Kurdis segurou a garganta. A mão invisível o enforcava elevando-o acima do solo. Li'nan apontava a mão alva e envelhecida na direção do pescoço de Kurdis.
— Você mentiu para mim, Daman!
A voz de Kurdis mal conseguiu sair — Eu menti, mas mudei de ideia...
— Simplesmente não vou confiar num nortenho mentiroso! — Li'nan abaixou a mão e Kurdis caiu no chão. Sua respiração voltou, ofegante. Ele se prostrou diante da feiticeira.
— Eu juro, shin Li'nan... Irei juramentar meu sangue a Goltram!
Jen Huolonk entrou no salão, irritado. — O que pensa estar fazendo, Li'nan? É proibido forçar um discípulo a tomar partido no juramento de sangue!
— Eu não estou o forçando a nada! Ele mentiu para mim. Disse que se entregaria a Goltram...
— O que acabei de ver não me parece nada disso. Vi você torturando um discípulo para ele tomar partido! Isso é inadmissível!
— Eu não fiz nada disso, Jen Huolonk! Ele é blasfemo! Indigno! Precisa ser destruído no Poço de Skat'challur.
— O conselho já decidiu a este respeito. O discípulo irá juramentar seu sangue ao Deus de sua fé e Os Cinco Que São Um irão proferir o julgamento.
Li'nan se ajoelhou ao lado de Kurdis e apertou suas bochechas entre os dedos.
— Você não é digno de Goltram, nortenho mentiroso! Mas não duvido que Sass'zassno'tor possa acolhê-lo apenas para zombar de nossa ordem.
— Já basta! — Jen Huolonk bateu seu tamanco no chão espalhando uma onda de vento no recinto.
Li'nan deixou o local, irritada, estalando a plataforma do sapato alto no assoalho de pedra.
O feiticeiro careca ofereceu a mão gorda para ajudar Kurdis a ficar de pé.
— Lembre-se, Daman. É uma grande honra tornar-se um de nós. A fusão com Carc'limar não é a morte de sua mente. Ela irá fazer parte do nosso coletivo para servir Os Cinco Que São Um.
— Mestre Huolonk... — entre todos os Wux'shein, era por Jen Huolonk que Kurdis sentia maior simpatia. — Se é proibido que um juramentado torture um discípulo, por que Carc'limar pode me torturar para que eu aceite Fre'garzam?
— Carc'limar não pode torturá-lo estando no mais-além.
— Não fisicamente... Mas ele me atormenta, me persegue. Lê todos meus pensamentos, não me deixa em paz. Isso também não configura tortura?
— Entendo, mas ele realmente está lhe obrigando, de algum modo, a escolher Fre'garzam?
— Na verdade, não. Apenas me obriga a prestar o juramento. Estou com muita raiva dele. Por isso que estou pensando em Goltram. Eu sei que ele não gosta de Goltram. Ao menos assim, poderei irritá-lo!
— O juramento é seu, Daman e não de Carc'limar. Ele apenas o trouxe aqui como um candidato.
— Mas agora sou obrigado a prestar o juramento...
— Lembre-se que ninguém o obrigou a tornar-se um discípulo. Eu mesmo expliquei as nossas regras antes que passasse pela iniciação, não se recorda? Eu vi o brilho em seus olhos. Vi sua fome pelo nosso conhecimento. Por acaso não estava claro que se tornar um discípulo era um caminho sem volta?
— Tem razão, mestre. Eu quis trilhar o caminho dos Wux'shein. Mas agora que o juramento de sangue se aproxima, tenho dúvidas.
— Só existem dois caminhos: tornar-se um de nós, ou o Poço de Skat'challur.
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O Bruxo e a Foice Sombria
FantasyKurdis Le'Daman é um bruxo cuja magia desperta de forma sombria, desencadeando uma tragédia que o obriga a ingressar na escola de magia da ordem Maihari. Em um mundo repleto de forças sombrias ele deve aprender a lidar com poderes obscuros que o cer...