T w e n t y - T w o

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T w e n t y - T w o

{Sugestão musical: Heart like yours, de willamette stone.}

Tudo parecia passar-se em câmara lenta quando ouvi Niall a sussurrar enquanto choramingava em pura dor. Era extremamente doloroso. No entanto, mais doloroso ainda foi ouvi-lo a dizer o quanto ela significava para ele.

- A minha avó Laine. – Sussurrou. – Ela significava o mundo para mim. Eu lembro-me de tudo pormenorizadamente. Eu lembro-me dos seus abraços, dos seus avisos, dos seus beijos, da sua comida. Ela era uma mãe para mim, e quando ela se foi um enorme pedaço de mim foi também. – Ele murmurava entre soluços que me partiam em bocados.

- Niall estás em casa? – Perguntei delicada ouvindo-o a assentir enquanto os soluços persistiam. – Deixa a janela do teu quarto, aberta. – Sussurrei e finalizei a chamada respirando fundo antes de abrir o guarda-fatos e agarrar umas calças de fato-de-treino cinzentas e uma suéter branca de algodão. Calcei os primeiros ténis que me vieram á mão, e atei o cabelo num apanhado extremamente malfeito, no entanto não era importante.

Suspirei e coloquei o telemóvel dentro do bolso da camisola, trancando logo a seguir a porta do meu quarto para não existir nenhuma situação inconveniente. Depois de repensar no que estava a fazer, acabei por abrir a varanda tentando produzir o mínimo barulho possível. Sentei-me nas grades da varanda e respirei fundo pensando em como raio iria saltar sem ter Niall para me aparar a queda.

- Vamos lá Laine, é por uma boa causa. – Encorajei-me a mim mesma sussurrando. – Sê uma mulher de tomates e salta.

Desisti completamente da ideia de saltar da varanda sem qualquer apoio e acabei por reparar nos canos de água que trepavam pela parede revestidos por algumas heras e outro tipo de plantas trepadoras. Acabei por me segurar a um dos canos, e olhei para baixo sentindo o meu corpo a tremer ao ver a altura que me separava do chão.

- Merda, eu vou morrer hoje. – Sussurrei agarrando-me com força com uma das mãos ao cano e outra aos ramos das plantas.

Depois do que pareceu uma eternidade os meus pés tocaram no chão e não perdi tempo, começando a correr rua a cima. A sua casa não era assim tão longe da minha, e se continuasse a correr a esta velocidade chegaria lá em pouquíssimos minutos. Obrigada educação física, eu sabia que irias ser útil um dia.

Não demorou muito ao conseguir avistar a pequena moradia a poucos metros de mim. Acabei por saltar o portão que estava fechado, e começo sinceramente a pensar em dedicar-me a uma vida de assaltante, ou começar a praticar parkour, eu tinha futuro. Deixei os pensamentos absurdos de lado, e olhei para a varanda do loiro. Estava aberta como lhe havia pedido, e era bem mais baixa que a minha. Acabei por arrastar um dos bancos de madeira que estavam no jardim para baixo da varanda e após me esticar umas quantas vezes acabei por agarrar a grade. Com a pouca força que tinha nos braços acabei por conseguir subir a maldita varanda e senti-me melhor quando consegui respirar ar puro.

Sem pedir permissão, entrei no quarto do loiro vendo-o sentando no chão do quarto com o rosto entre as suas pernas. Os seus ombros subiam e desciam apressados por baixo da sua camisola branca o que denunciava o seu choro silencioso. Não consegui travar os meus pés, e no momento seguinte estava ajoelhada á sua frente com os meus braços em torno do seu corpo tentando reconforta-lo.

- Vieste mesmo. – Sussurrou espalmando a sua cara contra o meu ombro, em busca de apoio.

- Hum hum. – Murmurei começando a alisar o seu cabelo enquanto sentia a sua respiração a acalmar pouco a pouco. – Eu estou aqui.

Racism | njhWhere stories live. Discover now