T w e n t y - S e v e n

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Twenty – Seven

{Sugestão musical; S. Carey, Broken.}

Elaine

Os seus lábios nos meus seria a melhor sensação do mundo, caso não tivesse uma dor desmedida no meu lábio e se por ventura o medo de sair magoada não estivesse conjugado com o medo de Isabella armar alguma cilada a Niall. Pensar no loiro na mesma situação em que me encontrava fazia o meu estômago revirar, mais do que ele já revirava por ter os lábios do Niall colados nos meus.

Ao quebrarmos o beijo, a sua testa ficou colada á minha e os meus olhos mantiveram-se fechados por longos segundos, enquanto sentia a sua respiração ofegante embater contra os meus lábios entreabertos. O seu dedo massajava a minha bochecha em delicados círculos, e as minhas mãos apertavam a barra da sua camisola preta. Ao abrir os olhos fui hipnotizada pelos olhos azuis de Niall que me encaravam com uma intensidade difícil de explicar.

- Er...Laine, eu...- Começou sendo interrompido por mim.

- P-para que é que foi isto? – Sussurrei tentando ao máximo manter a minha postura fria.

Eu sabia que iria magoá-lo continuando com esta postura ridiculamente rude, mas preferia magoá-lo eu e saber que a dor iria passar mais cedo ou mais tarde, do que pensar nele a ser espancado por minha causa e poder nem sair vivo da luta.

- Elaine desculpa. – Niall sussurrou.

- Não. – Murmurei. – Não, não, não. – Gritei.

- Certo, então eu também não me vou desculpar. – Respondeu. – Porque a realidade é que eu não estou arrependido por te ter beijado, nem um pouco.

Mais uma vez eu estava a desmoronar na sua frente, os meus punhos fechados em cima das minhas coxas, as minhas bochechas molhadas pelas lágrimas que corriam pela minha cara. Eu sentia-me no fundo do poço, sentia-me encostada a uma parede com uma espada preste a entranhar o meu ser. Eu tinha uma decisão a tomar; Eu poderia admitir agora que gostei do beijo e viver numa preocupação louca com medo do inimigo, ou poderia afastá-lo usando o meu lado rude dizendo que o beijo tinha sido apenas um erro, que eu não senti nada e assim saber que eles não poderiam feri-lo. O meu coração pedia-me para seguir a primeira opção, para ser feliz mesmo que existisse uma grande probabilidade de magoar e sair magoada. Já o meu cérebro, sendo racional, pedinchava para que escolhe-se a segunda opção, mesmo que para isso tenha de voltar aos dias cinzentos, mesmo que volte a ser um miúda solitária, mesmo que volte a pegar numa lâmina, e mesmo que consuma um maço de tabaco por dia.

- Niall. – Sussurrei prensando os lábios um contra o outro. – Lamento informar-te mas...mas eu não gostei deste beijo. E...e quero-te bem longe de mim, entendeste? N-não quero que me olhes, não quero que me toques... – Engoli em seco. – Não quero sequer respirar o mesmo ar que tu.

Mordi o meu lábio com força, causando dor a mim própria quando a ferida latejou, ao ver os olhos de Niall ganhar um brilho triste. Senti o meu mundo a cair quando a primeira lágrima nasceu nos seus olhos, escorregou pela sua bochecha, e morreu nos seus lábios. Senti-me a pior pessoa do mundo quando ele riu sarcasticamente e se virou de costas para mim olhando o teto.

- O que é que tu... – Começou virando-se para mim. – Ouve, eu sei que tu não estás a ser sincera. Eu sinto que tu estás a mentir-me a mim e a ti mesma. Elaine tu podes--

- Cala-te! – Vozeei. – Eu nunca fui tão sincera em toda a minha vida. – Murmurei deixando um soluço escapulir por entre os meus lábios. Fraca. – Eu quero distância de ti, é tudo o que eu quero. Distância.

Racism | njhWhere stories live. Discover now