T h i r t y - O n e

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T h i r t y - O n e

{Sugestão musical; Sam Smith - drowning shadows}

Elaine

A felicidade é o melhor sentimento humano, provoca emoções diferentes em cada tipo de pessoa consoante seu tipo de personalidade. Existe quem chore, existe quem grite até os seus pulmões doerem, existe quem saltite pelo quintal expondo a sua alegria com as plantas, e ainda existe pessoas que se despem e atravessam uma avenida exatamente como vieram ao mundo, nus. No meu caso, e devido á minha ansiedade, sempre que estou feliz (o que acontece poucas vezes), tenho tendência em pensar que no momento seguinte algo, ou alguém vai partir o pequeno pote onde armazenei toda a felicidade coleccionada, deixando nada mais que o vazio.

Sentia-me em hiperventilar ao pensar na possibilidade de perder o pequeno pirilampo que me aquecia o coração e me dava felicidade todos os dias. Tinha medo que por ventura, alguma sola desmazelada calcasse o meu pirilampo reduzindo-o a um insecto esmagado no meio da rodoviária. No fundo, eu sabia que existiam pessoas com puder suficiente para o fazerem. Eu sabia que neste momento poderia até estar aconchegada á figura corpulenta de Niall, mas amanhã isso poderia não acontecer. E isso assusta-me. Assusta-me o facto de não ter certezas do amanhã, assusta-me o facto de não puder controlar o tempo e os acontecimentos que o acompanham. Eu temo o futuro.

- Esta parte é engraçada. – Niall sussurra apontando para a televisão onde passava um filme de comédia.

Não poderia negar que não tinha assistido a uma única cena do filme. Estava demasiado concentrada nos nossos corpos sobre a cama do loiro. Concentrada no corpo de Niall junto ao meu. Nas suas pernas entrelaçadas com as minhas e em como o seu peito é extremamente confortável. Estava distraída com o seu queixo sobre a minha cabeça, e a sua mão na minha cintura que desenhava padrões rítmicos. E para além disso, estava demasiado pensativa em relação a tudo o que aconteceu desde que o loiro entrou na minha vida.

- Meu deus – começou –, este filme mata-me.

Suspirei e aconcheguei-me mais contra ele brincando desleixadamente com os dedos da minha mão direita contra a camisola branca que Niall vestira para se sentir mais confortável. Fechei os olhos por segundos, e inspirei a fragância agradável que perfumava o corpo de Niall. Era algo como Hugo boss. Deixava o meu estômago num casulo festivo, onde borboletas se aprumavam correndo de um lado para o outro.

- Laine! – Ronronou. – Estás a ouvir alguma coisa do que eu digo?

- Hum hum. – Balbuciei ainda de olhos fechados.

- Pois claro que estás. – Ironizou risonho.

- Desculpa. – Murmurei beijando o seu queixo.

O seu peito vibrou quando ele riu e sinceramente era das melhores sensações do mundo. O vibrato do seu peito conjugado com a batida calma do seu coração.

- Tudo bem, Laine. – Balbuciou. – Sabes o que é que o nosso grupinho de amigos anda a planear?

O facto de ele ter usado o determinante possessivo "nosso" foi como darem um doce a uma criança. Ainda é estranho pensar que á um mês atrás, mas coisa menos coisa, eu era constituída por cortes, garrafas de bebida, lágrimas e cigarros. Era solitária, e não tinha um único amigo que não fosse da minha família. Agora, estou melhor. É claro que alguns pensamentos negativos ainda habitam o meu interior, e claro que a vontade desmedida por tabaco e bebida não passam de um dia para o outro. Mas pensando positivo (o que faço raramente), eu não me magoo fisicamente a mim mesma, á imenso tempo, e agora tenho um grupo a quem posso chamar de amigos, os meus amigos, os nossos amigos.

Racism | njhWhere stories live. Discover now