T w e n t y - S i x

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T w e n t y - S i x

{Sugestão musical - One direction; Little things}

Niall

Amor, uma palavra tão simples; quatro letras, duas silabas, tão fácil de pronunciar mas com um significado tão forte. Eu nunca soube ao certo o que era o amor, o que é que se sentíamos quando estávamos alucinados por ele? Como é que sabíamos que efectivamente, o amor havia batido na nossa porta? O que é estar apaixonado? Mas as dúvidas desfizeram-se assim que senti o amor ligado ao medo. Assim que vi a Elaine deitada no chão de pedra, ensanguentada pelo próprio sangue; O lábio rebentado, cortes pelas pernas, e os grandes hematomas azulados na sua barriga. O medo que tive de a perder, o medo de nunca mais ver os seus olhos castanhos, o medo de não voltar a ver o seu sorriso, medo de não puder abraçá-la. Foi angustiante, mas fez-me perceber o quanto gostava daquela miúda. Apercebi-me que voltei a sentir-me ridiculamente apaixonado por ela, mais uma vez, a diferença é que desta vez eu não era um miúdo de cinco anos que pensava que o dinheiro se semeava, e que quando estivesse em apuros o super-homem estaria lá para me socorrer, como acontecia em todos os desenhos animados que via. Agora, eu percebia o que era a vida, mesmo que tivesse apenas dezassete anos, e vivesse em casa dos meus pais. A cada ano passado, eu fui obrigado a ultrapassar obstáculos que me fizeram entender o que é a vida, mesmo que ainda houvesse muito para aprender, eu estava lucido de que a vida era complicada. Todavia, eu tinha certezas que queria viver todas as dificuldades da vida ao lado da miúda de vestidos floridos que me havia roubado o coração, uma segunda vez, a discrepância é que eu tinha-me apaixonado, desta vez, não pelos vestidos floridos, mas sim pela Elaine madura, transformada pela vida. Eu sabia que no fundo, aquela miúda com os cabelos saltaricos, um sorriso na cara, com vestidos floridos e uma energia contagiante ainda estava no seu interior, mas desta vez completamente escondida pelos seus demónios.

- Não era melhor levá-la ao hospital? – Louis perguntou ao meu lado, enquanto passava o pano húmido pelas feridas da sua cara.

- Ela não iria gostar nem um bocadinho. – Encolhi os ombros continuando a desinfectar os cortes e os hematomas da sua barriga agora exposta.

- Como é que pretendes explicar isto aos pais dela? – Perguntou o moreno novamente.

- Eu não sei, está bem? Mas caso eu a levasse ao hospital e os seus pais descobrissem que lhe bateram na escola, era nunca me iria perdoar. – Murmurei frustrado pela teimosia e o medo da rapariga adormecida na minha cama.

Era verdade, quando descobri sobre a sua automutilação a primeira coisa que ela me fez prometer é que não contaria a ninguém. Quando a vi a ser espancada naquele corredor, também me suplicou para que não a levasse para o hospital, ela vivia em completo terror, sempre a ser julgada, e sempre com o imenso medo de alguém ter a infeliz ideia de contar aos seus pais.

- Isto vai dar merda. – Louis sussurrou suspirando, enquanto colocava um pequeno penso próprio sobre a ferida aberta no lábio da Elaine. – Afinal por que carga de água é que aquele otário lhe estava a bater? Deve comer bosta às colheres. – Revirou os olhos mostrando a sua irritação.

- É complicado. – Suspirei. – Ele meio que não gosta dela.

- Eu vou dar-lhe uma carga de porrada quando o vir novamente! – Exaltou-se. – Ele vai ficar sem se mexer para o resto da vida. Mas quem raio tem coragem de bater nesta miúda? Ela é um doce.

- Pelos visto a escola inteira. – Suspirei. – Louis, ela sofre bullying naquela espelunca. Ela tem imensos problemas á conta disso, e eu nem deveria estar a contar-te isto, mas caramba, custa imenso vê-la a tentar sorrir todos os dias quando tudo o que quer fazer é chorar. Custa tanto, porque...eu meio que gosto dela. – Mordi o lábio deixando uma lágrima cair pela minha cara.

Racism | njhWhere stories live. Discover now