capítulo 5

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Cadu narrando

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Cadu narrando.

A semana passou voando. Eu me ajeitei mais aqui na favela, fiz uns corres e acabei que entrei pra segurança do morro.

Dispensei os fuzis na luz do dia, isso traz uma imagem muito forte e eu não preciso de um fuzil pra mostrar do que sou capaz.

Eu só participo dos conflitos. Eu tenho uns enrosco aí com o dono da quebrada. Ele me comprou de certa forma. Ganhando seis mil por mês, sem precisar pagar a conta de água e luz, além de uma moto. To patrão agora, fi.

Vou subindo o morro enquanto faço uma ligação e acabo indo pela zona leste, que é o lado mais perigoso da quebrada.

Guardo o celular no bolso e vou chegando perto da mini periferia ali, até ouvir um barulho. Me aproximo mais e quando vejo é só um homem e uma mulher se catando.

Rio balançando a cabeça e vou seguir caminho, mas quando olho de novo vejo que o cara não me é estranho.

Marido da Juliana.

Cadu: Filho da puta.—me escondo.

Cj: Precisa voltar pra casa—conversa com a mulher.—minha mulher já deve tá chegando com as crianças.

Lola: Não consegue dar uma fugidinha hoje à noite? Quinta feira... dá um remedinho pra patroa dormir pesado, aí eu te espero lá no meu barraco.

Cj: Sei não. Essa semana a Ju tá suavona comigo.

Lola: —faz cara de triste.— Só porque eu comprei uma lingerie nova. Vermelha... fininha... e eu tava super afim de estrear ela hoje.

Cj: Não fala assim—beija os seios dela.—eu fico louco contigo.

Lola: —ri.— Te espero onze horas.—leva a mão até o pau dele e aperta.

Fico observando aquilo com vontade de partir pra cima e quebrar a cara do animal. Ele é muito canalha. Tudo bem que essas coisas são normais aqui no Morro, não é todo cara que é fiel não, ainda mais esses malandros.

Só que as muié sabe que leva chifre e chifra também né. O contrário da Juliana, que é uma iludida achando que tem o melhor marido do mundo.

Saio de lá furioso, saio bem rápido porque se não ia eu desce o cacete nele, e vou indo em direção a casa do Joca, vê se pelo menos ele tá ligado dessa palhaçada. Se bem que eu acho que não. Ela é tipo uma irmã pra ele, se ele soubesse ele ia matar o cara.

Pra minha surpresa, adivinha quem eu encontro no caminho?

Ju: Vem crianças, não vão pro meio da rua. Fabinho aqui, filho. Da a mão pra mamãe. Aninha ajuda a mãe com uma sacola, filha.

Vejo ela na maior cena de correria. Com duas crianças, cheia de sacolas e as bolsas de escola.
Corro até lá pra ajudar.

Cadu: Opa, boa tarde dona. Tá precisando de uma mãozinha?—falo pegando as sacolas das mãos dela.

Ju: Cadu!—me olha sorrindo.— eu não vou recusar.

Aninha: Quem é ele?

Ju: Um amigo da mamãe.

Ela pega o moleque no colo.

Ju: Vamos se apresentar?

Fabinho: Oi —sorri.— eu sou o Fabinho, e essa é minha tata Aninha, e ela não gota de voci, e vai conta po meu pai que a mamãe tem um aigo novo.

Ju: Fábio Henrique!—chama atenção dele.

Cadu: Eu adorei te conhecer, Fabinho—dou um toque de mão com ele.— e tu, mocinha? Não gosta de mim mesmo?

Aninha: Eu não sei —dá os ombros.—o papai não gosta dos amigos da mamãe.

Cadu: Bom, acho que isso não precisa ser um problema. Você gosta de sorvete?

Ela afirma com a cabeça.

Vejo um tiozinho passando com um carrinho de sorvete e paro ele. Peço dois sorvetes de morango e dou um pro Fabinho e outro pra ela.

Pago o cara e olho pra ela.

Cadu: O que acha de sermos amigos agora?

Ela solta uma risada e me olha chupando o sorvete.

Aninha: Pode ser.

Ju: —ri.— Não precisava ter feito isso.—me olha.

Cadu: É criança—rio.— tá chegando agora do serviço?

Ju: É. E você?

Cadu: Ah, to suave hoje. Tu é professora né?

Ju: Uhum—fala limpando a boca do menino.— quer entrar?

Paramos em frente a uma casa e ela coloca o menino no chão.

Cadu: Só levar essas coisas pra dentro.

Entro na casa e vejo que tudo é bem arrumado. Coloco as compras na cozinha e vou indo pra porta.

Ju: Aninha vai entrando no banho, filha.—grita.

Ela vai comigo até o portão.

Cadu: Mãezona. Que vida em.—dou risada.

Ju: Não é fácil.—ri cansada.

Cadu: É. Melhor eu ir.

Ju: É. Obrigada viu. Você sempre aparecendo na hora certa.—sorri simpática.

Olho pro sorriso dela e fico bem, bem sabe? Me sinto bem. Mas com raiva do filho da puta.

Cadu: Ju?—impeço ela de fechar o portão.

Ju: Oi?

Olho pra ela que sorri esperando que eu fale.

Cadu: É.. nada não. A gente se vê.

Ju: —ri.— Obrigada de novo. A gente se vê.

𝐉𝐔𝐋𝐈𝐀𝐍𝐀Onde as histórias ganham vida. Descobre agora