Eu lhe agradeço por ter cruzado meu caminho, você vem ganhando importância em minha vida, a cada dia que se passa. Eu sou o tipo de pessoa ausente, eu posso até ficar dias sem aparecer, mas estarei aqui sempre que precisar, eu irei enxugar cada lágr...
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Carlos Eduardo narrando.
Eu só posso estar vendo e ouvindo coisa. Minha visão embaça e eu dou uma cambaleada para trás mas me seguro firme. Eu não tô acreditando nisso.
Sinto o meu corpo fervendo, os meus olhos ardendo e a minha cabeça estaria pronta para explodir. Olho pro Jesus que balança a cabeça de forma negativa, como se não tivesse como evitar aquilo.
10 anos. Fazia mais de 10 anos que eu não via o Pedro, meu irmão.
Na hora me vem um flashback de coisas do passado, coisas das quais eu já tinha enterrado e feito questão de esquecer, mas que agora veio tudo à tona novamente.
Flashback 1| 5 anos de idade:
Pedro: Eu quero esse carrinho.
Carlos: Eu peguei primeiro.
Pedro: Mas eu quero esse.
Carlos: Você já tem um.
Pedro: Porque você não pode dividir, Dudu? A gente brinca junto.
Pedro coloca a mão no carrinho de Carlos e o mesmo arremessa contra a parede.
Carlos: Eu disse não, Pedro, não!
Márcia: O que que isso?—entra no quarto assustada.
Pedro: O Dudu não divide o carrinho.—chora.
Flashback 1 off|
Flashback 2| 7 anos de idade:
Carlos: Socorro!—grita.—alguém?
Ele havia caído em um buraco e não conseguia sair.
Pedro: Edu, cadê você?—grita procurando o irmão.
Carlos: Pedro, aqui, Pedro. Aqui em baixo.
Pedro corre até o local do buraco.
Pedro: Edu, o que você tá fazendo aí?
Carlos: Uma festa—diz irônico e bravo.—me ajuda, eu caí.
Pedro: Eu vou te tirar daí.
O menino arruma um jeito de tirar o irmão de dentro do buraco, sozinho. Sem agradecer, o menino vai correndo pra casa e Pedro vai atrás.
Pedro: Edu, você devia dizer obrigado.
Carlos: Eu teria feito o mesmo por você —á os ombros.— somos irmãos.
Pedro dá os ombros e senta na frente da Tv.
Carlos:obrigado -fala baixinho.
Flashback 2 off|
Flashback 3| 11 anos.
Carlos: Vamos jogar futebol.—pega a bola e sai correndo.
Pedro: Deixa eu ir no seu time, Edu.
Carlos: Não! Você fica no time do Gustavo.
Carlos, na liderança como sempre, separa os times de sua maneira, e ele nunca permitia que o irmão ficasse em seu time.
Pedro: Mas eu queria jogar no seu time.
Carlos: Mas você é ruim. Eu não gosto de gente ruim no meu time.
Pedro: Mas eu sou seu irmão!
Carlos: Continua sendo ruim.—dá os ombros.
Flashback off|
Flashback 4| 13 anos.
Gustavo: —entra correndo.— Edu, os meninos da rua de baixo tão querendo bater no Pedro lá no campinho, vem.
Carlos: Tá passando a corrida—diz vendo a Tv.— não vou não. Ele se vira.
Gustavo: Merda, Edu!—sai correndo.
Carlos continua assistindo a corrida, porém não consegue mais prestar atenção.
Carlos: —bufa e levanta.— Esse menino sempre apronta.
Rosa: Onde vai, querido?—pergunta ao neto.
Carlos: Na casa de um colega.—coloca o chinelo.
O garoto mente para a avó e vai até o campinho, onde os meninos avançam pra cima de Pedro.
Carlos: Ei!—chama atenção deles.— 5 contra 1?
X: É! veio defender o irmãozinho?
Carlos: Não, só não achei justo. Agora é contra 2—vai do lado de Pedro.— pra bater no meu irmão vai ter que bater em mim primeiro.
Flashback off|
Flashback 5| 15 anos.
Era aniversário de quinze anos dos gêmeos. Eles fizeram uma festa na casa e chamaram alguns amigos.
Pedro: Feliz aniversário.—chega perto do irmão.
Carlos: Valeu. Feliz aniversário.—dá um tapa na orelha do irmão.
Eles dão risada e Pedro o puxa para um abraço.
Carlos: Não gosto disso.—se afasta e ri.
Pedro: Eu te amo, vei.
Carlos nunca havia falado um "eu te amo" para o irmão. Ele o encara então a vó chama pra cortar o bolo.
Carlos: Bora.—dá um tapinha nas costas de Pedro.
Flashback off|
Flashback 6| 17 anos.
Carlos: Vó.—entra em casa com vontade de chorar.
Rosa: Querido.—abraça o neto.
Carlos:ela terminou comigo, vó -deita no colo de Rosa- ela terminou comigo pra ficar com o meu irmão -soluço.
Rosa: Meu bem, chora—faz um carinho no neto.— chora que faz bem.
O menino chora no colo da avó até pegar no sono.
[...]
Carlos sai do colégio e quando passa pela rua de trás, vê o irmão com abraços e beijos com Luísa.
Pedro: Eu amo você—beija a garota.— e vou te amar pro resto da minha vida.
Vitória: Mas e o Edu? Eu to preocupada com ele.
Pedro: Terminou com ele né?
Vitoria: Sim.
Pedro: Ele é meu irmão. Eu amo ele. Se ele me amar também ele vai querer me ver feliz e vai entender.
Vitoria: Tomara.—volta a beija-lo .
Ao anoitecer eles se encontram em casa, na hora do jantar. E o clima não fica bom.
Carlos: Vai se fuder, sai da minha frente, inferno!—bate a porta do quarto.
