Entre lições de escrita, suportar o falatório do Ribas, refeições exóticas em diversos locais de Topemari e as sessões com Nofaviz, o tempo passou depressa. Kurdis já vivia na cidade há mais que um mês e havia se habituado ao clima quente e às fortes brisas que faziam as janelas de seu quarto trepidar e assobiar.
Sentia-se atraído pela bela artífice, que, por vezes, dispunha de algum tempo após as sessões para conversar. Kurdis contou muitas coisas para ela, mas a recíproca não era verdadeira.
— Muito bem! Finalmente cheguei ao tom que pretendia para seus olhos!
— Isso é muito desconfortável! Parece que tem areia nós meus olhos.
— Vamos pingar mais anestésico. Vai ajudá-lo a dormir essa noite. É importante não coçar para não danificar sua visão. Eu vou aplicar uma faixa.
— Mas como vou chegar à estalagem sem enxergar?
— Eu o levarei para repousar.
— Obrigado, senhora.
Ele sentiu a pele calejada das mãos da artífice segurando em seu braço. Seu toque era quente, como se estivesse com febre.
— Venha comigo, irei guiá-lo.
— Estou ficando na Mar Perfeito.
— Sei disso, mas nesta situação é melhor pernoitar aqui.
— O Ribas ficará preocupado.
— Enviarei o Boitux para levar o recado.
Kurdis estava atento aos sons. Seus próprios passos arrastados e inseguros e os de Nofaviz, bem demarcados e amadeirados.
Subiram uma longa escada.
— Estamos indo longe. Quantos pavimentos há nesta casa, afinal?
— Isto não é uma casa, Le'Daman... Chamamos de colégio.
O rapaz teve a sensação que subiram quarto ou cinco lances de escada. Então chegarem em um local quente no qual os passos ecoavam.
— Tem uma lareira acessa aqui?
— Não. Meu quarto é aquecido por uma fonte termal.
Kurdis sentiu um suave odor sulfuroso que o fez pensar nas Colinas Vaporosas ao sul de Valta.
— Deseja se banhar?
— Posso tirar a faixa?
— Não.
— Então, como irei...
— Eu irei ajudá-lo.
Kurdis engoliu em seco quando ouviu tecidos caindo no chão.
Ela está se despindo? E eu cego? Não acredito.
Ele sentiu as mãos dela tirando sua roupa e em seguida o conduzindo para a fonte.
— São três degraus, por aqui.
Kurdis colocou os pés na água quente.
— Está bem quente.
— Venha devagar para se acostumar.
Escutou o som de um mergulho. E depois de alguns instantes e de ouvir o sons de natação, ela falou.
— Eu já estou habituada.
Kurdis descia os degraus e estava com água acima dos joelhos. Então ficou muito excitado, imaginando Novafiz nua ali por perto.
— Vejo que está animado, Le'Daman...
— Me desculpe, é que imaginei...
— É bom só imaginar mesmo. Entre que irá logo relaxar.
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O Bruxo e a Foice Sombria
FantasyKurdis Le'Daman é um bruxo cuja magia desperta de forma sombria, desencadeando uma tragédia que o obriga a ingressar na escola de magia da ordem Maihari. Em um mundo repleto de forças sombrias ele deve aprender a lidar com poderes obscuros que o cer...