T e n

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[A música é a Medicine da Daughter]

–T e n –

Pousei a espuma do cabelo e olhei-me no espelho, eu estava num estado deplorável: Tinha olheiras carregadas por baixo de cada olho, os meus olhos estavam vermelhos e um pouco inchados, o pouco brilho que ainda tinham já não existia e os meus lábios estavam pouco cuidados.

O meu estado não era de todo o melhor, mas agora, passados dois dias da notícia de que o meu irmão se encontrava em coma, eu teria de obrigatoriamente ir á escola. Ainda tentei dizer á minha mãe que a minha cabeça estava demasiado a leste e não iria fazer nada naquele estabelecimento, mas ainda assim, ela não deixou.

Suspirei uma última vez antes de abandonar a casa de banho, e sair de casa, mesmo sem comer nada. Para ser sincera, nestes dias não havia comido nada de jeito, estava demasiado preocupada com o Isaac, eu estou realmente preocupada com ele, ele está á três dias em coma, e não existem melhoras.

Caminhando pelo passeio húmido, olhava os meus ténis negros já gastos, enquanto um cigarro era consumido lentamente. A noite passada fora horrível, eu cortei-me ao ponto de gritar de dor, chorei ao ponto de mal abrir os olhos devido ao inchaço e ao ardor, fumei até a minha garganta não aguentar mais, e bebi uma das garrafas de conhaque da reserva do meu pai. Claramente hoje, a minha cabeça parece rebentar devido á ressaca. Ontem á noite pouco me lembro do que fiz após consumir todo aquele álcool, mas do pouco que me lembro sei que não saí do quarto devido ao mesmo ter a porta trancada.

Atravessei os portões da escola de cabeça baixa, sentindo vários olhares a queimarem a minha pele, quando me atrevi a olhar para cima, vi toda a gente a apontar para mim descaradamente enquanto riam e murmuravam coisas entre si, encolhi-me mais no meu casaco e avancei a passos largos para dentro de um dos pavilhões.

- Oh preta parece que tens admiradores. – Disse Tom um dos jogadores do time de futebol, fazendo a minha cabeça latejar.

Olhei para ele de testa franzida, e ele logo me deu um empurrão contra uma das paredes fazendo-me encará-la.

Nesse momento o meu corpo entrou em choque, a minha boca estava aberta a olhar para aquela parede, olhei em volta e elas estavam por todo o lado, haviam fotos minhas editadas por todo o lado, umas em que fizeram montagens minhas nuas, animais com a minha cara, fotos minhas com chifres, outras com frases desprezíveis.

As lágrimas começaram a escorrer pela minha cara, quando se formou um círculo de pessoas á minha volta, todas riam e me apontavam o dedo, ouvia-as a gritarem insultos a dizerem que eu nunca deveria ter nascido. Levei as mãos aos ouvidos e tapei-os tentando abafar o som, mas era inútil eu cada vez os ouvia mais alto. A minha cabeça doía, mas a minha alma sangrava e pedia por sossego.

Senti-me a ser empurrada contra a parede, e as minhas pernas logo foram atacadas por pontapés, eu chorava desalmadamente e esperava que isto acabasse rápido, eu tinham um monte de pessoas na minha frente a baterem-me enquanto outros mantinham os telemóveis apontados para mim a gravar e a rir da minha desgraça.

Quando as minhas pernas fraquejaram, caí redonda no chão sentindo pontapés na minha barriga. Uma das pessoas que me agredia afastou os outros e ajoelhou-se na minha frente, deixando-me ver a sua cara, Chelsea. Ela agarrou no colarinho da minha camisola, e prendeu-me na parede elevou o punho, e eu fechei os olhos sentindo segundos depois uma dor intensa no meu nariz, que me fez bater com a cabeça na parede, ouvi os risos a aumentarem tal como palmas e assobios.

- Bora Chelsea! – Ouvi pessoas a gritarem.

A morena logo me empurrou para o chão novamente, e começou a pontapear a minha barriga fazendo tossir fortemente.

Racism | njhWhere stories live. Discover now