N i n e t e e n

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O toque de saída fez o meu corpo tremer, lentamente, levantei-me arrumando as minhas coisas e saindo da sala. Após inspirar uma lufada de ar bastante generosa, encaminhei o meu corpo para trás do pavilhão B, onde pude ver Isabella encostada á parede de braços cruzados.

Assim que os seus enormes olhos azuis esverdeados pousaram em mim, ela deu um pequeno sorriso sarcástico. O seu dedo indicador levantou-se e o mesmo apontou para mim, fazendo depois sinal para me aproximar dela.

- O que é que queres? – Murmurei amedrontada assim que cheguei junto dela.

Ela passou a língua por entre os lábios e pousou o seu pé outrora repousado na parede, no chão. Os seus dedos pálidos e delgados brincaram com o seu cabelo negro, atado num rabo-de-cavalo que lhe caia pela lateral direita do pescoço, e deu um passo na minha direção.

- O que é que tu tens a ver com o Niall? – Perguntou direta olhando-me fria, como sempre fazia.

- Somos a-amigos. – Falei simples.

Ela riu sarcástica e deu mais um passo na minha direção, tocando com os seus peitos nos meus. A sua boca foi até á minha orelha e numa voz sedutora sussurrou:

- E o que é que ele haveria de querer com alguém como tu? – Perguntou rudemente prendendo o lóbulo da minha orelha por entre os seus dentes.

Com certo receio, empurrei o seu corpo deixando-a á distância de dois passos de mim.

- Uma amizade, nem todos querem as tuas cuecas, conforma-te com isso. – Respondi num momento de coragem arrependendo-me no momento em que vi os seus olhos raivosos presos em mim.

As suas mãos fecharam-se em punhos apertados, e os seus maxilares travaram-se enquanto ela caminhava para mim e me via obrigada a dar passos atrás. A sua mão agarrou o meu braço e soltei um pequeno gemido quando as suas unhas pintadas de um azul petróleo se cravaram no mesmo. Se não fosse pela roupa que vestia, quase podia jurar que com a força que ela empenhava, as suas unhas passariam as três camadas de pele existentes no corpo humano.

- Ouve-me bem preta, eu detesto profundamente tudo em ti, começando pela tua linguazinha afiada. Então, eu espero não ouvir-te a repetir essas palavras caso contrário, eu sou obrigada a dar-te outro tipo de aviso. Percebeste? – Grunhiu entre dentes com a sua cara bem próxima da minha.

- Vais bater-me? – Perguntei, estranhando a ridícula coragem que corria nas minhas veias.

- Não bebé, eu nunca te faria mal. – Sussurrou falsamente depositando um beijo na minha bochecha.

Desta vez, fui eu quem travou o maxilar, todo este contacto corporal entre mim e ela estava-me a irritar profundamente. Já para não falar na falsidade e ironia que ela usava para responder a todas as minhas questões.

- Bom, quero-te afastada do loiro, ouviste? – Perguntou agarrando o meu maxilar. – Não quero que ele te olhe, que ele te toque, não quero sequer que ele respire o mesmo ar que tu.

- Não. – Gritei explodindo completamente. – Eu não te quero a ti perto de mim, não quero que me olhes, não quero que me toques, e tão pouco quero que respires perto de mim. – Vozeei empurrando-a. – Eu estou farta de ti e das tuas estúpidas ameaças. Agora podes vir, vai em frente e manda quem quiseres bater-me. Eu não tenho medo.

Depois de dizer a maior mentira do século, virei costas e corri para fora daquele local dirigindo-me para trás do pavilhão desportivo. Era pouco movimentado, e por isso, o sitio perfeito para me acalmar e fumar um cigarro. Com cerca urgência, agarrei o pacote de Marlboro abrindo-o retirando um cigarro e o isqueiro. Prendi o cigarro por entre os meus dentes e acendi-o sentindo-me a relaxar á primeira tragada.

Racism | njhWhere stories live. Discover now