T w e n t y - O n e

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T w e n t y - O n e

{Sugestão musical: Demi Lovato, Nightingale}

O lápis de carvão deslizava pela folha branca despejando assim a imagem que aparecia na minha mente. Os meus lábios encontravam-se entre e abertos e sentia as minhas sobrancelhas ligeiramente franzidas enquanto dedicava toda a minha atenção em aperfeiçoar o desenho que tinha em mãos. O tema atribuído deixou o meu interior a borbulhar; A amizade.

Quando as palavras escapuliram pelos lábios finos e rosados da professora de artes, a primeira pessoa em que pensei foi Niall. Pensei nos sorrisos que me deu, os olhares trocados, as suas palavras doces, e pensei especialmente no seu toque delicado sobre mim. E eis que de alguma maneira estranha eu tinha-me inspirado no Niall para desenhar o que me fora pedido. Na minha folha de papel sobressaiam duas mãos que tocavam uma na outra quase que formando a famosa posição da conchinha. Uma mão feminina e outra masculina. Sentia-me estúpida por ter imaginado a minha mão e a da pessoa sentada mesmo ao meu lado. De um momento para o outro eu desejava com tudo de mim, sentir o seu toque novamente, e mais estranho é pensar que nunca me senti desta forma.

- Posso ver o teu? – Niall perguntou olhando-me curioso.

- Só se me deixares ver o teu. – Negociei roendo levemente a ponta do meu lápis.

Ele sorriu e passou a língua pelos lábios antes de virar a sua folha para mim. Nela estavam desenhados uma raposa apoiada em apenas duas patas e um coelho que a abraçava enquanto a mesma a encarava aterrorizada.

- Eu vou explicar. – Piscou o olho. – Então, a raposa e o coelho são muito diferentes. Tanto que as raposas caçam os coelhos. No entanto, eu quis demonstrar com este desenho que uma raposa e um coelho podem ser amigos, ou seja, que duas pessoas completamente diferentes podem ter uma belíssima amizade. – Ele sorriu orgulhoso. – Agora é a tua vez.

Este desenho só me fez perceber o quão adorável ele consegue ser. De uma forma metafórica, ele conseguiu deixar uma lição de moral, quase como nas fábulas. Ele é tão especial.

- Aqui. – Virei o meu desenho para ele e vi o seu sorriso a crescer.

- Está lindo. – Elogiou fazendo-me corar e mordiscar o lábio inferior.

Os nossos olhos prenderam-se e sinceramente parecia que o oxigénio havia desaparecido da atmosfera. Os seus olhos iriam ser sempre o meu ponto fraco, aquelas duas luzinhas azúis pareciam deixar o meu dia bem mais luminoso, especialmente quando a elas se juntava o seu sorriso caloroso que fazia aquele estúpido frio parecer na minha barriga. Era de loucos como em tão pouco tempo o meu corpo reagia de maneira ridícula ao seu. Bastava um olhar seu para deixar o meu interior a ebulir.

- O tempo acabou. James recolhe o desenho dos teus colegas por ordem numérica, por favor. – A professora pediu gentilmente ao moreno-jogador-de-lacrosse-que-gosta-de-me-insultar.

Ele assentiu e levantou-se do seu lugar pegando nos trabalhos por ordem alfabética. Ao chegar a minha vez, vi o seu sorriso gozão e os seus olhos frios em mim e desejei nunca o ter olhado. Ele pegou no meu desenho e olhou-o rindo ironicamente.

- Pena que ninguém algum dia te faça algo do género. – O moreno sussurrou para mim após examinar o desenho. – Sabes disso, certo?

Eu queria responder, queria ter a coragem que tive com Isabella, queria soquear a sua cara até á exaustão, queria tirar aquele seu sorriso idiota do rosto, queria arrancar aqueles olhos frios da sua cara e servi-los grelhados aos cães, queria tanto fazê-lo pagar por todas as vezes que me insultou, mas memórias suas a bater-me atrás do pavilhão desportivo, impediram-me de o fazer. Ele era das pessoas que mais temia por aqui.

Racism | njhWhere stories live. Discover now