F o u r t y

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|Antes de começar; preparem lenços que este é forte.|

F o u r t y

{Sugestão Musical; Father da Demi Lovato}

Elaine

Depois de uma tarde cansativa de bowling (onde perdi todas as partidas), Harry estacionou o seu carro em frente da minha casa. Olhei o meu relógio de pulso e eram apenas cinco e poucos minutos da tarde. A minha mãe ainda não tinha chegado do trabalho, e o Isaac também não deveria estar em casa dado o facto de as persianas se encontrarem todas fechadas como se nos encontrássemos em noite cerrada, quando o sol ainda não se havia posto.

- Queres entrar? – Perguntei.

- Não sei se posso. – Agarrou no meu pulso analisando o meu relógio. – Eu não sei ver horas nesta merda de ponteiros.

Gargalhei levemente e encarei o relógio branco.

- Faltam dois minutos para as cinco e dez da tarde. – Murmurei.

Ele acabou por encolher os ombros, e ambos saímos do seu carro trancando-o antes de atravessarmos os paralelos de granito que formavam uma trilha até á porta de entrada da minha humilde casa. Vasculhei pelas chaves na pequena mala que levei e suspirei percebendo que me havia esquecido das malditas chaves. Andei até ao parapeito da janela, onde atrás de um vaso de orquídeas brancas o objeto prateado reluzia.

- Cabeça de vento. – Harry gozou enquanto beliscava a minha barriga fazendo-me cocegas desajeitadamente.

- A culpa foi toda tua. – Resmunguei sorrindo enquanto abria a porta de casa.

Ao entrar em casa senti um choque térmico enorme, o ar condicionado estava ligado no máximo a temperaturas negativas, que pela razão de se encontrar tudo fechado deixava a casa quase como o Alasca. A tremelicar procurei pelo comando do ar condicionado enquanto o Harry entrava e fechava a porta abrindo depois as persianas.

- Onde anda aquele maldito comando? – Resmunguei colocando a mão por entre as almofadas do sofá onde o pequeno objeto se perdia imensas vezes.

- Não é aquilo? – Harry apontou para o comando sobre a mesa de centro. – Totó.

Revirei os olhos ao seu insulto carinhoso, e agarrei o comando, no entanto antes de puder desligar o ar condicionado reparei nas chaves de casa do meu pai pousadas sobre a pedra polida da mesa. Franzi a testa e peguei nelas verificando se eram mesmo as suas, e confirmei as minhas suspeitas ou ver o porta-chaves que lhe dei quando tinha dez anos no dia do pai.

- O meu pai deve estar em casa. – Comentei desligando depois o ar condicionado. – Deve estar no escritório com os aquecedores ligados e nem se apercebe da guieira que está aqui.

- Tu quase que poderias trazer para aqui pinguins. – Harry disse começando a rir-se tresloucadamente como se tivesse dito a piada do ano.

Sorri ao ver as covinhas profundas nas suas bochechas e neguei levemente com a cabeça pousando o comando e as chaves no sítio em que estavam. Harry atirou-se para o sofá e agarrou o comando da televisão ligando-a num canal onde passava as últimas notícias do mundo do desporto.

- Não devias ir cumprimentar o teu pai? – Questionou quando me sentei ao seu lado.

- Eu meio que não lhe falo. – Encolhi os ombros. – Os meus pais vão divorciar-se e isto é tudo muito complicado. A culpa é toda do meu pai, e eu não estou muito bem com isso.

Racism | njhWhere stories live. Discover now