21. CONSEQUÊNCIAS EMOCIONAIS E REVELAÇÕES

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BRIANNA


Todo o discurso de John sobre ninguém ser capaz de viver a vida por eles e não esperar para fazer as coisas que tinha vontade teria sido muito mais inspirador se ele não tivesse ficado doente horas depois.

Brianna não poderia dizer que tinha ficado realmente surpresa, afinal, foi por aquele motivo que ela se conteve, mordendo o lábio e observando-o, mesmo que estivesse morrendo de vontade de tirar as roupas e juntar-se a ele no mar, deixando-o fazer o que quisesse com ela. Em vez disso, ela permitiu que ele vivesse seu momento de idiotice para sentir-se realizado, mesmo que ainda acreditasse na possibilidade de ele morrer congelado. Ela aproveitou os minutos sozinha para finalmente refletir sobre o que havia acontecido.

Ela estava casada. Era a esposa de alguém.

Bem, ela certamente não se sentia casada. Anos depois de viver na sombra do relacionamento dos pais, sentindo-se uma coadjuvante na história deles durante a sua vida inteira, ela sabia do peso do sagrado matrimônio. Brianna nunca foi o tipo de garota que sonhava com um casamento luxuoso de princesa (talvez porque sempre tivesse se sentido insegura em relação ao assunto, pensando que nunca poderia encontrar aquele "amor de cinema" como seus pais tinham), mas quando ela se permitia pensar no assunto – quando se permitia acreditar que um dia amaria e seria amada por alguém o suficiente para unirem suas vidas e celebrarem seu amor – gostava de imaginar uma cerimônia pequena, mas elegante. Gostava de imaginar que Mamãe estaria no altar junto com o noivo – cujo rosto nunca aparecia quando Bree tinha esses devaneios – esperando por ela enquanto Pa a entregaria, com um sorriso orgulhoso no rosto. Nada muito tradicional – mas também mantendo alguns clichês.

De qualquer forma, essa fantasia não poderia passar mais longe da verdade. Para começo de conversa, seus pais não sabiam (e, se dependesse dela, nunca precisariam saber). A cerimônia havia sido corriqueira e apressada, sem emoção – o que não impediu que o coração dela estivesse acelerado do início ao fim, mesmo que a habilidade dela de encobrir suas emoções tivesse permitido que ela passasse como tranquila e despreocupada o tempo inteiro. Brianna não havia usado um vestido chique e caro. John não estava usando terno. Aliás, eles estavam muito menos arrumados do que vários casais ali, que pareciam olhar para eles com ressentimento por parecerem bonitos mesmo sem se esforçar para isso.

Ainda assim, ela não tinha dúvidas de que faria tudo de novo se fosse preciso.

A situação toda era atípica e as motivações para aquele casamento não eram exatamente legais, embora ela fosse fazer tudo que estivesse ao seu alcance para esconder isso quando o dia da entrevista chegasse. No entanto, Brianna não estava assustada. Ela sabia que deveria estar. Não conseguia decidir se a razão para a tranquilidade com a qual estava lidando com seu casamento era porque suas melhores amigas e seu irmão estiveram lá para apoiá-la (certo, Fergus não estava exatamente apoiando, mas ainda assim) ou simplesmente porque havia se casado com John.

Ah, claro. Quem ela queria enganar? Obviamente era a segunda opção.

Pensar naquilo a deixava confusa – e sentir-se confusa com certeza estava entre a lista de coisas que Brianna mais odiava. Nada fazia sentido, nada parecia lógico. Ela tentava ser racional na maior parte do tempo e para tomar a maioria de suas decisões, então era assustador pensar que, normalmente, ela jamais faria aquilo, e certamente não faria aquilo com nenhum dos homens com quem havia se envolvido antes. Entretanto, com John, ela não se arrependia de nada. E não sabia o porquê.

Outra coisa que Brianna odiava: não saber as coisas. Era por isso que ela era uma cientista, por isso gostava de números. Sempre havia uma resposta certa, exata. Seres humanos eram infinitamente mais complicados – dentre eles, talvez ela fosse a pior.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListOnde as histórias ganham vida. Descobre agora