3. ILUSÕES E DESILUSÕES

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BRIANNA


Há três coisas que você precisa saber sobre Roger Wakefield.

A primeira: ele é escocês. É. De uma pequena cidade – um vilarejo, na verdade, chamado Kyle of Lochalsh. Alguém poderia pensar que Brianna, morando em Nova York, acabar namorando um escocês poderia ser alguma evidência de daddy issues, mas ela prometia que não era. O fato de ele ser escocês não foi o motivo pelo qual ela se interessou e se afeiçoou por ele, o contrário do que aconteceu com Marsali. Foi apenas uma grande coincidência, e ela esperava que fosse uma boa coincidência, um sinal de que seu Pa poderia gostar de Roger por ser seu compatriota.

Spoiler: não foi.

Brianna e Roger se conheceram em uma festa que Lizzie a obrigou a ir. Ele tomou a iniciativa de falar com ela – talvez por ela se destacar no lugar, mesmo que não quisesse. Bem, a culpa era dela mesma por ter decidido usar sapatos de salto alto naquela noite que a deixavam pelo menos doze centímetros maior. Eles conversaram um pouco, beberam alguns drinks, e acabaram se beijando algumas vezes. Não foi ruim, mas também não foi nada espetacular. Ela achou que ele se tornaria só mais um nome no seu registro mental de caras-com-quem-já-fiquei-mas-hoje-não-tenho-mais-contato-e-nem-me-importo.

Em algum momento da noite, um pouco bêbada, talvez ela tivesse dado o número pra ele. E ele ligou. E... ele continuou ligando. Provavelmente esse era o motivo para eles ainda estarem juntos: Roger realmente estava investido naquele relacionamento.

A segunda coisa: ele é um professor de História. Ou pelo menos, quer ser. Não havia uma única vez em que ele conhecia uma pessoa nova e não precisava dizer, com o peito estufado, que havia recusado a proposta de integrar-se ao corpo docente da Universidade de Oxford, onde ele seria um dos professores mais jovens da aclamada instituição. Ele recusou a oferta para começar o seu PhD em Yale – afinal, era uma Ivy League – e aí começou o seu sonho americano. Ele se mudou para Nova York após concluir o doutorado.

Bree achava interessante, legal até, o fato de eles terem isso em comum. Apesar de ter desistido antes de completar seu primeiro ano no curso em Harvard, ela ainda gostava de História, mesmo que não fosse sua paixão. Era legal conversar sobre isso com Roger – até o ponto em que ele passava de historiador para mestre do mansplaining. Ele conseguia se tornar incrivelmente irritante quando assumia que Bree não podia saber das coisas porque, aparentemente, só havia lugar para números e ciência na cabeça dela.

A terceira coisa: ele era extremamente controlador. E teimoso. A sorte de Brianna é que ela era ainda mais teimosa, ou – honestamente – não sabia aonde aquele relacionamento iria parar.

A verdade era que depois de alguns meses de bons beijos (porque não passaram da segunda base), encontros medianos e dias que certamente eram piores do que outros, Brianna decidiu e aceitou, em paz, que era hora de colocar um ponto final. Roger claramente estava muito mais interessado nela do que ela nele, e ele merecia alguém que retribuísse seus sentimentos na mesma intensidade. E ela merecia alguém com quem ela não se sentisse entediada durante a maior parte do tempo.

Quer dizer, ele não era uma pessoa ruim. Quando dizia algo machista, ela imediatamente o repreendia e ele imediatamente pedia desculpas – ela não sabia dizer se eram verdadeiras ou se ele só estava fazendo aquilo para manter as coisas entre eles do jeito que estavam. Ele também nunca havia a forçado a fazer nada contra sua vontade. Bem, ele havia tentado, mas quando ela disse que ainda não estava pronta, ele a respeitou. Brianna apenas não o achava um cara maravilhoso por fazer o mínimo que qualquer homem decente deveria fazer.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now