5. BURN, BABY, BURN

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BRIANNA


Enquanto caminhava a passos largos e apressados em direção à saída mais próxima do parque para o Upper East Side, Brianna sentiu um misto de sentimentos dentro de si que fez com que ela se sentisse ainda pior consigo mesma. Quando estava longe o suficiente de John Grey para que suas emoções voltassem ao normal – na medida do possível – ela se arrependeu imediatamente por ter reagido daquele jeito. Bree costumava manter-se fria e sob controle de suas emoções, porque ela sabia que se não fosse cuidadosa o suficiente, o que acabara de fazer poderia acontecer com frequência: a máscara de sua frieza caía, dando lugar para o seu temperamento colérico e revelando a cabeça-quente que ela poderia ser quando quisesse.

"É o seu lado Fraser", Claire diria, rindo, se pudesse vê-la naquele momento "Você não pode controlar o fogo por muito tempo".

De fato, algumas circunstâncias faziam com que seu lado esquentado viesse à tona, mas aquele definitivamente não deveria ser o caso. Ela havia surtado com um cara que mal conhecia e que – ela não podia mentir para si mesma – tinha gostado de conhecer. Quanto mais rápido Bree andava, mais arrependida se sentia. Não era o lugar dela dizer que ele estava errado em recusar a proposta de conhecer tia Jo, afinal, ela não sabia nada sobre a vida de John. Ele deveria ter seus próprios motivos, bons motivos, e ela agiu como uma criança mimada ao ser contrariada.

No entanto, Brianna era orgulhosa demais para admitir isso.

Era vergonhoso e imaturo, mas era a verdade. Orgulhosa e teimosa demais para voltar atrás e tentar alcançá-lo e pedir desculpas. Ou para sequer lhe dizer isso através de uma mensagem de texto. Talvez nunca mais vê-lo ou falar com ele novamente se tornasse a consequência das suas ações e suas escolhas, e ela precisaria encontrar um jeito de ficar bem com isso. Naquele momento, esse pensamento doía, mesmo que fosse ridículo da parte dela.

A caminhada até a casa de tia Jo fez com que ela suasse um pouco e ficasse levemente ofegante ao alcançar o prédio. A cobertura onde Jocasta vivia ficava no prédio de esquina da 69th Street com a Madison Avenue e costumava ser um hotel de luxo até ser transformado em um condomínio na década de 40.

— Bom dia, Bertie — ela cumprimentou o porteiro que deveria trabalhar no prédio, no mínimo, desde a sua fundação. Ele era um velhinho adorável. — Minha tia está me esperando.

Essa última parte não era exatamente verdade. Ela não havia avisado tia Jo que iria aparecer ali.

— Pode ir, senhorita Fraser — Bertie sorriu para ela, a dentadura brilhando.

A cobertura de dois andares onde tia Jo vivia desde que havia se casado com Hector Cameron era, para resumir, exagerada. Porém, ela precisava admitir que sua tia tinha bom gosto – ela conseguia equilibrar o vintage e o contemporâneo, o art dèco e o modernismo. É claro que isso não era surpresa, já que tia Jo era uma artista, mas Bree gostava de prestar atenção aos detalhes, já que toda vez em que ela ia ali, havia algo diferente no lugar.

Quando as portas do elevador se abriram, no entanto, Brianna deu de cara com alguém que ela não esperava ver naquele dia.

— Ulysses! — ela exclamou, sorrindo, ao ver o homem ali.

Então prestou um pouco mais de atenção.

Ulysses Joseph era o assistente pessoal de tia Jo há alguns anos, mas nos últimos meses, desde que a visão dela havia piorado, ele havia começado a passar mais tempo com ela, ajudando-a. Ele era um homem muito bonito e gentil, e Bree secretamente achava que ele e tia Jo formariam um casal adorável, já que ele era divorciado. Mas ela sabia que existiam limites em que até tia Jo não cruzaria, e Ulysses era extremamente profissional e cordial.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now