First house

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"No entanto, já que estamos aqui, o melhor que se tem a fazer é ficar e observar. Não passamos de meros espectadores. No fundo, ninguém nos quer. Só nos resta olhar e dizer coisas cortantes, na esperança de que algumas delas machuquem alguém."

J. M. Barrie

Dezenove de novembro de 1888, segunda-feira, (Heartsplains) Wonderland.

Abro os olhos devagar, eu me lembro vagamente de Lilith ao meu lado, estico as mãos e toco meu rosto, coçando os olhos, uhn...

- Vamos, seu tempo já começou a correr.

Arregalo os olhos ainda estou na minha cama no mesmo quarto, mas ao invés de Lilith vejo Jaguadarte do meu lado, a cama é pequena para ele e suas botas ficam pra fora, me apoio nos cotovelos, ele repete meu ato, como um reflexo, sorrio e ele faz o mesmo.

- Certo. – Me sento, ele me imita. – Sua exigência foi uma semana de jogo e eu disse sim, agora vou direto ao ponto, o jogo que eu quero propor a você Jaguadarte. – Ele cruza os braços e consente. – Eu quero atravessar as oito casas do tabuleiro.

- E se tornar rei? – Jaguadarte descruza os braços e rola na cama, se deitando de bruços. – Eu não sou nenhum tipo de Rainha de Copas meu caro...

- Bem eu queria propor algo diferente, mas você não me deixou terminar. – Reviro os olhos, Jaguadarte me encara. – Eu desejo passar por oito memórias suas.

- Oito memórias? – Ele arregala seus olhos e depois os afina, ameaçador. – Não acha que está pedindo demais?

- Não. – Estico minha mão e ergo seu rosto com um dedo. – E aí entra o nosso jogo, eu quero memórias relacionadas à: "quem é Vorpal, e Charles", "onde está a Espada Vorpal" e "o que Lewis Carroll representa nisso tudo" e bem, se eu puder obter essas respostas ficaria muito feliz.

- Três itens... – Jaguadarte ergue as sobrancelhas. – Em oito memórias?

- Assim você poderá escondê-los como bem entender e eu tenho que encontrar minhas respostas, se eu conseguir encontrá-las e nisso você poderá jogar baixo e eu sei que fará.

- Mas você quer algo a mais... Não apostaria em um jogo que eu posso mentir e te enganar assim à toa. – Jaguadarte se senta de frente pra mim. – Você quer ter uma base de como é Wonderland segundo minhas memórias e tudo mais que conseguir arrancar.

- Pois sim... – Consinto e sorrio.

- E como se dará o vencedor se só você está se beneficiando?

- Bem, eu irei procurar as respostas para as minhas perguntas você pode escondê-las bem, mas esse não é meu objetivo principal lembre-se que eu apenas disse que quero memórias relacionadas a isso, o objetivo desse jogo é que eu descubra seu verdadeiro nome Jaguadarte. Eu quero tirar as conclusões e assim dar seu nome ao final e se isso acontecer você desaparece pra sempre e me deixa em paz.

A parte branca de seus olhos se torna negra e ele se inclina pra cima de mim, mexendo os ombros e a cabeça em um ângulo estranho, recuo e encosto minhas costas na cabeceira da cama. Jaguadarte me encara frente a frente.

- E se não descobrires meu nome... – Ele sussurra.

- Morrerei e as respostas que adquiri irão comigo. – Sorrio e passo minhas mãos por seus ombros, ele é quente... Engulo em seco. – É tentador não é?

- Tem suas vantagens e desvantagens... – Jaguadarte sorri e recua novamente humano. – Bem eu estou preso aqui, o jogo é um jeito de barganhar minha liberdade, por isso, estou de acordo meu caro Cain, se descobrires meu nome e as três respostas que deseja acordará ao fim de sete dias, mas se fracassar em encontrar as respostas, se não descobrir meu nome ou mesmo se o prazo de sete dias se extinguirem antes que você tenha todos os itens eu irei assumir teu corpo.

From Hell - Saga Maurêveilles - Livro doisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora