E l e v e n

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[A música é a The Lonely da Christina Perri ♡ ]

– E l e v e n –

Acordei completamente desorientada, soltando um grito estridente, o meu corpo estava suado, lágrimas caíam pelo meu rosto e o meu coração palpitava fortemente. Olhei em volta visualizando um quarto desconhecido por mim, arregalei os olhos quando a porta abriu rapidamente fazendo-me saltar de susto e gemer sentindo dores pelo meu corpo.

Vi um loiro ensonado a coçar os olhos, apenas com uma t-shirt e bóxeres vestido, e com o cabelo completamente despenteado, a entrar no quarto. Niall sentou-se na cama e olhou-me.

- Estás bem? – Perguntou carinhosamente com voz rouca.

- Onde é que eu estou? E porque é que tu estás aqui? – Perguntei assustada ainda de olhos esbugalhados.

- Bem, depois daquele incidente na escola eu trouxe-te para minha casa e tratei das tuas feridas. – Murmurou sorrindo levemente.

O meu mundo caiu naquele momento, ele tinha-me ajudado? Ele sabia do meu – nada – pequeno segredo? Eu sentia as paredes da enorme fortaleza que havia construído todos estes anos, a desmoronar.

Suspirei e senti as lágrimas a voltarem aos meus olhos, começando a chorar silenciosamente enquanto ele me encarava confuso.

- Porque choras Laine? Está tudo bem. – Aproximou-se de mim, mas eu rapidamente me afastei.

- T-tu viste o que aconteceu na escola? – Sussurrei fungando.

Ele suspirou e encarou a parede pálida na sua frente.

- Eu vi Elaine. – Murmurou. – E vou contar aos teus pais, eles têm de falar com o diretor. – Despenteou o seu cabelo nervosamente.

- Não podes fazer isso. – Sussurrei sentindo as lágrimas a aumentar. – Vai ser muito pior, não entendes? Eles vão bater-me novamente e não vai haver ninguém para os impedir, isto não vai parar.

- E se eu não disser? Eles vão continuar a bater-te! Vão continuar a tratar-te assim. – Concluiu.

Fiquei em silêncio a chorar, ele não podia fazer isto.

- Niall, por favor. – Murmurei encarando as minhas pernas nuas.

- Ugh. – Suspirou. – Deixa-me ajudar-te. – Murmurou olhando-me.

Ri secamente, desviando o meu olhar do seu para encarar os cortinados azuis-claros, percebi então que era noite serrada. Estarão os meus pais preocupados?

- E no que é que tu me podes ajudar? – Elevei o tom de voz. – Tu, um rapaz mulherengo, mimado! Alguma vez na tua vida foste julgado? Alguma vez te sentiste como merda? Alguma vez quiseste atirar-te de uma ponte? Eu passei seis anos da minha vida a ser olhada de lado, a cada passo que dou sou julgada! Sabes como me sinto? – Atirei sentindo o meu sangue ferver.

- Podes parar? – Perguntou calmo. – Tu estás a fazer o mesmo que eles! Estás a julgar-me sem me conhecer! – Gesticulou com uma calma incrível que me fez ficar ainda mais enervada.

- Será que te estou a julgar? – Murmurei. – Será?

- Sim tu estás. – Apontou-me o dedo. – Estou farto de te dizer que de mulherengo não tenho nada. E acredita que sei perfeitamente o que é sentires-te sozinho, e sei o que é querer morrer!

- Oh não és mulherengo? – Encarei-o firmemente. – Caramba Niall, eu vi os papelinhos com a Isabella, ouvi-a a falar de ti na casa de banho! – Argumentei.

Ele suspirou e enterrou a cabeça nas mãos bufando de maneira frustrada.

- Elaine. – Murmurou. – Eu sou virgem porra! – Falou a última parte lentamente.

Racism | njhOnde as histórias ganham vida. Descobre agora