ele.
- por que não manda Celine? -perguntei não me contendo.
  No instante em que disse essas palavras me arrependi. A lembrança de Ian ferido invadiu minha mente. Não quero que isso aconteça novamente. Não quero que ele desconte nas pessoas que eu aprendi a amar.
- Porque eu mandei você! -disse ele ríspido.
- sim senhor! -respondi secamente.
  Continuei subindo as escadas esperando que Lorenzo me acompanhasse, mas ele não veio. Olhei para trás e disse:
-Você vem?
  Com três passos ele me alcançou.
  Subimos as escadas em silêncio, mas como ele não pode se conter...
- Helena...
- Estou com muita raiva de você, é melhor nem falar comigo! -avisei.
  Ele riu.
- queira me desculpar senhorita. Eu estava sob efeito do álcool, não foi minha intenção lhe ofender. - desculpou-se ele.
- mas ofendeu. E não, não te desculpo! -respondi irritada.
- você é muito mimada e mau educada!-disse ele.
- Vai me ofender agora? - falei parando no meio do corredor.
- é a verdade. Não deveria se ofender com ela.
- a propósito, o que faz aqui?-perguntei irritada.
- Minha carruagem quebrou aqui perto e a chuva não cessará tão cedo, passarei a noite aqui. Vou aproveitar para tratar de negócios com o Senhor seu sogro, enquanto desfruto de sua bela companhia.
- que absurdo! Não acredito que ficará aqui!-resmunguei.
- convite do seu sogro. Ah... Dorian vai adorar minha presença...
- fique longe de nós. Não gostamos de você então, por favor, enquanto estiver por aqui finja que não existe.
- será impossível com você por perto. Meus coração bate mais forte só de saber que estou na mesma casa que você...-disse ele com um sorriso espontâneo.
  Ele me surpreendeu pegando minha mão e a prendendo contra seu peito.
- me solta! -briguei tentando retirar minha mão.
  Ele não soltou, apenas sorriu me olhando nos olhos.
- está sentindo? -perguntou ele.
  Realmente eu estava sentindo seu coração acelerado, mas isso não quer dizer nada. E eu também não me importo com isso.
- Solta!-ordenei.
  Continuei andando e em poucos segundos ele me acompanhou.
- sei que sentiu algo... - disse ele.
- senti sim!-falei irritada- Raiva...
- admita Helena, eu te atraio e você vai ceder mais cedo ou mais tarde...
- você é muito presunçoso! -falei indignada.
- não querida, eu apenas conheço as mulheres.
- você não ME conhece, porque  se conhecesse, saberia que odeio esse tipo de comportamento.
- Sei que você me que Helena. E quando admitir isso para si mesma, me procure. Aí vamos acabar de uma vez com esse arranjo ridículo ao qual você se meteu...
  Paramos em frente a um quarto de hóspedes desocupado e informei:
-seu quarto.
  Antes que eu pudesse sair ele disse:
-não quer entrar? Preciso de ajuda para me secar!-disse ele maldoso.
- vá para o inferno Lorenzo! -falei com raiva.
- que boca suja Helena.
  O ignorei e continuei andando sem olhar para trás.
- É melhor trancar a porta hoje a noite Helena!- disse ele enquanto eu me afastava.
  Que arrogante esse Lorenzo.
  Ainda bem que não tivemos a oportunidade de nos casar, ele é insuportável. Ele é tudo de ruim que posso imaginar, arrogante, insuportável, prepotente, pervertido e com mania de superioridade.
  Será uma noite terrível com a presença dele, apesar de que Pietra com certeza irá se ocupar de bajular esse idiota. Espero que ele não me incomode mais.
  Agora tenho outras preocupações, e Dorian talvez esteja no topo da lista.
  Ah Dorian, por que você fez isso? Sei que não podemos mandar no coração, mas isso não podia ter acontecido, somos cunhados e mais que isso, somos amigos... Não sei o que fazer agora, talvez Blair tenha razão, me afastar talvez seja o melhor para todos. Não sei como encarar Dorian agora que sei, não sei como as coisas vão ficar... Epero não encontrar com ele hoje, preciso de um tempo pra pensar em tudo.
  Levantei o olhar e me assustei.
  Dorian estava caminhando sorridente em minha direção enquanto eu só queria sumir.

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