60. Batalha

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O exército de noruks escorreu do alto das colinas para ao baixio onde se situava Jaffe. Do alto, podia se ver a maior cidade de Kedpir, que já fora capital antes de Tédris. O mar esverdeado na costa, apinhado de embarcações que chegavam e saíam do mais importante porto de Kedpir de modo incessante.

O exército humano que se posicionava do lado de fora da cidade era comandado pelo Rei Hasgur. Kurdis logo reconheceu o estandarte que o representava, a lança flamejante. Viu o rei brilhando envolto numa armadura prateada e com um manto vermelho-escuro que escorria de um dos lados de seu cavalo cinzento.

Será que o filho teria coragem de lutar junto a seu pai? Aquele rato miserável!

Um sem-número de machos noruk conduziu à linha de frente os carrinhos de mão em que estavam presos crianças, mulheres e velhos. Várias fileiras de escudo humano logo estabeleceram a vanguarda do exército.

A linha de frente avançou sobre o descampado de terras que haviam recebido plantio para uma nova safra de grãos. Kurdis observou que as tropas inimigas também se moveram, os metais das armas e armaduras brilhando sob o sol. Aquilo o lembrou de diversas batalhas que lutara na guerra contra os kunes, em sua juventude. Lembranças logo ficaram de lado quando soaram os tambores dos Kum'tum, machos especializados comandar diversas atividades coletivas dos noruks. Ao ouvir as instruções codificadas no ritmo percussivo, as arqueiras dispararam a primeira saraivada de flechas que formou uma nuvem cruzando o espaço entre os exércitos. Em resposta, os chifres de Kedpir soaram e os arqueiros humanos dispararam.

O escudo humano não inibiu o ataque dos desgraçados, somente nos deu a vantagem do primeiro disparo.

Kurdis ouviu os gritos de dor, a agonia das mulheres e crianças que começaram a ser atingidas pelas flechas de Kedpir.

Certamente será uma batalha horrível, ao gosto de Goltram e Fre'Garzam.

Explosões soaram e Kurdis sabia o que aquilo significava.

Os guldos começaram seu trabalho!

Ele observou alguns deles serem atingidos pela chuva de pedras e flechas lançadas pelos seus companheiros noruks. Como era de se esperar, escaparam ilesos, protegidos por escudos energéticos.

Kurdis observou Kullat cantando para contrapor a magia deles. Sua mandinga enfraqueceu a defesa dos guldos e logo foram abatidos pelos noruks que comemoraram a derrota dos feiticeiros com um brado animado. Porém, comemoraram cedo demais!

A infantaria de kedpir avançou furiosamente em cunha. As mães lanceiras derrubaram vários soldados antes que chegassem à linha de frente. Elas atuavam como um segundo e imenso regimento de arqueiros, mas que podia fazer seus disparos a curta distância. Escravos humanos e machos porta-lanças, entregavam mais e mais lanças e dardos de arremesso às musculosas guerreiras que treinavam intensamente para disparar uma lança atrás da outra com mira precisa e força letal. Vários cavaleiros confiantes em suas placas peitorais eram surpreendidos e mortos ao ter suas armaduras furadas pelas lanças afiadas e pesadas das mães noruks.

Uma explosão atirou ao alto uma dúzia de machos e duas monstruosas fêmeas. Kurdis rompeu seus momentos de contemplação do início daquela batalha e moveu-se na direção de um guldo. Com a foice na destra e o cajado na mão esquerda, Kurdis viu-se no meio da batalha, eliminando com sucessivos raios fulminantes, qualquer soldado da infantaria inimiga que se aproximasse dele. Avançava com frieza, passo após passo, atento ao seu redor.

Duas flechas se prenderam ao seu cajado, o feitiço de escudo contra projéteis era essencial para poder continuar avançando com tranquilidade e sem ser atingido por algum disparo aleatório.

O Bruxo e a Foice SombriaWhere stories live. Discover now