18. MEDIDAS DESESPERADAS

92 10 188
                                    

*Aviso de gatilho: assédio sexual.*


JOHN


No final das contas, eles não haviam precisado de Claire Fraser. Marsali e Fergus abriram caminho pelo mar de corpos suados e fantasiados enquanto John e Brianna faziam o seu melhor para carregar uma Lizzie mole e sonolenta através da multidão eufórica e embriagada. Algumas pessoas pareciam curiosas com a situação, mas Bree assumiu uma postura risonha que fez com que ele franzisse o cenho, confuso.

— Ela só passou um pouco da conta — comentou ela, mais alto do que o pop genérico que tocava pelos alto-falantes, para uma garota de cabelo azul que se aproximou, parecendo bastante preocupada. Sua postura relaxada poderia enganar aquelas pessoas, mas John a conhecia bem demais para perceber a fúria por baixo daquela fachada despreocupada. — Vamos levá-la para casa.

Não foi nem um pouco difícil encontrar Dottie dentro de seu vestido deslumbrante e, consequentemente, eles também encontraram Denny, com as mãos na cintura dela. Se a noite já não estivesse desastrosa o suficiente, John teria reagido melhor ao fato de que seu melhor amigo estava com as mãos na cintura de sua prima enquanto ela ficava na ponta dos pés para beijá-lo como se ambos não estivessem cercados por dezenas de outras pessoas.

— Estamos indo embora — gritou John, se perguntando se o casal conseguira ouvi-lo.

Denny se afastou de Dottie como se ela estivesse em chamas e, apesar da penumbra e das luzes estroboscópicas, seu semblante de desespero era bastante visível.

— J-John... Eu... — seus olhos pousaram em Lizzie e toda a sua postura mudou, como um interruptor tivesse sido ativado em seu cérebro. — O que aconteceu?


Dottie, Marsali, Fergus e John estavam amontoados na sala de estar do apartamento de Brianna enquanto ela e Denny estavam no quarto de hóspedes conferindo como estava o estado de Lizzie. Marsali pairava ao redor da porta, parecendo dividida entre a vontade de deixar a amiga ter espaço para respirar e a necessidade de estar perto dela. Fergus e Dottie estavam conversando sobre alguma coisa relacionada à França enquanto bebericavam um pouco de café e lançavam olhares curiosos na direção do quarto.

John se afastou, murmurando algo sobre pegar um copo de água enquanto desaparecia em direção à cozinha. Apesar do cômodo ter sido projetado para ter um conceito aberto, ele se sentiu melhor e quase sozinho. Sem preâmbulos, ele se sentou em uma das banquetas que ficavam ao redor da bancada de mármore, puxando a peruca da cabeça com força e soltando pelo menos sete palavrões em mandarim. Ele sentiu a cola — que Dottie havia usara para manter o adereço no lugar — puxar sua pele e alguns fios de cabelo e não se importou. Seus olhos lacrimejaram, mas ele não parou até que segurasse a peruca entre seus dedos trêmulos. Ele se sentia péssimo.

Foi como se tudo o que havia acontecido naquela última semana tivesse decidido pesar nos seus ombros de uma vez só. Havia o e-mail misterioso, todo o seu nervosismo com sua primeira exposição e Lizzie... Ah, meu Deus, Lizzie! Marsali e Fergus pareciam tão abalados quanto ele e John se perguntou se eles se sentiam o mesmo que ele. Impotência, tristeza e, principalmente, raiva. Todos aqueles sentimentos pareciam querer sufocá-lo, agarrando-se à sua garganta como um nó irritante e insistente.

Durante todo o trajeto de volta para o apartamento, ele sentiu seu coração bater com força o suficiente para fazer todo o seu corpo tremer. Como ele pôde ser tão inútil? Ele ficou lá, assistindo enquanto Brianna lutava com o cretino que atacara Lizzie e depois, quando ela lhe mandou ligar para a polícia, tudo o que ele conseguiu fazer foi entrar em pânico. Fergus acabou não envolvendo as autoridades, mas só porque Lizzie parecia desesperada demais com a possibilidade do seu pai ficar sabendo sobre aquele incidente. Uma parte de John — e ele se odiava imensamente por isso — se sentiu aliviado.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now