T h i r t e e n

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– T h i r t e e n –

Atravessei as portas daquele enorme hospital olhando os meus ténis, parecia que a pouca coragem que tinha havia sido sugada. Tinha bastante medo do que poderia eu encontrar quando abrisse a porta daquele quarto, o meu irmão poderia estar ou não melhor e pensar na possibilidade de o perder atormentava-me.

- Calma Laine. – O loiro que me havia acompanhado o caminho todo, colocou um dos seus braços sobre os meus ombros dando-me algum apoio.

Assim que cheguei á porta branca com o número 34 pintado, suspirei e elevei a minha mão até á maçanete abrindo a porta lentamente, fechei os olhos por momentos e voltei a abri-los.

- Queres que entre contigo? – Niall apertou o meu ombro.

- Não. – Murmurei antes de atravessar completamente aquela porta.

Dei de caras com um corpo imóvel deitado naquela cama, os seus olhos estavam fechados e por baixo de ambos encontravam-se olheiras carregadas, os seus lábios encontravam-se secos e gretados. Na sua testa podia ver-se alguns arranhões já com crosta, e na sua bochecha direita ainda se distinguia vários cortes.

Soltei o ar que nem me apercebi que continha, e sentei-me numa das cadeiras disponíveis junto da cama. Agarrei a sua mão esquerda onde uma agulha se encontrava espetada com um pequeno tubo que, provavelmente levava o soro ao seu corpo.

- Como é que tu estás? – Perguntei mesmo sabendo que não iria obter resposta. – Sem ti está tudo tão confuso, Isaac. É tudo tão mais complicado sem ti junto de mim. – Murmurei. – Eu deveria ser forte, eu deveria conseguir aguentar com tudo isto, mas torna-se tão complicado.

Apertei a sua mão e elevei-a até ao meu rosto depositando nela um pequeno beijo.

- Para sempre juntos, lembras-te? – Sussurrei com os olhos cheios de lágrimas. – Eu não quero promessas quebradas, então por favor, acorda deste maldito coma e fica comigo, cuida de mim como prometes-te quando eramos apenas duas crianças.

Quando ambos eramos crianças, tendo eu apenas sete anos e ele os seus nove, numa das tardes passadas na quinta da minha avó materna, fizemos uma promessa. Eramos apenas duas crianças, não sabíamos ou certo o que estávamos a prometer mas ainda assim a promessa dura ainda nos dias de hoje. Eu lembro-me de estar triste nesse fim-de-semana porque na escola as pessoas afastavam-se de mim, e chamava-me nomes. Sendo eu uma miúda contei-lhe e ele disse-me que eu era linda e que não deveria ligar aos comentários de quem quer que fosse que ali estivesse para me deitar ao chão, e então ele ainda acrescentou que caso alguém o fizesse ele iria estar de mão estendida para me ajudar a levantar.

Nessa tarde, enquanto o sol se punha atrás das montanhas que se vislumbravam através do banco onde ambos estávamos sentados, prometemos estar sempre juntos para que quando um de nós se magoasse o outro o poder ajudar.

É claro que nessa altura nós deveríamos estar a falar das feridas na nossa pele, aquelas que se fazem quando caímos, mas com o tempo evoluímos e a promessa evolui connosco. Agora eram não só as feridas exteriores, como as interiores.

- Eu amo-te mano. – Sussurrei beijando a sua testa.

Limpei as lágrimas com as costas das mãos, e olhei para ele uma última vez antes de abandonar o quarto com um enorme vazio no peito. Era doloroso para mim deixá-lo ali, deitado numa cama de hospital, rodeado de máquinas sem certeza se algum dia iria acordar. Toda a minha vida me habituei á sua presença constante, e nestes últimos dias não o ter por perto estava a destruir-me.

Quando saí do quarto encontrei a Niall na companhia da sua irmã, eu não era a única destruída aqui, Rose estava um caco e a sua aparência dizia tudo. Os seus cabelos estavam atados num rabo-de-cavalo alto possibilitando-me assim melhor visão para o seu rosto, os seus olhos não continham um habitual brilho e ainda tinham olheiras profundas e escuras por baixo deles. Os seus lábios estavam gretados, talvez pelo frio, e a sua pele estava mais pálido do que antes.

Racism | njhWhere stories live. Discover now