capítulo 65

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Cadu narrando

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Cadu narrando.

Tive que me apresentar para o Senegal e ele fez uma ladainha toda, depois me mandou ir dormir. A Giane tentou vir falar comigo mas eu não quis nem olhar na cara dela.

Fui pra cama e peguei o celular. Adicionei o número do Pedro, até porque a Juliana deve estar me odiando.Eu não podia fazer barulho então tive que mandar mensagem.

Mensagem|

Cadu: Pedro. Eu não tenho tempo

Cadu: Vou te mandar a localização.

Cadu: Não envolve a polícia nisso, os fdp são da pesada

Cadu: Organiza a tropa do morro, fala com o corintiano, custe o que custar só plmdds me tira dessa inferno

Pedro: Como sei que é vc de vdd?

Cadu: Puta merda Pedro

Cadu: Nome do seu melhor amigo de infância era Luquinhas e nossa mãe odiava ele porque ele era judeu

Pedro: Puta que pariu mano, onde ce tá cara?

Cadu: Faz o que eu falei. Não vem sozinho plmdds. Amanhã meio dia é a troca de turno dos capangas. Uns vão pra casa e outros chegam então a casa tá mais vazia.

Pedro: Demorô irmao. Cê tá bem? te machucaram?

Cadu: Não importa. Como tá a minha filha? a Juliana?

Pedro: Estão bem. Marcelinha cresce cada dia mais. Amanhã de noite tu já tá aqui pra ver ela

Cadu: Não vacila, vei. Eu só tenho essa chance

Pedro: Prometi pra Juliana que ia te tirar daí então eu vou

Cadu: Ela acredita em mim??

Pedro: Longa história. To indo agora pro morro ir atrás das coisa

Cadu: Como assim indo pro morro?

Pedro: Ju não mora mais lá cara. Ela surtou

Cadu: pqp

Mensagem off|

Ouço barulhos na porta e desligo o aparelho, escondo no travesseiro e finjo estar dormindo.

Giane: Cadu?

Ela caminha até minha cama e senta.

Giane: Sei que não está dormindo. Fala comigo.

Cadu: Que que você quer?

Giane: Conversar.

Cadu: Conversar?

Sento na cama e a encaro.

Cadu: Tu quer conversar? Tu tá compactuando com essa gente suja, se aproveitando de mim a mando deles, eu tenho uma filha de 6 meses que eu nunca vi na vida e nem sei se vou ver, tu acha isso massa, vei? devo conversar com uma pessoa podre que nem você, mano?

Giane: Eu sei —abaixa a cabeça.— sei dos meus erros. Mas tu não lembra né? tu não lembra que eu, que nós só estamos aqui por culpa sua.

Cadu: Então tu acha que eu sou uma pessoa ruim, Giane? acha que eu sou uma má pessoa?

Pedro narrando.

Corintiano: Coé, Pedrão. Colando aqui na quebrada assim?

Pedro: Preciso da tua equipe de resgate.

Ele se levanta da cadeira e cruza os braços.

Corintiano: Explica isso direito, rapá.

Conto tudo a ele e ficamos mais de uma hora, com mais quatro caras, traçando um plano.

Corintiano: É operação grande, tu tá ligado, né? Esse tal de Senegal é bandido internacional, mexe com máfia e luta clandestina. Só vou entrar nessa porque tenho muita dívida com o Vidote e ele é um irmão pra mim. Só que a Juliana surtou e saiu da comunidade, quero ela e as criança dela de volta na favela, demorô? Era a melhor professora que tinha aqui.

Pedro: Trago a Ju de volta. Prometo.

Corintiano: Já é. Marroni, desce lá na embaixada e fala que o Corintiano pediu reforço. Quero a minha tropa toda envolvida no bagulho e mais 67 cabeça de cabra macho.

Marroni: Demorô.

Corintiano: E tu vai junto com nois—olha pra mim.—amanhã no horário combinado.

Pedro: Certo.

Corintiano: Vou ter a chance de colocar as mãos nesse porco do caralho. Sabe usar um fuzil, moleque?

Pedro: Eu me viro.

Saio de lá meio balançado. Mexer com bandido é foda, da medo, não é seguro, eu não sou assassino e eles matam qualquer um fácil fácil.Mas é pelo meu irmão. É pela Juliana, pela Marcela. Espero que dê tudo certo porque muita gente vai morrer, e isso é péssimo.

Juliana narrando.

O Pedro veio pra casa desesperado, explicou tudo e me ajudou a fazer minhas malas o mais rápido possível.

Veio um caminhão de mudança do pessoal de lá do Morro e eles pegaram alguns móveis.
O Pedro teve que ir, o Joca também se juntou com ele e a Vivi ficou me ajudando a terminar a mudança.

Ju: Vem pra mãe trocar você—pego a Mar no colo e a levo pra única cama que ficou lá. Troco a fralda dela e coloco um agasalho.

Fabinho: Mamãe, o Cadu vai voltar?

Abaixo até ele e passo a mão em seus cabelos.

Ju: Queira Deus que sim, filho.

Aninha: E a gente de novo se mudando por causa desse homem.—coloca sua mochila nas costas.

Ju: Ana Clara, por favor, Ana Clara. Agora não.

Aninha: Tô mentindo? Vem, Fabinho, vamos pro carro.—pega mochila dele e da a mão pra ele.

Ela vai indo pro carro com ele e eu respiro fundo.

Vivi: Paciência. Tenha paciência.

Ju: Gente, toda vez ela faz isso. Ela não se cansa. Essa menina precisa de limites, Viviane, ela precisa de limites!

Vivi: Vem com a tia.—pega a Marcela do meu colo.

Termino de pegar as bolsas e vou colocando no carro.

Marcela: Mãmãmãmã.—me chama colocando o dedo na boca.

Ju: Tira o dedo da boca, filha—arrumo ela na cadeirinha.— deita aqui, deita. Tira um soninho.

Arrumo as crianças no carro e vou pro banco do motorista. Olho pra Vivi que segura forte na minha mão.

Vivi: Vai dar tudo certo. Confia.

Ju: A minha vida é uma bagunça, Vivi. Logo eu que sempre procuro organizar tudo.

Vivi: Teu homem vai voltar pra ti. Tudo vai se acertar.

Sinto meus olhos pesados de lágrimas.

Ju: Só espero que volte vivo.—falo em tom de sussurro e deixo uma lágrima escorrer.

Pra voltar pra comunidade foi aquela coisa toda. Maior movimentação, gente armada andando pra cima e pra baixo... Subo até a minha casa e encontro tudo arrumado. Vejo em cima da mesa um bilhete e abro.

"Seja bem vinda de volta dona Juliana. É com muita honra que mandei preparar a casa de volta pru cê. Tô trazendo teu macho de volta, e também quero tu dando aula aqui de novo. Não precisa agradecer eu não, estou quite com o teu marido. É nois patroa.
Corintiano"

Atrás da carta uma foto dele e do Cadu levantando dois fuzis no alto do Morro.
Dou risada da foto.

𝐉𝐔𝐋𝐈𝐀𝐍𝐀Where stories live. Discover now