28. MINTA PARA MIM

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JOHN


A primeira semana de fevereiro passou como um borrão, mas John não conseguia deixar de pensar na proposta que lhe havia sido feita. O pensamento ficava dando voltas em sua cabeça, zumbindo como um enxame de abelhas que parecia não conseguir se decidir se o picava ou se o enfurecia até a morte. Ele estava evitando Alderdyce desde a festa de Ano Novo, mas o amigo de Jocasta Cameron estava perdendo a paciência com suas respostas evasivas e havia lhe dado um ultimato. Um pouco antes das festa de final de ano, Sebastian Alderdyce mencionara um amigo em Reykjavik que estava bastante interessado na arte de John.

Ele nunca havia pensado em deixar Nova York. Ele amava aquela cidade; desde a cacofonia interminável até o trânsito insuportável e o cheiro de poluição. Agora, entretanto, aquelas coisas parecia irritantemente vazias e sem graça. John havia conseguido o que queria. Depois de três anos vivendo ilegalmente nos Estados Unidos, ele finalmente tinha um green card e não precisava viver com medo do que estava por vir. Ainda assim, ele sentia que faltava algo. Não algo, não. Alguém. Ele sentia falta de Brianna.

Como artista, é claro, ele sabia que que sempre teria algo faltando. Ninguém era capaz de ser 100% feliz com o que tinha, porque os seres humanos havia sido condicionados a sempre querer mais. Naquele momento, John tinha tudo o que sempre quis. Estabilidade, uma perspectiva de futuro e uma oportunidade de trabalhar com um dos maiores artistas da Islândia. Tudo o que ele precisava era entrar em um avião e deixar que seu futuro se desenrolasse, brilhante e próspero, diante dele. Mas ele não tinha Brianna e, de alguma forma, aquelas conquistas perdiam o apelo diante daquela variável.

E então, John? — perguntou Sindri, com expectativa.

John olhou para a tela do seu notebook como se quisesse invadi-la e se teletransportar para a Reykjavik. Alderdyce lhe dissera para não perder aquela oportunidade, porque nenhuma outra surgiria. Sindri — sem sobrenome, apenas Sindri — era um artista renomado na Escandinávia. Ele havia aberto três galerias no último ano para comportar suas obras e, diziam as más línguas, havia pintado um quadro para a casa de veraneio de Meghan Markle e Príncipe Harry.

— É uma proposta extremamente tentadora — concordou John. Tentadora não começava a descrever o quão surreal era aquela oportunidade. Ele nunca imaginaria que alguém tão renomado se interessaria pela arte dele. Sindri tinha tudo. Seu mais novo projeto envolvia outros artistas, é claro, mas todos eles eram tão renomados quanto ele. John não sabia que tipo de favores Alderdyce esperava receber em troca daquela conexão entre um dos maiores pintores e escultores da Europa com um pobre coitado que vivia em um apartamento minúsculo em Nova York com seu melhor amigo e um cachorro possuído por todos os piores demônios que havia no inferno. — Espero que você não me ache arrogante ou nada do tipo, mas eu preciso de mais alguns dias para me decidir.

Mesmo através de uma vídeo chamada, John pode sentir os olhos de Sindri se revirarem internamente.

Você tem me enrolado já tem quase dois meses, Grey — a postura do islandês mudou e ele se endireitou na cadeira. — Vou começar esse projeto semana que vem, com ou sem você. Eu entendo que você acabou de conseguir o seu green card, mas você estará de volta dentro do limite previsto para viagens ao exterior, eu prometo.

— Eu sei, eu sei. É que...

É uma garota, não é? — Sindri riu. — Sempre é uma garota. Ou um cara. Meu Deus, eu espero que você esteja me enrolando por causa de uma garota. Eu me sentiria pessoalmente ofendido se o motivo da sua incerteza fosse um homem.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now