Capítulo 17

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Caminhei muito feliz para a sala de jantar, eu estava me sentindo renovada, uma boa competição é o que eu precisava para voltar a me sentir eu novamente.
  Eu me vesti lindamente, com um belo vestido verde de babados, o verde das campinas me inspirou. Prendi meus cabelos e deixei que alguns cachos caíssem.
  Eu cheguei a mesa pontualmente, e o Senhor Seymour já estava lá. Dei um belo sorriso e disse boa noite, mas ele não me respondeu.
  Faltava apenas Pietra, ela estava atrasada, e creio que o motivo seja eu. Ocupei Celine de tal forma que ela se esqueceu de Pietra.
- está atrasada! -disse o Senhor Seymour.
  Levantei os olhos e vi Pietra se aproximando rapidamente.
- perdoe-me senhor, mas a criada me fez atrasar!-explicou ela.
- não culpe os outros por seus erros, não é nada nobre. E Celine não é uma criada, é governanta. Ela não tem obrigação de servir ninguém, está aqui apenas para cuidar da casa. Se ela faz algo, tenha certeza que é por gentileza, pois ela não tem obrigação! -disse o Senhor Seymour.
  Eu estava com tanta vontade de rir, que minhas bochechas estavam queimando e minha barriga doendo, mas eu me controlei.
- Sinto muito Senhor, isso não voltará a acontecer!-falou Pietra de cabeça baixa enquanto sentava.
  Depois de toda essa emoção, o jantar foi servido e começaram as perguntas idiotas.
- e você querida, como foi seu dia?-perguntou o Senhor Seymour a Virgínia.
- foi bem interessante, passei um dia inteiro com a Senhorita Garner, pude conhecer ela melhor. Confesso que estou muito satisfeita.
  Fiquei irritada, um dia inteiro com Pietra. Isso pode acabar com meus planos, afinal Pietra pode ter inventado muitas calúnias a meu respeito. Mas Virgínia é esperta, não iria se deixar influênciar tão facilmente.
- Helena, conte como foi seu dia!-pediu Virgínia sorrindo.
- a Virgínia meu dia foi excelente.
- sério? -perguntou Dorian surpreso.
- sim.- falei sorrindo.
- e o que deixou seu dia tão excelente? -perguntou o Senhor Seymour.
  Era a primeira vez que ele se dirigia a mim sem desprezo na voz.
- ah, eu li um pouco. Sabem como adoro ler. Tive um conversa bem produtiva com o Senhor Dorian, sabe meu cunhado, você está coberto de razão.
- estou?-perguntou Dorian rindo sem entender.
- claro que está. Nossa conversa me fez refletir muito e cheguei a conclusão de que você tem toda razão!
-que bom que pude ajudar! Eu acho!-disse ele.
- que conversa foi essa?-perguntou Pietra irritada.
- nada de muito interessante Senhorita, apenas fatos!-disse Dorian.
  Ela ficou furiosa, viu que estava sendo excluída do assunto e ela não gostava disso.
- e só isso fez seu dia ficar tão... Feliz?-perguntou o Senhor Seymour curioso e confuso.
- claro que não, a melhor parte foi o belo passeio pelos jardins com meu encantador noivo! -falei sorrindo para ele.
  A surpresa em seus olhos foi surreal. Ele abriu a boca para falar alguma coisa mas nenhum som saiu, ele me encarou surpreso por alguns segundos até sorrir para a mãe.
- vejo que nossa conversa realmente funcionou!-disse Dorian sorrindo e surpreso.
- mas que tipo de conversa foi essa? Como ela pode ter mudado tanto assim em poucas horas? Do que falaram? - Pietra parecia prestes a arremessar a faca em mim.
- Senhorita Garner, garanto que a conversa que tive com Dorian não é da mesma natureza que a conversa que a Senhorita teve com meu noivo! - falei séria.
   Pietra arregalou os olhos, eu podia ler sua mente naquele momento era algo como "Ela sabe! Perdi meu trunfo!".
  Sorri pra ela como se respondesse: "É eu sei, vai ter que fazer melhor que isso!"
- e de que natureza exatamente foi essa conversa?-perguntou Virgínia.
  Senti Ian me cutucar nas costelas. Doeu.
- Virgínia, acho que deve perguntar a Senhorita Garner, afinal eu não estava presente. Só sei o que meu noivo contou.
- Senhorita Garner? -perguntou Virgínia.
