From Hell - Saga Maurêveilles - Livro dois

The past

Então bem-vindo ao meu show de horrores

Você está na minha cabeça

Está vazio quando eu durmo

E eu estou morrendo na minha cama

Eu não consigo dormir

Tudo me faz cair

Você pode me puxar pelo céu?

Seria o fim se eu morresse?

Você pode me levar junto

Em paz para onde eu pertenço?

Nomy

Cinco de novembro de 1888, segunda-feira, (...) Inglaterra.

Uma maldita reunião... Que droga, não precisava disso, ninguém precisa saber que ainda estamos vivos, dinheiro não tem importância nesse mundo no qual eu vivo. Lá fora muitos podem se matar por ele, mas eu só quero minhas respostas e dar fim a aquele que me desafiou e me tirou um bem precioso.

Minhas pálpebras ficam pesadas... Não, não, não... Nada de dormir. Viro-me na cama e levanto a manga da camisa, Scorpio disse que se eu quisesse vencer teria que lutar para isso.

As marcas roxas em meu braço não são mais de sedativos, apenas os furos das agulhas que injetaram as vitaminas... Comer no mínimo três vezes ao dia e tentar dormir, por mais difícil que isso pareça.

Não posso me dar por vencido, se eu parar de comer meu corpo vai enfraquecer, se eu continuar sem dormir eu vou ficar completamente pirado. As palavras de Scorpio voltam aos meus ouvidos: "Se duas almas habitam o mesmo corpo, uma apenas está esperando a outra desistir para tomar o controle, se você desistir de tudo e acreditar no que Jaguadarte te diz é como admitir derrota, e você não é de fazer isso."

Scorpio no fundo se parece muito com o Chris... Afundo meu rosto no travesseiro, não só os olhos e cabelos, mas o jeito de não tirar aquele sorriso do rosto, por mais difícil que esteja sendo. Perder Rebecka deve tê-lo motivado mais, e de perdas meu número está bem maior que o dele, eu não devo desistir tão fácil.

Fecho os olhos pesadamente, é bom eu começar a me acostumar a isso... Ou ele vai tomar o controle.

XXX

Meu corpo está pesado, e o chão abaixo de mim está gelado... Um momento, chão?!

Apoio-me nos cotovelos, estou em uma sala branca, droga.

- Ah não, não... Não diga isso.

Encaro a figura sentada no chão a minha frente, ele vira seu rosto para mim, fecho a cara.

- Oh... – Jaguadarte espalma uma mão em frente à boca. – Não gostou?

Ele se levanta e dá uma voltinha, maldito. O que está na minha frente agora não é o homem com cabelos compridos e negros, mas sim um garoto com cabelos ruivos e lisos tocando seu ombro, rosto sardento e olhos grandes e vermelhos, Áster... Aperto as mãos em punho.

- O que você quer? – Cuspo as palavras.

- "Scorpio disse que eu não posso perder." – O barulho de seus saltos batendo contra o chão me faz abaixar o olhar. – "Scorpio disse que as vitaminas vão fazer bem" "Scorpio disse..." "Scorpio..." "SCORPIO." – Encaro as botas negras a minha frente. – O que você vai fazer se o Scorpio parar de te dar respostas?!