12. PROPOSTAS INDECENTES

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JOHN


John não estava apaixonado por Fergus Fraser.

Ele tinha certeza de que havia uma explicação lógica para a forma como seu coração quase saiu pela garganta quando viu as notificações na tela do celular e viu a mensagem que o irmão de Brianna o enviara.

Salut, John! Fergus aqui. Bree me passou o seu número, espero que não se importe. Podemos nos encontrar para almoçar hoje?

Havia uma parte do seu cérebro — uma parte conspiratória e muito criativa — que sentia o cheiro de uma cilada. Fergus Fraser poderia estar planejando sequestrá-lo para fazer o interrogatório que começaria com "Quais são as suas intenções para com a minha irmã?" e continuaria indo ladeira abaixo. Havia também a parte racional e inteligente que acreditava que ele só queria conhecê-lo melhor e se inteirar no que existia entre John e Brianna.

O que diabos existe entre você e Brianna?, ponderou ele, sem conseguir chegar nem ao menos perto uma resposta concreta.

Eles haviam se beijado. Ponto. Depois de tanto tempo querendo fazer aquilo, John temeu que, se aquele dia realmente chegasse, a antecipação e suas expectativas acabariam arruinando o momento. Ele se lembrou da série de advogados que ele assistia com Denny quando ambos tinham tempo. O advogado bonitão tinha uma química excelente com a secretária dele nas primeiras temporadas, mas os roteiristas acabaram enrolando tanto durante a construção do romance que, quando eles finalmente ficaram juntos, John não sentiu que suas expectativas haviam sido atingidas. Ele ficou feliz com o casal, obviamente, mas ele esperava mais.

Com Brianna, havia sido exatamente o oposto. Ele esperava muitas coisas, mas nem mesmo sua imaginação fértil o preparou para a sensação avassaladora que se espalhou pelas suas veias como um surto de adrenalina e tensão sexual. A forma como cada parte do corpo deles pareceu se encaixar, um contra o outro, como se tivesse sido feitos sobre medida. Eles diziam muito um para o outro sem... dizer muito. Nenhum idioma transmite uma mensagem tão claramente quanto a linguagem corporal e, como ele havia percebido durante aquele beijo, seus corpos tinham muito o que dizer um para o outro. Mas, com ou sem aquela conversa, John não fazia ideia do que existia entre eles.

Estarei livre ao meio dia. Me diga quando e onde :)

Ele encontrou Fergus em frente ao hotel Parker New York, no horário combinado. O dia estava nublado e relativamente frio, anunciando a chegada dos últimos meses do ano. Ele havia tentado não se arrumar demais — embora a jaqueta jeans escura, o suéter de gola alta e suas botas novas fossem uma demonstração clara do quanto ele havia falhado miseravelmente naquela tarefa —, mas não havia como negar que a situação toda o deixava muito desconfortável e, de certa forma, ansioso. Já fazia alguns anos desde que ele descobrira a banda de Fergus no meio das playlists recomendadas pelo Spotify. Foi amor à primeira ouvida. John simplesmente não estava acostumado a encontrar — e conversar — com artistas que ele admirava, mesmo ali em Nova York. Era quase como se aquelas pessoas que ele admirava fossem boas demais para viver na mesma dimensão que ele, um mero mortal. O que Brianna havia dito? Fangirl? Sim, se alguém procurasse a definição daquela palavra no Urban Dictionary, provavelmente encontraria uma foto dele ali. Deus, John nem queria imaginar o que aconteceria com ele se um dia encontrasse Taylor Swift. Quais as chances de alguém entrar em combustão espontaneamente?

— Obrigado por pensar no meu bolso — comentou ele, ajeitando os óculos na ponte do nariz antes de olhar para o prédio. — Tenho certeza de que posso me prostituir para pagar um copo de água aqui.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListOnde as histórias ganham vida. Descobre agora