1. W 86TH STREET STATION

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BRIANNA


Alguém poderia pensar que despertadores são dispensáveis quando se vive em Nova York – a cidade que nunca dorme, onde sirenes e escavadeiras não têm horário definido para assustar um turista. Bem, ninguém nunca avisa que você se acostuma, depois de um tempo. Os barulhos da cidade tornam-se quase relaxantes.

E se não fosse pela falta das malditas cortinas que ela sempre se esquecia de comprar – naquela manhã elas não eram tão malditas assim, a sua falta foi uma bênção – Brianna não teria sentindo a luz quente do sol entrando pela sua janela, diretamente na sua cara, fazendo com que ela acordasse com o susto e a realização de que não havia colocado um alarme na noite anterior.

E que havia passado boa parte da madrugada maratonando Law & Order: SVU.

— Put... — ela começou a dizer e tapou a boca em seguida. Faziam anos desde que ela havia se formado no ensino médio, mas sempre que pensava em dizer um palavrão, o tempo que estudara em um colégio católico e o olhar de reprovação da Irmã Gerthrudes invadiam a sua mente. Em vez disso, ela pegou um dos travesseiros e abafou um grito contra ele, lançando-o para fora da cama antes de ficar de pé — Mas que droga, Lizzie!

Lizzie, coitada, não havia feito nada. Ela apenas era a culpada por Brianna ter ficado viciada em Law & Order.

Ok, ela estava atrasada para os padrões de sua rotina normal, mas ainda tinha tempo o suficiente para um banho rápido... ou talvez não. Bem, ela havia tomado banho antes de dormir e ainda estava com o cheirosa graças ao seu hidratante corporal – e até onde ela sabia e esperava, ninguém no escritório iria cheirá-la. Lavou o rosto antes de escovar os dentes andando pelo quarto ao mesmo tempo em que tentava escolher algumas roupas. Quem se importa? Dane-se, pensou antes de puxar a calça preta e a blusa branca de botões, jogando as duas peças em cima da cama para que pudesse cuspir a espuma de creme dental e lavar a boca.

Certo. Rosto lavado, dentes escovados. O cabelo... ugh nem sequer era uma palavra, mas era a única forma de definir o cabelo de Brianna. Ele tinha vida própria, uma juba ruiva volumosa e cacheada (obrigada, Mamãe e Pa). Quando eles estavam sob controle, ela geralmente não se importava com seus cachos – mas preferia alisar o cabelo na maior parte dos dias da semana. Definitivamente não tinha tempo sobrando para fazer uma escova ou chapinha, então simplesmente pegou um elástico que encontrou na pia e o prendeu em um rabo de cavalo, torcendo para que ele não parecesse tão armado.

Enquanto tirava o pijama, seu celular tocou. Ao ver o nome na tela, sentiu uma mistura de alívio e desespero.

— Marsali! — gritou ela, colocando a chamada em modo viva-voz — Eu já disse... — ela prendeu a respiração e encolheu a barriga antes de fechar o botão da calça. Ela não estava acima do peso, mas encontrar calças que caíssem bem era um preço a se pagar por ter quadris largos. Ela culpava Mamãe por isso. — ... que amo você hoje? — concluiu, subindo o zíper.

Eu não vou comprar café para você só porque sou uma estagiária — Marsali avisou do outro lado da linha, com tom sarcástico. Ao ouvir a palavra "café", Bree podia jurar que ouviu seu estômago reclamando.

Nota mental: não maratonar séries apenas tomando vinho e sorvete.

A propósito, onde diabos você está? Achei que chegaria mais cedo considerando...

— Sim — Brianna a interrompeu entredentes enquanto abotoava a blusa. Céus, ela só esperava que a blusa não estivesse ao avesso ou que ela esquecesse algum botão — Eu também achei. Mas não importa, vou chegar aí em... meia hora? — chutou ela, quase como uma prece. Seria quase impossível, mas ela precisava tentar. — Tive um probleminha com o horário.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListOnde as histórias ganham vida. Descobre agora