T w e n t y - F i v e

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T w e n t y – F i v e 

{Sugestão musical: These four walls, Little Mix.}

"Tum."

"Tum."

"Tum."

O som repetitivo propagava-se pelo local escuro húmido e gélido onde me encontrava. Em meu redor, via apenas espelhos de todas as formas e feitios possíveis; Grandes, pequenos, distorcidos, reais, côncavos e convexos. A minha figura no espelho era desastrosa; Os meus cabelos estavam ensopados e despenteados. Os meus olhos amendoados encontravam-se amedrontados e duas covas profundas se encontravam debaixo deles. Os meus lábios estavam secos e gretados, mesmo que a minha face estivesse completamente encharcada em suor fresco. Os meus pés estavam descalços e conseguia sentir o chão frio, bem como os tremores do solo debaixo de mim. Já o meu corpo era revestido por uma pequena túnica branca suja que me chegava até aos joelhos. A mesma tinha vestígios de sangue e vários rasgões por ela distribuídos.

"Tum."

"Tum."

"Tum."

O barulho tornava-se cada vez mais audível dando-me certezas de que estava mais próximo. Sem dar conta dos meus atos, senti os meus pés arranhados pelas pedras calcetadas do local assim que comecei a correr a uma velocidade extasiante. Os meus cabelos colavam-se a minha testa, e sentia o suor a escorrer a uma intensidade maior. Sentia as minhas pernas cortadas pelo frio que colidia nelas. E os meus pulmões ardiam bem como os músculos das minhas pernas.

"Elaine."

"Não podes fugir."

"Elaine."

O trapo que cobria o meu corpo foi preso por uma rocha pontiaguda, ao som dos sussurros, e puxei-o velozmente rompendo mais uma vez o tecido. Corri mais uma vez sentindo o oxigénio a escassear. O ridículo era que não sabia do que corria. Não sabia o que sussurrava. Não sabia o que produzia o barulho arrepiante. E por isso, não fazia ideia do que temia. Num solavanco senti o meu corpo a ser projetado para trás ao embater contra uma parede de pedra avermelhada. A mesma parecia vir na minha direção, trancando-me o caminho.

"Avisei-te."

"Doce Elaine."

"Sem escapatória."

Arregalei os olhos ao ver dois pares de botas negras na minha frente, subi a visão para as suas pernas vendo-as cobertas por umas calças justas estas da mesma tonalidade das botas. No seu tronco tinha uma camisa da mesma cor que cobria os seus braços e pescoço. Ao olhar o seu rosto senti o ar a fugir dos meus pulmões e os meus joelhos fraquejarem. Os seus olhos outrora de um tom azul pacífico encontravam-se colorados por um preto alcatrão. E a sua pele pálida parecia agora equivalente á parede de um hospital; quase como se tivesse sido mergulhado em farinha. Os seus lábios portavam um sorriso manhoso e na sua mão segurava uma pedra prateada, que embatia outra e outra vez contra as paredes espelhadas deste local.

"Tum."

"Tum."

"Tum."

Racism | njhWhere stories live. Discover now