Union

155 23 7
                                    

"Somos todos partes uns dos outros. Toda vida é toda vida, um grande continum. Somos todos uns dos outros. Devemos nos tornar o outro para que cada um seja feliz"

Barbary Hambly;

Doze de novembro de 1888, segunda, (...?) Inglaterra.

Marcel me guia até sua conhecida sala e espera que eu entre, apresso o passo e me sento na cadeira desconfortável de frente para meu carrasco.

- Cain... – Marcel se senta e cruza as mãos sobre a mesa.

- Eu pulei da carruagem. – Respiro fundo. – Sim, eu fiz isso, persegui o Tweedle achando que era Clarence, antes disso respondi mal o investigador e ele me ameaçou, agora tenho que ficar aonde os olhos dele possa ver e... – Marcel nega. – O que foi?

- Cheshire nos avisou do que estava acontecendo e pediu reforços... – Marcel apoia as mãos em frente aos lábios. – Mas não retornou.

- Não? – Ele nega novamente. – Mas eu o vi. Ele disse que ajudaria Lilith e depois... Depois desapareceu.

Encosto-me a cadeira e solto o ar pela boca. O que aconteceu com Chess? Marcel respira fundo.

- Quem vocês enfrentaram? – Marcel sussurra. – Abel...?

- Não. – Nego. – Os Tweedles. – Marcel ergue as sobrancelhas.

- Onde? – Ele murmura receoso.

- Na Dimensão do Espelho... – Abaixo a cabeça. – Chess conseguiu entrar lá e me tirar antes que Hamnet me atacasse.

- O menino... – Marcel se levanta. – Bem... – Viro-me para segui-lo com o olhar, Marcel para em frente ao espelho e apoia uma mão contra ele. – Espelho, espelho meu... – Marcel sorri, posso ver pelo seu reflexo.

Os olhos de seu reflexo mudam, e uma máscara os cobre, deixo um sorriso escapar e me levanto também, indo até eles.

- Pelo visto você está fraco demais para voltar... – Cheshire consente do outro lado do espelho. – Não vai ser atacado, vai? – Chess ri silenciosamente e dá de ombros. – Vai conseguir voltar?

Cheshire assopra sobre o espelho, deixando-o embaçado e letras bonitas aparecem na sua superfície:

"?E B A S M E U Q"

Sorrio, ele passa sua mão sobre o espelho e revira os olhos, seu rosto fica de cabeça para baixo e desaparece, deixando somente a carranca de Marcel.

- Isso é um sinal de que ele está bem, certo? – Sussurro.

- Isso é um sinal de que está vivo. – Marcel se vira. – Acredito que ele vá conseguir voltar em algumas horas.

- As horas de lá não são como as daqui... – Murmuro. Marcel se vira e ergue as sobrancelhas. – Depende das regras, e não me olhe assim, sabemos que eu tenho um ótimo professor e que me ensina sobre Wonderland.

- Sobre isso... – Marcel se apoia em sua mesa e bate os dedos contra a madeira. – Está tudo bem com você?

- Bem, na medida do possível. – Viro-me para o espelho e me encaro. – Um dia eu vou poder fazer isso que você fez? – Sussurro.

Minha expressão muda, e meus olhos se afinam no reflexo, não Jaguadarte, mas eu... Apoio uma mão contra o vidro e me inclino, minha testa bate sobre o espelho e cerro as pálpebras.

- Eu sinto muito. – Marcel sussurra.

- Sente pelo que? – Abro os olhos e me viro para ele. – Não me tratem com pena, eu odeio isso, inferno.

From Hell - Saga Maurêveilles - Livro doisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora