From Hell - Saga Maurêveilles - Livro dois

Confessional

Parece que ninguém sabe

Como você está se sentindo

Você está se escondendo todas as suas esperanças

Você deixou de acreditar

Não acabou, estamos a um passo

Vamos dobrar, mas nunca se quebrar

Battle Cry - Skillet

Vinte e um de novembro de 1888, quarta-feira, (Whitechapel) Inglaterra.

Subo as escadas sentindo meu coração bater mais rápido a cada segundo, abro a portinha do sótão sentindo o ar deixar meus pulmões quando um par de mãos brancas me empurra, meu pé escorrega e não consigo me segurar em nada desabando de costas no chão, praguejo me virando de lado e sentindo tanta dor que minha visão fica embaçada.

- Bem que a Milly disse que você ia vir aqui.

Abro os olhos e vejo o garoto loiro que estava com a Emily, ele desce as escadas e retorce meu braço nas costas engulo meu grito de dor e me levanto sendo arrastada por ele, olho em volta no corredor sujo por que Barbie e Caleb não estão por perto?

Refaço todo o caminho que corri sem notar nenhum sinal deles e por fim volto para a cozinha. Uma única mulher continua mexendo algo no caldeirão preto sobre o fogão, abaixo a cabeça e entro no corredor que me lembra a casa Nonsense continuo sendo arrastada até a sala da diretora, assim que a porta se abre encaro Caleb, Barbie e Toby esse desacordado, na sala também estão Emily segurando Manson e um homem alto de costas, mas pelas suas roupas sei que ele é um padre, engulo em seco.

- Eu disse que a ratinha voltaria pra toca. – Emily ri e puxa a bochecha de Manson que choraminga. – Bom trabalho Alef.

Alef me empurra e libera meu pulso, esfrego-o e suspiro, Caleb bufa e ergue as sobrancelhas seus olhos agora estão cinzentos não mais o negro que estava antes, Barbie faz bico e cruza os braços.

- Eu acho isso errado... – O padre sussurra se virando, ele me encara e um choque percorre meu corpo.

Ele é alto e elegante, é bonito, mas tem algo de familiar na sua beleza seus olhos azuis talvez ou o cabelo preto e encaracolado como o do Cain, ele franze as sobrancelhas e para me olhando calmamente ele é mais novo do que eu pensei, engulo em seco e abaixo a cabeça.

- O que essas ovelhas fizeram? – Ele começa novamente.

- Eles estavam causando baderna! – Alef resmunga. – E a diretora disse que precisamos dar novas crianças para ele.

- Cuidado com a boca! – Emily o censura. – A diretora acha que essas crianças vieram roubar algo.

- Nós não viemos roubar nada! – Guincho.

- E esse documento aqui?! – Emily solta Manson que corre para seu irmão desmaiado. – Você pegou a ficha de um dos órfãos.

- Eu... – Abaixo o olhar. – Eu preciso dela...

- Mas não é sua, isso é roubo. – Emily bate suas mãos enluvadas e se inclina sobre a mesa. – Quem era Abel hein menina?

- Não é da sua conta. – Caleb resmunga cruzando os braços. – Sua meretriz de quinta.

- Criança! – O padre o censura.

- Pro inferno! – Dou risada abaixando o olhar, digno do Cain.