S e v e n t e e n

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O medo é a uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrando receio em fazer algo.

O medo é a maior fragilidade do ser humano, é aterrador como algo nos pode deixar de uma maneira completamente alterada. O ser humano tem várias maneiras de reagir ao medo, em muitos o medo fá-los reagir, fá-los mexer-se para que aquela sensação acabe, mas para a grande maioria o medo fá-los paralisar, fá-los ficar vulneráveis, fá-los ficar completamente arrasados, e eu estou nessa grande maioria. O medo faz o meu corpo tremer, faz os batimentos cardíacos aumentar, e a minha respiração descompensar, deixa-me apavorada.

Neste momento, eu sentia medo, no entanto, eu não poderia fazer nada para me impedir de sentir isto, a decisão foi minha. Eu decidi deixar o Niall entrar no meu buraco estilhaçado e assombrado por espíritos do mal, eu deixei que isso acontecesse e neste momento, o máximo que posso fazer é confiar. O problema é que o meu medo era mil vezes maior que a pequena confiança que tinha no loiro.

A minha linha de pensamentos foi cortada quando ouvi pequenas batidas na janela da minha varada, apesar das cortinas taparem o exterior eu conseguia prever quem se encontrava daquele lado. Então, após inspirar uma grande lufada de ar, dirigi-me á grande janela, afastei ligeiramente as cortinas e destranquei a janela abrindo-a.

- Olá. – Sussurrei roucamente.

- Olá Elaine. – O loiro sorriu largo para mim passando as mãos pelos cabelos empinados num topete.

- Eu...Apenas não te assuste com que vires aqui dentro, por favor. – Sussurrei, ele assentiu

De mãos tremelicantes abri a cortina por completo, deixando-o entrar logo a seguir. O seu corpo paralisou ao dar o primeiro passo, os seus olhos correram todo o meu quarto. Ele observou os vidros partidos, as lâminas abandonadas no chão, os lençóis sujos de sangue. Observou as cinzas dos cigarros e o pequeno monte de cigarros apagados.

O seu olhar finalmente encontrou o meu, e eu senti a intensidade do seu olhar, senti a pena dele, senti a sua tristeza. Antes que me pudesse controlar já as lágrimas rolavam pelo meu rosto a uma velocidade estrondosa. Em pequenos passos o seu corpo colou-se ao meu, e a sua mão elevou-se até ao meu rosto, acariciando-me, os arrepios apareceram no momento seguinte fazendo-me o meu choro acalmar, os seus lábios rosados tocaram na minha testa com delicadeza e, sem me conter mais, abracei o seu tronco com toda a força que consegui acumular. Os seus braços calorosos acolheram o meu corpo junto do seu puxando-me mais para si. Era como se nos fundíssemos num só.

- Eu estou aqui Elaine, eu não vou deixar que te façam mal...Eu não vou deixar que o mal ganhe, não vou deixar que te percas em ti mesma. Eu vou estar aqui, eu vou limpar a tua aura de todo o mal. – Sussurrou beijando sucessivamente a minha têmpora.

Quando o meu choro cessou ele afastou-se lentamente de mim emoldurando o meu rosto com as suas mãos, os seus lábios voltaram a tocar na minha testa, e mas uma vez, os arrepios atacaram todo o meu corpo.

- Eu vou levar isto tudo daqui, está bem? – Perguntou ou qual eu assenti. – Mas agora, vamos animar-te um pouco.

Franzi a testa em confusão, e ele sorriu puxando-me até á varanda.

- Onde é que vamos? – Perguntei baixinho.

- Anda. – Sorriu e rapidamente se agarrou á grade da varanda descendo a mesma com a ajuda da hera que a cobria até ao solo.

- Estás louco? Eu ainda caio. – Protestei ouvindo de seguida a sua gargalhada.

- Salta que eu apanho-te. – Falou esticando os braços para a frente como uma rede pronta para aparar a minha queda.

Racism | njhWhere stories live. Discover now