23. SURPRESA

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BRIANNA


Vinte e três de novembro nunca havia sido um dia memorável. É claro que seu aniversário costumava ser muito mais emocionante quando Brianna era uma criança – um dia inteiro sendo mimada, recebendo presentes e atenção? Esse é o sonho – e a data pareceu perder a importância conforme ela foi se tornando mais velha e os números em sua idade pareciam se tornar uma espécie de lembrete de tudo que ela ainda não havia conseguido fazer ou conquistar em sua vida. Obviamente Brianna não pensava o mesmo sobre o aniversário das pessoas que ela amava: nesses dias ela se empenhava completamente em fazer com que eles se sentissem a pessoa mais importante do mundo inteiro. A lógica de é só um dia como todos os outros só poderia ser aplicada ao aniversário dela mesma.

Além do mais, não era completamente mentira. A maioria – e ela havia contado – dos seus aniversários havia sido no meio da semana, e não era como se ela pudesse faltar a escola, faculdade ou trabalho para aproveitar seu "dia especial". O Dia de Ação de Graças estar se aproximando também era um fator que fazia com que muitas pessoas não se lembrassem do aniversário de Brianna, já que estavam ocupados demais organizando seus jantares e se preocupando com os preparativos. Ela não se importava.

Na manhã do seu vigésimo quarto aniversário, uma sexta-feira, Brianna não acordou por causa do despertador ou porque a luz do sol havia entrado pelas cortinas. Ela acordou porque seu corpo percebeu que algo estava errado – algo estava faltando. Havia um vazio na cama onde John deveria estar, e por isso ela despertou antes mesmo que o alarme tocasse. Era completamente estranho pensar que, em tão pouco tempo, ela havia se acostumado com a presença dele ali, como se ele sempre tivesse sido parte da sua rotina. Era mais estranho ainda não sentir o calor do corpo dele contra o dela, os braços dele ao redor dela e o som da respiração dele embalando o sono dela.

Dizem que uma quantidade específica de dias é necessária para que algo se transforme em um hábito. Brianna sentia que havia criado o hábito de dormir nos braços de John muito mais rápido do que o normal. Ela sentou na cama e esfregou os olhos ao ouvir o barulho da porta sendo aberta, e o cheiro de comida que entrou no quarto fez com que o estômago dela protestasse.

— Você já acordou? — John perguntou enquanto ela, definitivamente, sentia que não estava completamente acordada, ou pelo menos que seu cérebro não estava funcionando em 100% ainda. — Droga, eu tinha planos de fazer isso.

Brianna piscou algumas vezes após abrir os olhos, ainda sonolenta. As cortinas estavam fechadas e o quarto estava escuro, então ela só podia vê-lo pela pouca luz que entrava através da porta parcialmente aberta. John deixou algo – uma bandeja, ela percebeu – sobre a mesa de cabeceira antes de se sentar ao lado dela, na cama, e beijá-la no rosto.

— Feliz aniversário, sra. Grey.

Ela o socou de brincadeira enquanto se espreguiçava, e John soltou um "ai" entre as risadas.

— Eu já disse que não vou mudar meu sobrenome — respondeu ela, porém sorriu de qualquer forma — Mas obrigada.

— Como você está se sentindo? — ele perguntou, beijando o ombro dela em seguida.

— Dolorida — Brianna grunhiu, e John pareceu se engasgar com uma risada — E a culpa é sua.

— Ah, claro. Se eu me lembro bem, você mesma pediu por isso — retrucou ele — Eu quis dizer sobre seu aniversário. Está se sentindo mais velha e mais sábia?

Ela não sabia se era pelo fato de estar cedo demais – ou pelo menos mais cedo do que o horário no qual ela normalmente acordaria – ou porque John estava estranhamente alegre, já que ele era tão enfezado durante as manhãs quanto ela, mas Brianna soube que seu motivo para revirar os olhos tinha muito mais a ver com o fato de que ela não se importava com seu aniversário.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now