Cadu narrando.
Tive que me apresentar para o Senegal e ele fez uma ladainha toda, depois me mandou ir dormir. A Giane tentou vir falar comigo mas eu não quis nem olhar na cara dela.
Fui pra cama e peguei o celular. Adicionei o número do Pedro, até porque a Juliana deve estar me odiando.Eu não podia fazer barulho então tive que mandar mensagem.
Mensagem|
Cadu: Pedro. Eu não tenho tempo
Cadu: Vou te mandar a localização.
Cadu: Não envolve a polícia nisso, os fdp são da pesada
Cadu: Organiza a tropa do morro, fala com o corintiano, custe o que custar só plmdds me tira dessa inferno
Pedro: Como sei que é vc de vdd?
Cadu: Puta merda Pedro
Cadu: Nome do seu melhor amigo de infância era Luquinhas e nossa mãe odiava ele porque ele era judeu
Pedro: Puta que pariu mano, onde ce tá cara?
Cadu: Faz o que eu falei. Não vem sozinho plmdds. Amanhã meio dia é a troca de turno dos capangas. Uns vão pra casa e outros chegam então a casa tá mais vazia.
Pedro: Demorô irmao. Cê tá bem? te machucaram?
Cadu: Não importa. Como tá a minha filha? a Juliana?
Pedro: Estão bem. Marcelinha cresce cada dia mais. Amanhã de noite tu já tá aqui pra ver ela
Cadu: Não vacila, vei. Eu só tenho essa chance
Pedro: Prometi pra Juliana que ia te tirar daí então eu vou
Cadu: Ela acredita em mim??
Pedro: Longa história. To indo agora pro morro ir atrás das coisa
Cadu: Como assim indo pro morro?
Pedro: Ju não mora mais lá cara. Ela surtou
Cadu: pqp
Mensagem off|
Ouço barulhos na porta e desligo o aparelho, escondo no travesseiro e finjo estar dormindo.
Giane: Cadu?
Ela caminha até minha cama e senta.
Giane: Sei que não está dormindo. Fala comigo.
Cadu: Que que você quer?
Giane: Conversar.
Cadu: Conversar?
Sento na cama e a encaro.
Cadu: Tu quer conversar? Tu tá compactuando com essa gente suja, se aproveitando de mim a mando deles, eu tenho uma filha de 6 meses que eu nunca vi na vida e nem sei se vou ver, tu acha isso massa, vei? devo conversar com uma pessoa podre que nem você, mano?
Giane: Eu sei —abaixa a cabeça.— sei dos meus erros. Mas tu não lembra né? tu não lembra que eu, que nós só estamos aqui por culpa sua.
Cadu: Então tu acha que eu sou uma pessoa ruim, Giane? acha que eu sou uma má pessoa?
Pedro narrando.
Corintiano: Coé, Pedrão. Colando aqui na quebrada assim?
Pedro: Preciso da tua equipe de resgate.
Ele se levanta da cadeira e cruza os braços.
Corintiano: Explica isso direito, rapá.
Conto tudo a ele e ficamos mais de uma hora, com mais quatro caras, traçando um plano.
Corintiano: É operação grande, tu tá ligado, né? Esse tal de Senegal é bandido internacional, mexe com máfia e luta clandestina. Só vou entrar nessa porque tenho muita dívida com o Vidote e ele é um irmão pra mim. Só que a Juliana surtou e saiu da comunidade, quero ela e as criança dela de volta na favela, demorô? Era a melhor professora que tinha aqui.
Pedro: Trago a Ju de volta. Prometo.
Corintiano: Já é. Marroni, desce lá na embaixada e fala que o Corintiano pediu reforço. Quero a minha tropa toda envolvida no bagulho e mais 67 cabeça de cabra macho.
Marroni: Demorô.
Corintiano: E tu vai junto com nois—olha pra mim.—amanhã no horário combinado.
Pedro: Certo.
Corintiano: Vou ter a chance de colocar as mãos nesse porco do caralho. Sabe usar um fuzil, moleque?
Pedro: Eu me viro.
Saio de lá meio balançado. Mexer com bandido é foda, da medo, não é seguro, eu não sou assassino e eles matam qualquer um fácil fácil.Mas é pelo meu irmão. É pela Juliana, pela Marcela. Espero que dê tudo certo porque muita gente vai morrer, e isso é péssimo.
Juliana narrando.
O Pedro veio pra casa desesperado, explicou tudo e me ajudou a fazer minhas malas o mais rápido possível.
Veio um caminhão de mudança do pessoal de lá do Morro e eles pegaram alguns móveis.
O Pedro teve que ir, o Joca também se juntou com ele e a Vivi ficou me ajudando a terminar a mudança.Ju: Vem pra mãe trocar você—pego a Mar no colo e a levo pra única cama que ficou lá. Troco a fralda dela e coloco um agasalho.
Fabinho: Mamãe, o Cadu vai voltar?
Abaixo até ele e passo a mão em seus cabelos.
Ju: Queira Deus que sim, filho.
Aninha: E a gente de novo se mudando por causa desse homem.—coloca sua mochila nas costas.
Ju: Ana Clara, por favor, Ana Clara. Agora não.
Aninha: Tô mentindo? Vem, Fabinho, vamos pro carro.—pega mochila dele e da a mão pra ele.
Ela vai indo pro carro com ele e eu respiro fundo.
Vivi: Paciência. Tenha paciência.
Ju: Gente, toda vez ela faz isso. Ela não se cansa. Essa menina precisa de limites, Viviane, ela precisa de limites!
Vivi: Vem com a tia.—pega a Marcela do meu colo.
Termino de pegar as bolsas e vou colocando no carro.
Marcela: Mãmãmãmã.—me chama colocando o dedo na boca.
Ju: Tira o dedo da boca, filha—arrumo ela na cadeirinha.— deita aqui, deita. Tira um soninho.
Arrumo as crianças no carro e vou pro banco do motorista. Olho pra Vivi que segura forte na minha mão.
Vivi: Vai dar tudo certo. Confia.
Ju: A minha vida é uma bagunça, Vivi. Logo eu que sempre procuro organizar tudo.
Vivi: Teu homem vai voltar pra ti. Tudo vai se acertar.
Sinto meus olhos pesados de lágrimas.
Ju: Só espero que volte vivo.—falo em tom de sussurro e deixo uma lágrima escorrer.
Pra voltar pra comunidade foi aquela coisa toda. Maior movimentação, gente armada andando pra cima e pra baixo... Subo até a minha casa e encontro tudo arrumado. Vejo em cima da mesa um bilhete e abro.
"Seja bem vinda de volta dona Juliana. É com muita honra que mandei preparar a casa de volta pru cê. Tô trazendo teu macho de volta, e também quero tu dando aula aqui de novo. Não precisa agradecer eu não, estou quite com o teu marido. É nois patroa.
Corintiano"Atrás da carta uma foto dele e do Cadu levantando dois fuzis no alto do Morro.
Dou risada da foto.
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𝐉𝐔𝐋𝐈𝐀𝐍𝐀
Teen FictionEu lhe agradeço por ter cruzado meu caminho, você vem ganhando importância em minha vida, a cada dia que se passa. Eu sou o tipo de pessoa ausente, eu posso até ficar dias sem aparecer, mas estarei aqui sempre que precisar, eu irei enxugar cada lágr...