{PT} Brianna and John's Things-to-Do List

17. DESAMPARADA

* Aviso de gatilho: assédio sexual *

BRIANNA

Ainda faltavam alguns meses para o fim do ano, mas Bree tinha quase certeza que já podia nomear aquela semana como a pior de todas até então.

Para alguém que chegava a quase se gabar por nunca ter sofrido por amor, Brianna se esqueceu de que amigos também poderiam partir seu coração. Para ser honesta, ela pensava que seria John quem faria aquilo – afinal, quem ela queria enganar? Havia usado todas as células pretensiosas do seu corpo em um surto repentino de autoconfiança ao dizer boa sorte tentando não se apaixonar por mim, mas temia que no fim das contas fosse ela quem iria quebrar a cara e pagar a língua. A verdade era que não seria difícil se apaixonar por John Grey: ele havia dito que ela era a pessoa mais interessante que ele conhecia e Bree se perguntava se ele sabia que a recíproca era verdadeira. Ela não apenas se sentia atraída por ele fisicamente e sabia que ele pensava da mesma forma – os dois se viam em um nível intelectual, e pelo menos para ela isso era uma novidade. Além disso, Brianna já tinha se apaixonado pela arte dele antes de sequer saber seu nome. Bem, se algum dia suas previsões negativas acontecessem e John partisse seu coração, pelo menos Marsali havia poupado dele o trabalho de ser o primeiro.

Desde que elas haviam se conhecido, aquele havia sido o máximo de tempo que as duas haviam passado sem se falar. Brianna achou que seria muito mais difícil evitá-la no trabalho do que realmente estava sendo – parecia que Marsali havia conseguido a capa da invisibilidade do Harry Potter. Ela queria se sentir aliviada por não terem que passar uma pela outra com encaradas e silêncio constrangedores, mas se sentiu ainda pior ao ver o esforço de Marsali para evitá-la. As duas eram terrivelmente orgulhosas e Brianna considerou a possibilidade de ser a pessoa madura da situação, chamando-a para conversar e pedir desculpas, mas não conseguiu. Todas as palavras de Marsali pareciam ecoar em sua mente, tão altas e claras quanto naquela manhã, e Brianna sentia a humilhação e a raiva que sentira naquela conversa como um soco no estômago. Havia um limite para o que ela conseguia assumir a culpa e aquele definitivamente não era o caso.

É claro que Marsali não era a única culpada. Quando chegou em casa depois de sair do apartamento de John, Brianna começou a briga com Fergus antes que ele tivesse a chance de abrir a boca para perguntar onde ela havia passado a noite. Certo, não foi exatamente uma briga: foi mais uma Brianna furiosa gritando que ele era um mentiroso que não cumpria as promessas que fazia e que não conseguia manter o pau dentro das calças. Fergus não costumava brigar – pelo menos não da mesma forma que ela, erguendo a voz e parecendo descontrolada – e naquele momento ele mostrou de quem estava do lado na confusão. De Marsali, é claro. Porque aparentemente essa era a única resposta possível entre ficar do lado de sua própria irmã e da garota com quem ele estava ficando há poucas semanas.

Ele disparou em direção à porta e disse que voltaria depois para buscar suas coisas. Sim, essa foi a forma como o desgraçado contou para ela que havia encontrado um outro lugar para morar.

Brianna achou que pelo menos poderia usar seu trabalho como distração da tristeza agonizante que estava sentindo, mas aparentemente o universo não queria lhe dar uma trégua. A empresa fechou parceria com uma das novas indústrias de T.I. em ascensão da Costa Leste para um projeto de geração de energia sustentável. Tecnicamente o cliente era de Cooper, e Bree se sentia confiante – havia criado um sistema eletrônico com bateria movida a energia solar como seu projeto final da faculdade e isso era um dos pontos do seu currículo. Além de seu destaque no escritório, ela tinha conhecimento e experiência para realizar aquele projeto. Cooper gostava dela e de seu trabalho. No entanto, ela já esperava que Clarkson fosse influenciar o sócio a deixar seu protégé como responsável técnico.