8. SOBRE HOMENS E TERNOS

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JOHN


O dia do grande evento beneficente na River Run Gallery começou como qualquer outro, sem nenhum indício do caos que estava por vir. John acordou no sábado de manhã, mais cedo do que o normal, e saiu para caminhar pelo bairro. Ele não era obcecado por exercícios — embora manter o corpo em forma exigisse certos cuidados —, mas acreditava que a liberação de endorfina tinha um forte impacto positivo em seu nervosismo e, naquele momento, ele estava bem perto de ter colapso. Apesar do sentimento ligeiramente sufocante, ele não sabia dizer se a causa era o tamanho e importância do evento — somado com o que isso representava para o futuro da sua carreira — ou a perspectiva de ser o acompanhante de Brianna.

Ele havia pensado em levar Willie para dar uma volta, mas, depois de quase perder os dedos para o demônio de pelos castanho-escuros, decidiu que seria uma boa ideia usar aquele tempo para organizar as ideias. Jocasta Cameron havia lhe jogado um colete salva-vidas sem ao menos saber o quão desesperadamente ele precisava de um. John havia, contra a vontade de Denny, se oferecido para ajudar Brianna com os detalhes da exposição que ela havia planejado e recebera uma boa quantia em dinheiro pelo retrato que fizera dela. Seu primeiro instinto fora recusar imediatamente, o que gerou o começo de um protesto vindo de Brianna que foi interrompido por sua tia-avó.

— Eu não te pedi um favor — sra. Cameron dissera, quando se recusou a pegar o cheque que ela lhe oferecia. — Você me prestou um serviço. Além do mais, minha sobrinha vai ser ser o foco da noite e você, como acompanhante dela, precisará estar vestido de acordo.

Ele ignorou a alfinetada implícita naquele comentário aparentemente inofensivo e deu uma olhadela para seus jeans desbotados, se sentindo um pouco constrangido.

De fato, o dinheiro de Jocasta fora suficiente para que ele conseguisse reunir os irmãos Hunter para ajudá-lo na importantíssima tarefa de encontrar um terno que o fizesse parecer respeitável e cheio de potencial. Denzell, como de praxe, achou tudo aquilo uma péssima ideia.

— Você tem noção de que esse negócio vai estar cheio de jornalistas, certo? — questionou ele, arqueando uma sobrancelha. — Você vai acompanhar a sobrinha-neta da dona da galeria, todo mundo lá vai estar querendo falar com ela.

— É a oportunidade perfeita — retrucou Rachel Hunter, revirando os olhos ao lado do irmão.

Os Hunter raramente discordavam de alguma coisa, mas, quando isso acontecia, Rachel costumava ter os melhores argumentos. Denzell era alguns anos mais velho do que a irmã mais nova, mas ambos eram extremamente parecidos física e intelectualmente. Os dois possuíam os olhos em um tom mais escuro de castanho-esverdeado, pele negra brilhante e aquela expressão determinada de quem poderia facilmente vencer uma competição com a força do ódio. Nenhum dos dois tinha muito dinheiro, mas eles lutaram bastante para conseguir suas vagas nas melhores universidades de Nova York e John tinha certeza de que todo o esforço deles seria recompensado um dia.

— Ele pode ser preso, Rachel — replicou Denny, parecendo cansado de constatar o óbvio. — Você, melhor do que ninguém, sabe como o mundo se alimenta de fofocas.

— Ele não é ninguém, Denny. Desculpe, John — acrescentou ela, fazendo uma careta antes de continuar. — As pessoas vão, sim, se perguntar quem é o gostosão seguindo a sobrinha da dona da galeria com essa carinha de cachorro que caiu da mudança, mas esse evento vai reunir pessoas relevantes de várias áreas artísticas e eu tenho certeza de que ninguém vai se importar com quem diabos é John Grey. Uma das minhas professoras, Hayley Hudson, vai estar lá cobrindo o evento para blog dela. Eu queria tanto que ela me chamasse para ajudar.

{PT} Brianna and John's Things-to-Do ListWhere stories live. Discover now