From Hell - Saga Maurêveilles - Livro dois

The fall

"Assim quando você estiver dentro de um desagradável trem de recordações, seguindo para lugares do seu passado onde o risco é insuportável... lembre-se da loucura."

Alan Moore

Seis de novembro de 1888, terça-feira, (...) Inglaterra.

Perguntar sobre Alice, perguntar sobre Alice... Seguro o livro, mas meus olhos não se focam nas letras e sim em Bankotsu que se esparrama na poltrona da frente, ele me encara e sorri, depois franze as sobrancelhas.

- O livro... – Ele aponta para mim. – Está de cabeça pra baixo, minha dama.

- O que? – Afasto o livro. – Ah... É... Estava olhando as ilustrações e... E puxa! De cabeça pra baixo tudo fica diferente.

- A percepção muda. – Bankotsu ri.

- Sobre percepção... – Ele se inclina. – Não, quero dizer...

Inclino-me na poltrona, o que eu pergunto? Todos os planos que Cain resolveu me enfiar sempre deram errado, eu nunca consigo as informações, só quando elas vem até mim, como foi o caso de Abel. Estalo a língua e respiro fundo.

- Bankotsu o que você sabe sobre...

Minha visão é obstruída por um par de olhos negros que flutuam sem rosto, recuo e apoio minhas costas na poltrona, Cheshire aparece por completo, estirado no ar de barriga pra cima, ele sorri, reviro os olhos.

- O que a minha bela dama quer saber...? – Ele ronrona se endireitando.

- Sobre... – Engulo em seco, Chess não vai me dizer o que quero. E Cain não quer que ele se envolva não depois do que aconteceu com o Jared. – Ah... Sim, se Jaken anda bem, ele disse que estava indisposto e...

- Indisposto? – Bankotsu solta uma gargalhada, ergo as sobrancelhas. – Muito pelo contrário ele está... – Chevonne entra na sala, Bankotsu tosse e desvia o olhar. – De cama, acordou com febre.

- Quem? – Chevonne indaga assustada.

- Jaken. – Chess revira os olhos e desaparece.

- Oh pobrrezinho. – Chevonne murmura. – Tan azarado, vou ver como está se sentindo.

Ela sai apressada, Bankotsu solta um gemido e se levanta a seguindo. E as pistas foram embora. Droga... Se Chess não tivesse aparecido... Melhor procurar outra pessoa para me ajudar.

XXX

Espero parada em frente à porta de Emmeline, uma hora ela vai vir para o quarto, e... Escuto passos e olho para o fim do corredor, ela vem apressada em minha direção.

- Emmeline! – Sussurro ela sorri. – Sabe? Gostaria de conversar com você e...

Assusto-me quando Chess aparece do nada ao nosso lado.

- Olá senhoritas. – Ele faz uma mesura. – Chevonne arranjou problemas no quarto de porcelana, minha bela Emmeline. – Ele diz preocupado e apoia uma mão contra o rosto. – Poderia ajudar a pobrezinha com os cacos das bonecas?

- Por Deus! Chevonne ainda destrói essa casa!

Emmeline volta pelo corredor, Cheshire sorri e me encara, reviro os olhos e bufo me afastando, droga de gato.

XXX

Abro a porta timidamente, a que ponto eu cheguei? Vir pedir auxílio à louca da Meredianna. Entro no quarto e fecho a porta atrás de mim, ela está deitada em um divã velho penteando o cabelo de uma boneca com um garfo... Respiro fundo.