- Virgínia...- começou Pietra nervosa.
- Senhora Seymour, não te dei liberdade para me chamar pelo primeiro nome! -disse Virgínia.
  Eu tive vontade de gritar de tão feliz, Virgínia está do meu lado. Aquela víbora vai ver só.
- mas ela...- começou Pietra confusa.
- Senhorita Garner, Helena chegou a mais tempo, temos uma relação de amizade. Espero que entenda, pretendo construir o mesmo com a Senhorita.
- claro que sim!-disse Pietra.
  Pietra estava furiosa, eu tinha conseguido tirar ela do sério, agora é esperar para ver o que ela vai fazer. Ela não pode me atacar na frente dos outros, ou seu papel de boa moça irá ruir. Por isso preciso me manter acompanhada por hora, só pra ela segurar a fúria e cometer algum erro.
  Durante o jantar ela conseguiu se recuperar, estava liderando a conversa novamente e conseguiu desviar todos da isca que lancei. Ela tem mais autocontrole do que eu imaginei, e é mais manipuladora. Isso pode ser ruim. Muito ruim pra mim.
  O jantar acabou e as pessoas se dispersaram, eu não queria ficar sozinha por muito tempo, então fui em busca de companhia.
  Encontrei Dorian a caminho do salão principal, onde haviam diversos sofás vermelhos com dourado, lareira e recordo do piano de cauda que estava no canto escuro da sala.
- Senhorita Helena, que bom ver que meus conselhos foram úteis! -disse ele sorrindo.
  Sorri sem responder nada, eu poderia contar para ele, mas isso implica certa confiança, não sei o quanto ele é próximo de Pietra.
- me acompanha?-perguntou ele me oferecendo o braço.
- claro Senhor Seymour! -falei tomando seu braço.
  Caminhamos juntos para o salão principal, ele fazia comentários sobre minha repentina mudança de humor e eu apenas concordava e dizia que nossa conversa foi minha motivação.
- então isso quer dizer que a Senhorita vai ficar?-perguntou ele.
- certamente! -respondi sem vacilar.
  Mentiras. Parecem sair com uma naturalidade, que até eu já estou começando a acreditar nelas.
  Entrando no salão, nos deparamos com uma cena curiosa, para não dizer estranha.
  Pietra e Ian estavam ali dançando uma valsa, bem juntinhos.
  Olhei para Dorian que observava a cena curioso e parecia um tanto aborrecido.
  Ian finalmente pareceu nos notar, então se separou imediatamente de Pietra que sorriu triunfante para mim.
  Antes que eu pudesse pensar em falar alguma coisa, Dorian se antecipou.
- cena curiosa! -disse ele casualmente.
- não é nada do que estão pensando! -argumentou Ian com as mãos erguidas.
- então nos esclareça, por favor! -falei aborrecida.
- não se preocupe querida! -disse Pietra. - Ian só está fazendo um favor. Está me ensinando a dançar. Eu queria aprender a tempo para o noivado, não queria envergonhar meu noivo.
  Revirei os olhos. Era uma mentira deslavada, já vi ela nos bailes, ela sabe dançar sim.
- podia ter me pedido! -disse Dorian.
- eu não queria que soubesse Dorian. Fiquei envergonhada de mais e com medo que me devolvesse! -disse ela corando falsamente e abaixando a cabeça.
- está tudo bem, todos temos algum defeito! -disse Dorian sorrindo.
- é, a burrice parece ser de família! -sussurrei para mim mesma.
- disse alguma coisa?-perguntou Dorian.
- não, impressão sua!-respondi sorrindo.
- e o que vocês fazem aqui juntos? -perguntou Ian.
  Somente então notei que eu e Dorian permanecemos de braços dados durante a conversa.
  Dorian imediatamente libertou meu braço, pegou minha mão a beijou e disse:
-fico feliz que tenha mudado de ideia!
  Sorri para ele.
  Dorian era um bom amigo, um tanto impertinente as vezes, mas tem um coração decente. Eu até teria pena dele se casar com a cobra da Pietra, se eu não soubesse que ele vai trair ela, então isso me consola.
- querida cunhada, nos de o prazer de ouvir a Senhorita tocar para nós! -pediu Dorian.
- claro, será um prazer! -falei.
  Caminhei para o piano e comecei a tocar as primeiras notas, que vibravam pela grande sala silenciosa, enchendo o lugar com melodias graciosas, dando sensação de que eu estava em casa.

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