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"As pessoas não têm lealdade, é isso que é. Essa é a verdadeira lástima."

Genevieve Valentine

Dezessete de novembro de 1888, sábado, (...?) Inglaterra.

Abro os olhos e respiro fundo, o teto vermelho de corações sangrentos se abre a minha frente, não quero me levantar.

- Você falhou. – Jaguadarte declara se sentando ao meu lado, dessa vez como ele mesmo, nada de disfarces. – Não devia deixar a Lilith interferir daquela forma.

- Você a obedecia também, não venha me passar o sermão quando já cometeu o mesmo erro.

- Insolenteee... – Jaguadarte se inclina e apoia um dedo sobre meus lábios. – Queria arrancar essa língua afiada pra não ouvir sua voz irritante, porém ela continuaria ecoando na minha cabeça com os seus pensamentos.

- Como você consegue viver com sua mente e a minha dentro da sua cabeça? – Sussurro.

- Da mesma forma que você. – Jaguadarte se deita sobre mim, reviro os olhos. – O que foi? Somos um só agora.

- Pro inferno... – Estico um braço e passeio meus dedos pelos cabelos dele. – O que você sugeriria para mim? Uma forma de Caleb não me trair, de um jeito limpo, nada de torturas.

- Ele não vai te trair. – Jaguadarte ri e se inclina me beijando, ergo as sobrancelhas, ele se afasta. – Quando um membro de Espadas jura lealdade para alguém prefere a morte à traição. – Ele se levanta e me encara. – Você o mandou jurar, não mandou?

- Não efetivamente... – Desvio o olhar.

- Idiota. – Jaguadarte balança a cabeça. – Não é à toa que sempre fracassa.

Enterro o rosto nas mãos e solto o ar pela boca. Droga...

- Jure lealdade... – Abro os olhos, Jaguadarte não está mais a vista, me sento e olho em volta, vejo-o em um canto, ele e Vorpal.

Jaguadarte não encosta nele, apenas o encara de braços cruzados, enquanto Charles está colado à parede, como se a natural presença do outro o oprimisse.

- Eu disse: jure lealdade. – Jaguadarte repete.

- Eu já jurei, perante a Rainha e a Corte... – Charles responde receoso.

- Eu sei. – Consigo ver o sorriso mínimo que cruza os lábios do Jaguadarte. – Mas quero que jure somente a mim.

Charles estanca e encara Jaguadarte, como se esperasse que o outro estivesse brincando. Jaguadarte inclina sua cabeça, não preciso olhar para seus olhos para saber que ele está fendendo suas pupilas para intimidar o outro. Charles suspira e seus ombros relaxam, como se o medo fosse substituído por outra coisa, um sorriso insano surge no rosto de Vorpal, o mesmo sorriso que rasgou os lábios de Abel quando nos vimos, engulo em seco.

- Você juraria lealdade a mim? – Charles ri e joga seu peso sobre Jaguadarte. – Responda-me.

Jaguadarte fica quieto, um silêncio perigoso. Charles se afasta dele, rindo ele para e sussurra:

- Quando você responder a essa pergunta eu juro lealdade.

Charles saltita e desaparece correndo por uma porta, arregalo os olhos e sorrio, Jaguadarte se senta novamente ao meu lado e revira os olhos.

- É involuntário. – Ele responde. – Você me faz lembrar dessas coisas e elas aparecem para você... Quando eu menos espero e quero.

- Uhn... Então você também cometeu esse erro. – Sorrio, Jaguadarte rosna, recuo um pouco.

From Hell - Saga Maurêveilles - Livro doisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora